Vittis https://www.vittis.com.br O melhor lugar para aprender sobre uva Sun, 28 Feb 2021 22:04:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.6.1 O que Um Fisiologista Com Mais De 40 Anos De Experiência Pode Nos Ensinar Sobre O Uso De Biorreguladores Em Hortaliças E Frutas https://www.vittis.com.br/2021/02/28/o-que-um-fisiologista-com-mais-de-40-anos-de-experiencia-pode-nos-ensinar-sobre-o-uso-de-biorreguladores-em-hortalicas-e-frutas/ Sun, 28 Feb 2021 14:25:59 +0000 https://www.vittis.com.br/?p=1813 O prof. Dr. João Domingos Rodrigues é professor titular em Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual Paulista – UNESP em Botucatu. O professor Mingo atua em pesquisas com ênfase em Fisiologia Vegetal e Fisiologia da Produção Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: relações hídricas, fotossíntese, desenvolvimento, reguladores e hormônios vegetais, fisiologia vegetal e fisiologia pós-colheita. O professor Mingo foi e é um grande mentor em minha jornada como cientista. Sua participação foi fundamental para que eu não fizesse um mestrado logo que terminei a faculdade, e iniciasse minha vida profissional como agrônoma.  Seus conselhos sempre contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional.  Formação: graduação em Agronomia pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (1969), graduação em Licenciatura em Ciências Agronômicas pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (1971), Doutorado em Ciências (PhD) pela UNESP – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1974), Livre-Docência pela UNESP- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990) e Professor Titular (Full Professor) em Fisiologia Vegetal da UNESP- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998).  Recentes pesquisas apontam que biorreguladores aumentam a produtividade e qualidade de frutas e hortaliças. Os desafios da agricultura moderna por maior produtividade e melhor qualidade dos frutos têm demandado estudos de novas tecnologias nas diversas frentes de pesquisa como o melhoramento genético, a biotecnologia, a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas, a proteção dos cultivos contra pragas, doenças e a matocompetição.   Além disso, o estudo de biorreguladores busca elevar o potencial produtivo e minimizar os fatores limitantes e restritivos da produção agrícola, que muitas vezes requerem muito tempo de resposta e elevados investimentos para obter-se soluções viáveis. O manejo adequado de biorreguladores também contribui com respostas produtivas, tanto no aumento da produtividade como no manejo da colheita, focado em elevar o valor econômico dos frutos. O que são  os biorreguladores, e como atuam? Biorreguladores ou hormônios vegetais são compostos orgânicos não nutrientes, de ocorrência natural, produzidos na planta, que, em baixas concentrações, promovem, inibem ou modificam processos fisiológicos do vegetal.  Essas substâncias químicas, que não são elementos minerais, estão presentes em todos os vegetais. Mas, como os hormônios, mensageiros químicos entre uma célula e outra, podem beneficiar a produção de hortaliças e frutas? Qual a praticabilidade dos biorreguladores para a nossa agricultura atual? Vale a pena investir neles? Para responder estas respostas e demonstrar de forma objetiva a vasta gama de possibilidades de utilização dos biorreguladores, inicialmente faz-se necessário definirmos alguns conceitos, como os dos grupos hormonais e de reguladores vegetais hoje existentes . Estes são substâncias sintéticas que, aplicadas sobre as plantas, possuem ações similares aos hormônios vegetais e conforme o seu emprego, afetam os balanços hormonais naturais. Além dos cinco principais grupos hormonais: auxinas (AX), giberelinas (GA), citocininas (CK), etileno (ET) e o ácido abscísico (ABA) considera-se também a existência de hormônios vegetais esteroides, os brassinosteróides (BR), e outras substâncias vegetais como os salicilatos (SA), jasmonatos (JA) e poliaminas (PA). Entre parênteses está a sigla internacional pela qual estes grupos são conhecidos. No artigo Os 3 Segredos De Como Colher Uva Com Alta Qualidade, publicado neste blog na edição de 10/06/2020, você pode encontrar mais informações sobre a atuação de alguns desses biorreguladores envolvidos em processos fisiológicos da videira. Como os biorreguladores atuam em processos fisiológicos? Cada grupo hormonal participa de diferentes processos fisiológicos das plantas ao longo de todo o seu ciclo, desde a germinação e brotação até o amadurecimento dos frutos na colheita. Muitas vezes as respostas fisiológicas são consequência de alterações na relação entre diferentes hormônios vegetais, e não especificamente da ação individual de um deles. As concentrações dos hormônios vegetais mudam ao longo do ciclo da planta, permitindo assim diferentes relações ou balanços entre si, que são determinantes para promover as mudanças fisiológicas dessa planta, tanto na sua fase vegetativa como na fase reprodutiva. Os  biorreguladores podem ser aplicados diretamente nas plantas (folhas, frutos, caules e sementes), provocando alterações nos processos vitais e estruturais com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita, mesmo sob condições ambientais adversas. Lembrete dos principais grupos hormonais e suas funções na planta: Auxinas: crescimento, formação tecido vascular, estresse Citocininas: divisão celular, fotossíntese, diferenciação, estresse Giberelinas: alongamento celular, germinação Etileno: crescimento, abscisão, maturação, estresse Ácido abscísico: déficit hídrico, desenvolvimento, estresse Jasmonatos: estresse biótico e abiótico, resistência patógenos Salicilatos: estresse, resistência sistêmica adquirida (SAR) Brassinosteróides: alongamento celular, diferenciação celular Poliaminas: crescimento, divisão celular, estresse biótico e abiótico Tipos disponíveis de biorreguladores para a agricultura Existem vários produtos comerciais que representam os principais grupos de biorreguladores de forma isolada ou mesmo em combinações de vários grupos na mesma mistura. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui legislação específica de registro dos reguladores vegetais, lembrando que o registro do produto autoriza o uso comercial do regulador vegetal nas culturas indicadas em rótulo, reconhecendo os seus efeitos quando utilizado no momento e doses recomendadas. Assim, diversos tipos de biorreguladores estão disponíveis para a agricultura, podendo ser comercializados como grupo hormonal específico ou também como um combinado contendo mais de um grupo hormonal. Dos produtos disponíveis para a agricultura, destacam-se: auxinas como o ácido indol butírico (IBA), ácido naftalenoacético (NAA) e 2,4 – diclorofenoxiacético (2,4 D) citocininas como 6-benzilamino purina (BA) e cinetina (Kt) giberelina (GA3) ácido-2-cloroetil-fosfônico (Ethephon) ácido abscísico (ABA) ácido salicílico (SA)  paclobutrazol (PBZ) Além destes, têm-se as substâncias que inibem a síntese do etileno, como AVG (aminoetoxivinilglicina) e substâncias que antagonizam o efeito de etileno, como o 1-metilciclopropeno (1-MCP), entre outros produtos que já estão disponíveis para a agricultura. Culturas beneficiadas com os biorreguladores vegetais Os cultivos mais tradicionais para emprego de reguladores vegetais têm sido as frutíferas e hortaliças, onde há reconhecimento financeiro sobre a melhoria na qualidade dos seus frutos, seja em tamanho dos frutos mais adequado ou uniformidade da maturação e coloração.  Algumas vezes o uso de reguladores vegetais pode ser necessário para complementar os processos fisiológicos naturais de frutíferas, como nas culturas da maçã e da uva, que necessitam de acúmulo de horas...

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João Domingos

O prof. Dr. João Domingos Rodrigues é professor titular em Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual Paulista – UNESP em Botucatu. O professor Mingo atua em pesquisas com ênfase em Fisiologia Vegetal e Fisiologia da Produção Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: relações hídricas, fotossíntese, desenvolvimento, reguladores e hormônios vegetais, fisiologia vegetal e fisiologia pós-colheita.

O professor Mingo foi e é um grande mentor em minha jornada como cientista. Sua participação foi fundamental para que eu não fizesse um mestrado logo que terminei a faculdade, e iniciasse minha vida profissional como agrônoma.  Seus conselhos sempre contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional. 

Formação: graduação em Agronomia pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (1969), graduação em Licenciatura em Ciências Agronômicas pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (1971), Doutorado em Ciências (PhD) pela UNESP – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1974), Livre-Docência pela UNESP- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990) e Professor Titular (Full Professor) em Fisiologia Vegetal da UNESP- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998). 

Recentes pesquisas apontam que biorreguladores aumentam a produtividade e qualidade de frutas e hortaliças.

Os desafios da agricultura moderna por maior produtividade e melhor qualidade dos frutos têm demandado estudos de novas tecnologias nas diversas frentes de pesquisa como o melhoramento genético, a biotecnologia, a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas, a proteção dos cultivos contra pragas, doenças e a matocompetição.  

Além disso, o estudo de biorreguladores busca elevar o potencial produtivo e minimizar os fatores limitantes e restritivos da produção agrícola, que muitas vezes requerem muito tempo de resposta e elevados investimentos para obter-se soluções viáveis.

O manejo adequado de biorreguladores também contribui com respostas produtivas, tanto no aumento da produtividade como no manejo da colheita, focado em elevar o valor econômico dos frutos.

O que são  os biorreguladores, e como atuam?

Biorreguladores ou hormônios vegetais são compostos orgânicos não nutrientes, de ocorrência natural, produzidos na planta, que, em baixas concentrações, promovem, inibem ou modificam processos fisiológicos do vegetal. 

Essas substâncias químicas, que não são elementos minerais, estão presentes em todos os vegetais. Mas, como os hormônios, mensageiros químicos entre uma célula e outra, podem beneficiar a produção de hortaliças e frutas? Qual a praticabilidade dos biorreguladores para a nossa agricultura atual?

Vale a pena investir neles? Para responder estas respostas e demonstrar de forma objetiva a vasta gama de possibilidades de utilização dos biorreguladores, inicialmente faz-se necessário definirmos alguns conceitos, como os dos grupos hormonais e de reguladores vegetais hoje existentes . Estes são substâncias sintéticas que, aplicadas sobre as plantas, possuem ações similares aos hormônios vegetais e conforme o seu emprego, afetam os balanços hormonais naturais.

Além dos cinco principais grupos hormonais: auxinas (AX), giberelinas (GA), citocininas (CK), etileno (ET) e o ácido abscísico (ABA) considera-se também a existência de hormônios vegetais esteroides, os brassinosteróides (BR), e outras substâncias vegetais como os salicilatos (SA), jasmonatos (JA) e poliaminas (PA). Entre parênteses está a sigla internacional pela qual estes grupos são conhecidos.

No artigo Os 3 Segredos De Como Colher Uva Com Alta Qualidade, publicado neste blog na edição de 10/06/2020, você pode encontrar mais informações sobre a atuação de alguns desses biorreguladores envolvidos em processos fisiológicos da videira.

Como os biorreguladores atuam em processos fisiológicos?

Cada grupo hormonal participa de diferentes processos fisiológicos das plantas ao longo de todo o seu ciclo, desde a germinação e brotação até o amadurecimento dos frutos na colheita. Muitas vezes as respostas fisiológicas são consequência de alterações na relação entre diferentes hormônios vegetais, e não especificamente da ação individual de um deles. As concentrações dos hormônios vegetais mudam ao longo do ciclo da planta, permitindo assim diferentes relações ou balanços entre si, que são determinantes para promover as mudanças fisiológicas dessa planta, tanto na sua fase vegetativa como na fase reprodutiva.

Os  biorreguladores podem ser aplicados diretamente nas plantas (folhas, frutos, caules e sementes), provocando alterações nos processos vitais e estruturais com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita, mesmo sob condições ambientais adversas.

Lembrete dos principais grupos hormonais e suas funções na planta:

  • Auxinas: crescimento, formação tecido vascular, estresse
  • Citocininas: divisão celular, fotossíntese, diferenciação, estresse
  • Giberelinas: alongamento celular, germinação
  • Etileno: crescimento, abscisão, maturação, estresse
  • Ácido abscísico: déficit hídrico, desenvolvimento, estresse
  • Jasmonatos: estresse biótico e abiótico, resistência patógenos
  • Salicilatos: estresse, resistência sistêmica adquirida (SAR)
  • Brassinosteróides: alongamento celular, diferenciação celular
  • Poliaminas: crescimento, divisão celular, estresse biótico e abiótico

Tipos disponíveis de biorreguladores para a agricultura

Existem vários produtos comerciais que representam os principais grupos de biorreguladores de forma isolada ou mesmo em combinações de vários grupos na mesma mistura. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui legislação específica de registro dos reguladores vegetais, lembrando que o registro do produto autoriza o uso comercial do regulador vegetal nas culturas indicadas em rótulo, reconhecendo os seus efeitos quando utilizado no momento e doses recomendadas.

Assim, diversos tipos de biorreguladores estão disponíveis para a agricultura, podendo ser comercializados como grupo hormonal específico ou também como um combinado contendo mais de um grupo hormonal. Dos produtos disponíveis para a agricultura, destacam-se:

  • auxinas como o ácido indol butírico (IBA), ácido naftalenoacético (NAA) e 2,4 – diclorofenoxiacético (2,4 D)
  • citocininas como 6-benzilamino purina (BA) e cinetina (Kt)
  • giberelina (GA3)
  • ácido-2-cloroetil-fosfônico (Ethephon)
  • ácido abscísico (ABA)
  • ácido salicílico (SA) 
  • paclobutrazol (PBZ)

Além destes, têm-se as substâncias que inibem a síntese do etileno, como AVG (aminoetoxivinilglicina) e substâncias que antagonizam o efeito de etileno, como o 1-metilciclopropeno (1-MCP), entre outros produtos que já estão disponíveis para a agricultura.

Culturas beneficiadas com os biorreguladores vegetais

Os cultivos mais tradicionais para emprego de reguladores vegetais têm sido as frutíferas e hortaliças, onde há reconhecimento financeiro sobre a melhoria na qualidade dos seus frutos, seja em tamanho dos frutos mais adequado ou uniformidade da maturação e coloração. 

Algumas vezes o uso de reguladores vegetais pode ser necessário para complementar os processos fisiológicos naturais de frutíferas, como nas culturas da maçã e da uva, que necessitam de acúmulo de horas de frio para a quebra da sua dormência e iniciar a fase de brotação das suas gemas. 

O uso de reguladores vegetais pode melhorar a qualidade desta passagem de fases da planta, principalmente quando o ano não teve um inverno suficientemente frio, substituindo as baixas temperaturas naturais. A oferta e utilização de reguladores vegetais tem sido crescente no mercado brasileiro, procurando gerar ganhos em produtividade nas culturas. 

Pode-se destacar o uso de reguladores vegetais na cultura do algodoeiro em quase toda a área plantada. Os maturadores de cana-de-açúcar também estão presentes em mais de 30% da área plantada (Spark 2019). Mais recentemente, se tem este manejo de produtividade para as culturas extensivas de soja e milho, onde a adoção de reguladores já é estimada em mais de 10% da sua área plantada.  

Logo, podemos incluir diversas culturas que são beneficiadas pela aplicação de biorreguladores, mas essa gama poderia ser ainda maior, haja vista que todos os vegetais, até os mais simples, possuem hormônios.

Com o crescente consumo de biorreguladores na agricultura, criou-se o Simpósio Internacional de Biorreguladores Vegetais na Produção de Frutas, evento 100% dedicado para discutir esse assunto. Em 2021 esse simpósio seria na Itália.

Quando o resultado é positivo

A chave do sucesso reside na questão da aplicação dos biorreguladores, estando relacionado não somente à aplicação deles em si, mas também ao estágio de desenvolvimento da cultura, do ambiente, do material genético (cultivar ou variedade que está sendo plantada), além das práticas agrícolas adotadas.

Mas, especificamente sobre frutas e hortaliças, já se tem resultados significativos no meio técnico e científico da aplicação agrícola de biorreguladores na olericultura em: em : abóbora, alface, aipo, alho, batata, berinjela, cebola, pepino e tomate, e na fruticultura em: abacate, abacaxi, ameixa, azeitona, banana, figo, goiaba, kiwi, laranja, limão, maçã, manga, melancia, melão, mamão, morango, pêssego, pera, citros e uva.

 Vantagens da utilização de biorreguladores

Os reguladores vegetais têm muitos momentos de uso e finalidades distintas ao longo da safra de frutíferas e hortaliças. Nos processos da fase vegetativa, os reguladores vegetais podem atuar em: quebra da dormência, enraizamento de estacas (AX) e ampliação da estrutura da planta e superfície foliar (GA e CK). 

Auxilia na imunidade da planta

Melhorar a imunidade das plantas para sofrer menor impacto ao ataque de doenças é uma funcionalidade associada ao SA. Já o ABA tem papel importante para amenizar efeitos do estresse hídrico e do frio nas plantas, além de atuar melhorando a coloração de frutos coloridos, como uva.

Auxilia na fase vegetativa e reprodutiva

São os biorreguladores que sinalizam o momento da mudança de fase vegetativa para reprodutiva, dando início ao processo da floração (GA, CK e AX). Na formação e início de desenvolvimento dos frutos, os reguladores são empregados para realizar raleio químico (CK em maçã, GA em uva), economizando no custo da mão de obra e com maior seletividade dos frutos rachados.

Na maturação dos frutos podem acelerar a coloração da casca em laranja (ET) para aproveitar a oferta antecipada do fruto no mercado. ABA, em uva, uniformiza a coloração das bagas que tiveram pouca exposição ao sol. Também é possível atrasar a coloração dos frutos (GA em tangerinas e limão) para fugir do pico de colheita. 

O uso de biorreguladores é uma prática muito comum na viticultura durante o ciclo de desenvolvimento da baga. Na figura abaixo você pode ver como esses biorreguladores atuam ao longo do crescimento de bagas (Parada, 2017). Vários estudos têm mostrado um papel importante das auxinas, citocininas e giberelinas nas fases iniciais de desenvolvimento associadas ao processo de divisão celular e frutificação. Na veraison, há um aumento acentuado nos níveis de ácido abscísico, essencial para as alterações fisiológicas associadas ao amadurecimento. Altos níveis de brassinosteróides em veraison e fase III são consistentes com o papel de promoção do amadurecimento para esse hormônio. Além disso, um pico no etileno foi detectado antes da veraison, o que sugere um papel no início desta fase. Recentemente, uma possível participação da sinalização da citocinina na fase III foi relatada, devido aos seus altos níveis na maturação. As alterações no teor de açúcar são representadas na curva roxa, com aumento em torno da veraison e seu máximo em bagas maduras. Veraison é representado por uma linha tracejada.

Representação esquemática do conteúdo hormonal nas fases de desenvolvimento do fruto da uva

Figura 1: Representação esquemática do conteúdo hormonal nas fases de desenvolvimento do fruto da uva. Mudanças nos níveis hormonais são mostradas para auxinas, ácido abscísico, brassinosteróides, etileno, giberelinas e citocininas nas fases I, II e III do desenvolvimento da uva (Imagem traduzida do trabalho de PARADA et al., 2017).

São inibidores de crescimento

A aplicação de AX contribui com o atraso da abscisão de frutos cítricos. Inibidores de ET (como AVG, em maçã) tem papel semelhante da AX, atrasando a abscisão de frutos de maçã no pomar, enquanto o bloqueador de ET, 1-MCP, tem seu principal uso no atraso da maturação dos frutos em pós-colheita.

Além do exposto, não podemos deixar de destacar a alta atividade dos biorreguladores no combate ao estresse de plantas, na destruição e eliminação dos radicais livres, com certeza o mais importante fator de diminuição na produção.

Figura 2. Funções dos biorreguladores no crescimento vegetativo (A) e no crescimento reprodutivo e na senescência (B). Legenda: AX = auxina, CK = citocinina, GA = giberelina, BR = brassinosteróide, ABA = ácido abscísico, ET = etileno, JA = ácido jasmônico. Fonte: Rodrigues, 2008.

Figura 2. Funções dos biorreguladores no crescimento vegetativo (A) e no crescimento reprodutivo e na senescência (B). Legenda: AX = auxina, CK = citocinina, GA = giberelina, BR = brassinosteróide, ABA = ácido abscísico, ET = etileno, JA = ácido jasmônico. Fonte: Rodrigues, 2008.

Logo, no meio agrícola os biorreguladores servem como ferramenta para o produtor que deseja desde uniformizar o enraizamento de estacas ou mesmo de enxertos, melhorar a uniformidade de germinação de determinado lote de sementes, acelerar a brotação de batata-sementes, aumentar o período de vida fotossinteticamente ativa das folhas, melhorar o pegamento de flores e frutos, alterar o momento da colheita, afim de que seja realizada num período de maior viabilidade econômica para o produtor e até mesmo aumentar o tempo de prateleira das frutas e hortaliças, ou uniformizar o amadurecimento de frutos. 

Os biorreguladores e a produtividade

As múltiplas oportunidades de uso de reguladores vegetais em frutíferas e hortaliças podem ajudar o produtor rural na condução da sua cultura, ajustando a sua produção às tendências mercadológicas dentro de uma faixa mais ampla que os demais tratos culturais permitem. Com relação à qualidade e produtividade de hortaliças e frutas, podemos destacar a aplicação de biorreguladores contendo auxinas, aumentando o tamanho de citros e morangos; giberelinas, aumentando o tamanho das bagas e o comprimento de engaços de uvas, ou mesmo modificando o tamanho do melão, por exemplo, sem deixarmos de destacar o efeito das citocininas.

A giberelina é comumente usada na cultura da uva para aumentar o tamanho da baga e melhorar a aparência do acho. Confira mais sobre os efeitos da giberelina nesse artigo Como Aumentar O Tamanho Da Baga Da Uva Aplicando Ácido Giberélico.

Uso de GA3 como fonte de biorregulador para aumentar o tamanho de bagas.

Figura 3. Uso de GA3 como fonte de biorregulador para aumentar o tamanho de bagas.

Ainda no sentido de aumentar a produtividade, a aplicação de biorreguladores favorece o pegamento de flores no tomateiro, aumentando o tamanho do fruto, estimulando e uniformizando a brotação em batata-sementes, promovendo a floração do abacaxizeiro, entre outros benefícios, como evitar a abscisão precoce de frutos em maçã, fatores que vão refletir diretamente no bolso do produtor.

Além disso, o aumento da vida de prateleira, ou seja, a manutenção da pós-colheita de frutos climatéricos, tais como abacate, banana, melão, manga e tomate, e muito mais, se consegue com a aplicação de biorreguladores, como a uniformização de maturação (desverdecimento) de frutos cítricos, que são efeitos importantes dos compostos orgânicos, na qualidade dos hortifrutigranjeiros.

Manejo

O produtor rural tem à sua disposição vários reguladores vegetais que podem ser utilizados como ferramentas no manejo dos diferentes cultivos. O emprego adequado destas soluções requer:

  1. Seleção do produto adequado para a finalidade que se procura obter, 
  2. Momento correto da aplicação do regulador para maximizar o seu efeito no processo fisiológico e 
  3. Utilizar a dose correta do produto e de volume de calda para uma cobertura adequada das plantas. Reguladores vegetais atuam em doses muito baixas, e as plantas podem ser sensíveis às variações na dose aplicada.

Os biorreguladores são compatíveis com vários agroquímicos utilizados na produção de frutas e hortaliças, o que possibilita ao produtor fazer a aplicação conjunta. Entretanto, muitas vezes a aplicação é direcionada para determinadas partes do vegetal, o que poderia contribuir para a diminuição das despesas com esses produtos.

Mas, cabe ao produtor definir o método de aplicação mais vantajoso, sendo que se o uso combinado com demais agroquímicos não afetar a eficácia deles, por que não o fazer?

Manejo de biorreguladores em batatas

Já para as batatas-sementes, é necessário realizar a imersão em água contendo biorreguladores, prática essa que também gera resultados positivos, quando se mergulha sementes de alface, o que diminui o tempo de produção de mudas. No que diz respeito à estaquia, existe disponibilidade no mercado de produtos auxínicos líquidos ou em talco, o que vai determinar quanto tempo a estaca deverá permanecer em contato com o biorregulador.

Manejo de biorreguladores em tomateiros

A aplicação no tomateiro, a fim de evitar a queda de flores, deve ser realizada no início do período de florescimento. Entretanto, a aplicação de biorreguladores do grupo do etileno, com o intuito de promover a floração do abacaxizeiro ou induzir a floração de mais flores femininas em cucurbitáceas, deve ser realizada antes do florescimento, pois o etileno não altera o sexo de flores já formadas, mas induz a gema floral em desenvolvimento a formar flores femininas.

Enfim, o manejo de aplicação dos produtos vai depender da tecnologia disponível na propriedade, do objetivo da aplicação, entre outras características já comentadas, como a questão ambiental e o material genético que está sendo cultivado. Por fim, é importante seguir corretamente a recomendação das empresas produtoras dos reguladores vegetais para obtenção dos melhores resultados.

Cuidados específicos

O emprego de reguladores vegetais apresenta alternativa para o produtor rural buscar maior produtividade e melhor qualidade na sua produção. A disponibilidade de água e nutrientes ao longo do ciclo é essencial para não minimizar ou anular as respostas esperadas dos reguladores vegetais.

Deve-se tomar o cuidado para não perder o momento certo de entrar com a aplicação de biorreguladores, pois o período fisiológico em que o vegetal está é peça fundamental para o sucesso da utilização de hormônios. O efeito do biorregulador também depende da variedade cultivada.

Outro ponto importante que deve ser novamente destacado é sempre seguir a dosagem recomendada pela bula do produto, pois essas doses já foram testadas e tiveram sua eficiência comprovada.

É só pensar no seguinte: “se um mesmo hormônio promove, inibe ou atrasa o crescimento do vegetal, por que é que vou correr o risco de aplicar uma dose que pode inibir o crescimento das minhas alfaces, dos meus tomates, dos meus melões, do meu parreiral? Não esquecer que 2,4-D e dicamba são herbicidas formulados a partir de auxinas sintéticas, quando usados em concentrações elevadas.

Novidades 

Os recentes avanços na qualidade analítica da pesquisa têm revelado muitos processos fisiológicos e a importância dos diversos hormônios vegetais e seus respectivos reguladores vegetais sintéticos. Estas descobertas trazem melhor entendimento dos possíveis manejos que podem ser empregados na condução das lavouras, da correta seleção e utilização de reguladores vegetais e expandem as possibilidades de seu uso em diferentes culturas e buscando novas funcionalidades. 

A indústria produtora também ganha mais impulso com a popularização do uso de reguladores vegetais, para conseguir novos produtos e introduzi-los no mercado. Dessa forma, novos produtos de grupos hormonais ainda não registrados no Brasil deverão ser lançados no futuro, como os brassinosteróides etc., aumentando a gama de oferta ao produtor rural e melhorando ainda mais a condição produtiva da agricultura brasileira. 

Quanto custa?

O preço dos diferentes biorreguladores varia bastante no mercado, mas o benefício da sua aplicação deve justificar o seu custo. Normalmente, o retorno do investimento no emprego de reguladores deve ocorrer dentro da mesma safra – com a comercialização da colheita – obtendo maior valor pela produção total mais elevada ou pelo maior preço individual alcançado pelos frutos produzidos.

O preço médio dos produtos varia de acordo com a qualidade do regulador que se está comprando e da dificuldade de síntese do ativo. Por exemplo, um biorregulador contendo giberelina do grupo mais ativo (GA3) é muito mais caro do que aquelas menos ativa, que são também mais fáceis de sintetizar.

Mas, de maneira geral, o investimento é pago logo na primeira colheita, haja vista que a recomendação de uso do Ethrel, para indução da floração do abacaxizeiro é de 1,0 L por hectare. A mistura de três grupos hormonais (auxina, giberelina e citocinina), disponível comercialmente como Stimulate, oferece seu efeito sinérgico, utilizando-se em média de 100 a 150 mL por 100 L, para induzir maior crescimento e consequente incremento em produtividade de alface; 1,0 L por hectare em citros e 250 mL por hectare em soja, a fim de desempenhar a mesma função.

Outro exemplo pode ser o biorregulador Progibb do grupo das giberelinas, sendo recomendado utilizar cerca de 10 gramas por 100 L de água para induzir a brotação dos tubérculos de batata-semente.

Vale a pena?

Além de considerar a relação normal benefício/custo da aplicação de reguladores vegetais, é importante ter conhecimento sobre as condições gerais da cultura, para não fazer uso de uma ferramenta valiosa em um momento fora do especificado ou que não permita gerar um resultado dentro do esperado. 

Portanto, como já relatado anteriormente, a viabilidade de uso vai depender das condições tecnológicas da propriedade. A capacidade genética do material vegetal que se está trabalhando também é muito importante. Mas, para detalhar de forma clara a viabilidade de uso, podemos utilizar alguns exemplos. A indução da brotação de batatas-sementes vai influenciar significativamente a produtividade da cultura.

Nas condições do nordeste brasileiro, onde atualmente se cultivam diversas fruteiras de clima temperado, se utiliza, juntamente com o controle dos níveis da água de irrigação, a aplicação de biorreguladores, no intuito de haver uma produção mais elevada e de alta qualidade – na produção de maçãs, para evitar a queda de frutos, na produção de uvas, para aumentar o tamanho do engaço e das bagas formadas.

Enfim, são vários pontos favoráveis para a utilização de biorreguladores na horticultura e, por que não, na agricultura como um todo, onde o incremento em produtividade não é o único fator de interesse na abordagem desses produtos, pois a maturação uniforme, aumento do período de vida útil ou tempo de prateleira, hortaliças e frutas mais vistosas, agregam valor ao produto, o que praticamente torna obrigatório e viável a utilização de biorreguladores.

Finalizando, temos que sempre promover o balanço hormonal adequado para possibilitar o aumento da eficiência das culturas, maximizando a expressão do seu potencial genético.

Trabalhos citados neste artigo:

Parada, F., Espinoza, C., & Arce-Johnson, P. (2017). Phytohormonal Control over the Grapevine Berry Development. Phytohormones-Signaling Mechanisms and Crosstalk in Plant Development and Stress Responses Downloaded, 143-159.

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Como Produzir Cachos De Uva Com Qualidade Através Da Técnica De Raleio De Cacho https://www.vittis.com.br/2020/07/15/como-produzir-cachos-de-uva-com-qualidade-atraves-da-tecnica-de-raleio-de-cacho/ https://www.vittis.com.br/2020/07/15/como-produzir-cachos-de-uva-com-qualidade-atraves-da-tecnica-de-raleio-de-cacho/#respond Wed, 15 Jul 2020 21:34:27 +0000 https://www.vittis.com.br/?p=1488 Lembra daquele ditado que compramos frutas com os olhos? De acordo com uma pesquisa realizada em 2017 pelo Patterns LLC and Beacon Research Solution, aparência da uva interfere 83% na decisão de compra do consumidor. A aparência da fruta é influenciada pelo tamanho da baga, formato, cor e a compactação do cacho. Em algumas regiões produtoras de uva de mesa, produzir cachos de uvas de alta qualidade e com boa aparência são os maiores objetivos de muitos produtores e profissionais envolvidos na produção.  O fruto da videira é formado por bagas que compõem o cacho, sendo classificados pela compactação:  1) muito soltos (muitos pedicelos visíveis); 3) soltos (alguns pedicelos visíveis); 5) intermediários (bagas separadas, bem distribuídas e pedicelos não visíveis); 7) compactos (bagas unidas) ; 9) muito compactos (bagas totalmente unidas).  Figure 1: Classificação da compactação de cachos de uva baseado no O.I.V. 2004 descrito (O.I.V. 2001) e adaptado por Albuquerque, (1999). A descompactação de cachos pode ser modificada através de fatores genéticos e/ou tratos culturais. Nesse artigo irei descrever tudo que você precisa saber sobre a atividade de raleio, ou como descompactar cachos de uva. Quais fatores influenciam a compactação de cachos? A compactação ou número de bagas por cacho é um fator genético, sendo esta característica muito influenciada por fatores ambientais (água, clima, nutrição, vigor da planta e manejo cultural). Assim, algumas variedades produzem cachos soltos naturalmente, enquanto que, outras variedades requerem um “help” (ajuda) extra. A descompactação de cachos pode ser realizada de duas formas: o raleio químico com ácido giberélico (GA3) em combinação com manejo adequado de água e nutrientes durante a pré-floração até o pegamento de fruto ou por meio de métodos manuais. O manejo cultural (excesso ou a remoção de folhas) na fase de florada também interferem na compactação dos cachos, mas esse assunto discutiremos em outro artigo. O raleio de bagas é a atividade que reduz a compactação de cachos. O raleio é um processo simples no qual se retira o excesso de bagas presentes no cacho, promovendo um melhor desenvolvimento das bagas remanescentes devido a redução da competição por espaço e nutrientes. Os tipos de raleio mais utilizados são: Raleio de bagas com as mãos – conhecido como ‘ dedo ou dedinho’ Tesoura (desbaste de bagas) Despenca   Independente do tipo de raleio a ser realizada na área, o alvo dessa atividade é buscar um balanço na relação fonte-dreno na planta, assim como, uma melhor distribuição de bagas, maior crescimento de bagas e um melhor padrão final de qualidade para o consumidor (mercado), isso tudo levando em conta também um melhor custo x resultado para a fazenda. Por que a compactação de cachos é importante? A compactação de cachos está se tornando um dos principais alvos na gestão de tratos culturais em fazendas e para o melhoramento genético das uvas de mesa e de vinho. Assim, visando otimizar custos, os novos programas de melhoramento genético vêm buscando desenvolver variedades com cachos mais longos e descompactados naturalmente.  Na uva de mesa, a atividade de raleio manual representa aproximadamente 30 – 33% do custo de produção, no entanto, esse percentual é influenciado pela cultivar, tipo de raleio (dedo, tesoura ou ‘penca’), habilidade do trabalhador no manuseio da tesoura, e o bônus que pode está atrelado à produtividade. Em uvas de vinho, na grande maioria dos casos, por motivos financeiros não é viável realizar a descompactação de cachos.  O raleio de baga melhora a qualidade final da fruta, proporcionando melhor uniformização de tamanho de bagas, maturação, coloração e crocância.  A compactação do cachos aumenta a suscetibilidade a pragas e doenças A disposição da baga no cacho pode alterar algumas propriedades físicas e fisiológicas, contribuindo para sua maior suscetibilidade a pragas e doenças. Assim, em cachos compactos, as bagas estão mais próxima uma da outra, restringindo o desenvolvimento da cutícula protetora da cera (pruína) e enfraquecendo sua função de barreira do patógeno e a defesa contra organismos indutores de podridão (Herzog, et al., 2015). A compacidade de cachos é um dos principais fatores que afetam a epidemiologia de Botrytis cinerea. Assim como, a podridão azeda que é causada por um grupo de fungos. Figura 2: A compactação de cachos de videira como uma das principais razões para a suscetibilidade de videiras a B. cinerea. Cachos compactos da cultivar ‘Riesling’ (a); mostrando regiões onde as bagas são muito densas (b); e freqüentemente o crescimento de B. cinerea começa nessas regiões como resultado de bagas danificadas (c). Imagem: Tello, 2018. Em condições de molhamento ou longos períodos de alta umidade do ar, as bagas que estão na região mais interna do cacho de cachos compactados tendem a concentrar vapor de água, aumentando o índice de rachaduras de bagas e consequentemente mais podridões dos cachos, pois o líquido ou suco escorrido pelas bagas rachadas servem como fonte de nutriente para o desenvolvimento de diversos fungos. Cachos soltos (com melhor aeração de bagas) e a exposição de bagas ao sol pode ser uma alternativa para reduzir podridões pois as bagas tendem a ser mais resistentes a podridões (Jeandet et al. 1991). Além disso, a eficiência de pulverização contra podridões ou doenças é menor em cachos compactos.  Assim, a incidência de podridões, independente da origem, causam grandes perdas para a indústria da uva e do vinho pela redução direta de rendimento e qualidade. Uvas com altas incidências de podridões apresentam péssima pós-colheita. Em um artigo anterior, eu escrevi como você pode identificar podridão em cachos de uva em sua fazenda. A compactação dos cachos influência na maturação e qualidade da fruta A desuniformização de radiação solar nos cachos de uva afeta o amadurecimento e a composição, ou seja, o sabor da fruta. Cachos mais compactados reduzem a exposição uniforme de bagas à luz solar. Assim, o  amadurecimento e composição de lados dos cachos e bagas que estão sombreados são afetados (Pieri et al. 2016). Em cachos compactos, a heterogeneidade entre bagas aumenta devido à falta de radiação solar em bagas que estão apertadas dentro do cacho, afetando a composição de compostos...

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Lembra daquele ditado que compramos frutas com os olhos? De acordo com uma pesquisa realizada em 2017 pelo Patterns LLC and Beacon Research Solution, aparência da uva interfere 83% na decisão de compra do consumidor. A aparência da fruta é influenciada pelo tamanho da baga, formato, cor e a compactação do cacho. Em algumas regiões produtoras de uva de mesa, produzir cachos de uvas de alta qualidade e com boa aparência são os maiores objetivos de muitos produtores e profissionais envolvidos na produção. 

O fruto da videira é formado por bagas que compõem o cacho, sendo classificados pela compactação:

 1) muito soltos (muitos pedicelos visíveis); 3) soltos (alguns pedicelos visíveis); 5) intermediários (bagas separadas, bem distribuídas e pedicelos não visíveis); 7) compactos (bagas unidas) ; 9) muito compactos (bagas totalmente unidas). 

Figure 1: Classificação da compactação de cachos de uva baseado no O.I.V. 2004 descrito (O.I.V. 2001) e adaptado por Albuquerque, (1999).

A descompactação de cachos pode ser modificada através de fatores genéticos e/ou tratos culturais. Nesse artigo irei descrever tudo que você precisa saber sobre a atividade de raleio, ou como descompactar cachos de uva.

Quais fatores influenciam a compactação de cachos?

A compactação ou número de bagas por cacho é um fator genético, sendo esta característica muito influenciada por fatores ambientais (água, clima, nutrição, vigor da planta e manejo cultural). Assim, algumas variedades produzem cachos soltos naturalmente, enquanto que, outras variedades requerem um “help” (ajuda) extra. A descompactação de cachos pode ser realizada de duas formas: o raleio químico com ácido giberélico (GA3) em combinação com manejo adequado de água e nutrientes durante a pré-floração até o pegamento de fruto ou por meio de métodos manuais. O manejo cultural (excesso ou a remoção de folhas) na fase de florada também interferem na compactação dos cachos, mas esse assunto discutiremos em outro artigo.

O raleio de bagas é a atividade que reduz a compactação de cachos. O raleio é um processo simples no qual se retira o excesso de bagas presentes no cacho, promovendo um melhor desenvolvimento das bagas remanescentes devido a redução da competição por espaço e nutrientes. Os tipos de raleio mais utilizados são:

  • Raleio de bagas com as mãos – conhecido como ‘ dedo ou dedinho’
  • Tesoura (desbaste de bagas)
  • Despenca 

 Independente do tipo de raleio a ser realizada na área, o alvo dessa atividade é buscar um balanço na relação fonte-dreno na planta, assim como, uma melhor distribuição de bagas, maior crescimento de bagas e um melhor padrão final de qualidade para o consumidor (mercado), isso tudo levando em conta também um melhor custo x resultado para a fazenda.

Por que a compactação de cachos é importante?

A compactação de cachos está se tornando um dos principais alvos na gestão de tratos culturais em fazendas e para o melhoramento genético das uvas de mesa e de vinho. Assim, visando otimizar custos, os novos programas de melhoramento genético vêm buscando desenvolver variedades com cachos mais longos e descompactados naturalmente. 

Na uva de mesa, a atividade de raleio manual representa aproximadamente 30 – 33% do custo de produção, no entanto, esse percentual é influenciado pela cultivar, tipo de raleio (dedo, tesoura ou ‘penca’), habilidade do trabalhador no manuseio da tesoura, e o bônus que pode está atrelado à produtividade. Em uvas de vinho, na grande maioria dos casos, por motivos financeiros não é viável realizar a descompactação de cachos. 

O raleio de baga melhora a qualidade final da fruta, proporcionando melhor uniformização de tamanho de bagas, maturação, coloração e crocância. 

A compactação do cachos aumenta a suscetibilidade a pragas e doenças

A disposição da baga no cacho pode alterar algumas propriedades físicas e fisiológicas, contribuindo para sua maior suscetibilidade a pragas e doenças. Assim, em cachos compactos, as bagas estão mais próxima uma da outra, restringindo o desenvolvimento da cutícula protetora da cera (pruína) e enfraquecendo sua função de barreira do patógeno e a defesa contra organismos indutores de podridão (Herzog, et al., 2015). A compacidade de cachos é um dos principais fatores que afetam a epidemiologia de Botrytis cinerea. Assim como, a podridão azeda que é causada por um grupo de fungos.

Imagem de Berry Decay

Figura 2: A compactação de cachos de videira como uma das principais razões para a suscetibilidade de videiras a B. cinerea. Cachos compactos da cultivar ‘Riesling’ (a); mostrando regiões onde as bagas são muito densas (b); e freqüentemente o crescimento de B. cinerea começa nessas regiões como resultado de bagas danificadas (c). Imagem: Tello, 2018.

Em condições de molhamento ou longos períodos de alta umidade do ar, as bagas que estão na região mais interna do cacho de cachos compactados tendem a concentrar vapor de água, aumentando o índice de rachaduras de bagas e consequentemente mais podridões dos cachos, pois o líquido ou suco escorrido pelas bagas rachadas servem como fonte de nutriente para o desenvolvimento de diversos fungos. Cachos soltos (com melhor aeração de bagas) e a exposição de bagas ao sol pode ser uma alternativa para reduzir podridões pois as bagas tendem a ser mais resistentes a podridões (Jeandet et al. 1991).

Além disso, a eficiência de pulverização contra podridões ou doenças é menor em cachos compactos.  Assim, a incidência de podridões, independente da origem, causam grandes perdas para a indústria da uva e do vinho pela redução direta de rendimento e qualidade. Uvas com altas incidências de podridões apresentam péssima pós-colheita. Em um artigo anterior, eu escrevi como você pode identificar podridão em cachos de uva em sua fazenda.

A compactação dos cachos influência na maturação e qualidade da fruta

A desuniformização de radiação solar nos cachos de uva afeta o amadurecimento e a composição, ou seja, o sabor da fruta. Cachos mais compactados reduzem a exposição uniforme de bagas à luz solar. Assim, o  amadurecimento e composição de lados dos cachos e bagas que estão sombreados são afetados (Pieri et al. 2016). Em cachos compactos, a heterogeneidade entre bagas aumenta devido à falta de radiação solar em bagas que estão apertadas dentro do cacho, afetando a composição de compostos fenólicos, ácidos orgânicos, pH do suco, a variação de açúcar e a síntese de taninos, estilbenos, terpenos, carotenóides e metoxipirazinas. Parte dos efeitos da radiação solar é causada pela radiação UV, estimulando diversas rotas metabólicas, resultando na síntese e acúmulo de metabólitos secundários na pele e na polpa de frutos maduros.

A temperatura interna da fruta também é influenciada pela compactação, sendo que bagas individuais aquecem mais em compactação, do que em cachos soltos, este fator pode estar associado com a aeração ineficiente em cachos compactados, que também afeta na baixa taxa de metabolismo.

Por fim, cachos mais compactados apresentam maior dificuldade de completar a coloração de bagas porque a síntese de antocianina é afetada. Por outro lado, cachos expostos à luz solar e soltos tendem a produzir mais antocianinas, apresentar coloração completa e melhor maturação.

Tipos manuais de descompactação de cachos:

Raleio de bagas com as mãos – ‘dedinho’

O raleio de dedinho é uma excelente opção para incrementar o desenvolvimento de baga, já que se retira o excesso de bagas muito cedo, reduzindo a concorrência no cacho e favorecendo o crescimento das bagas remanescentes. No entanto, essa prática, raleio de ‘dedinho’,  requer um bom acompanhamento para minimizar a quebra de ‘penca’ que pode ocorrer durante esta operação devido a diversas condições,  como: variedade, fase fenológica ou estágio da planta, vigor e manejo.

Em algumas variedades, o raleio de ‘dedinho’ não é suficiente para ajustar o número de bagas por cacho no ciclo, neste caso, faz-se um raleio de tesoura próximo aos 56 dias para corrigir alguns cachos que continuaram com excesso de bagas. O raleio de ‘dedinho’ deve ser realizado após a fertilização da baga, quando as bagas estão com no máximo 4 mm de diâmetro. A realização dessa atividade em fase muito tardia pode ocasionar quebra de ‘pencas’ do cacho pois o ráquis(engaço) está mais firme dificultando a retirada das partes do cacho.

Figura 3A: Raleio de ‘dedo ou dedinho’ realizado na variedade Scarlotta Seedless® aos 56 dias após a poda. Fotos: Fábio Gomes

Aprenda no vídeo abaixo como fazer o raleio de ‘dedinho’

Raleio de tesoura

O raleio de tesoura permite trabalhar melhor o cacho, possibilitando “desenhar” o formato final do cacho que buscamos. No entanto, essa atividade tem um custo de operação mais elevado devido ao tempo de execução. Além disso, o trabalhador ao realizar raleio de tesoura precisa ser mais cauteloso para não perfurar as bagas enquanto está trabalhando no cacho.  Raleio de tesoura pode ser realizado após a fertilização da baga, quando as bagas estão com aproximadamente 5 – 7 mm de diâmetro (estágio de ervilha). 

Figura 3B: Raleio de tesoura realizado na variedade Scarlotta Seedless® aos 56 dias após a poda. Fotos: Fábio Gomes

Aprenda no vídeo abaixo como fazer o raleio de tesoura

Raleio de ‘penca’ ou ‘despenca’

O raleio de ‘penca’ ou despenca é um método de raleio simples e rápido que consiste na remoção de partes dos cachos (ráquis). Esse tipo de raleio é muito utilizado em vários regiões produtores de uva de mesa com alto padrão de qualidade, por exemplo: no Vale do São Francisco, Peru, Chile, México, e no USA (apenas em algumas variedades). Essa atividade pode ser realizada de duas formas: 1) retira-se “pencas” alternadas no cacho (Figura 1). 2) retira-se três ou quatros pencas abaixo dos “ombros” superiores (Figura 2).  

A principal vantagem dessa atividade é o rendimento (finalização de mais cachos em menos tempo) e consequentemente, menor custo com mão de obra quando comparada com outros tipos de raleio. Após a finalização da despenca, cada cacho permanece com 80 – 100 bagas (LEÃO, 2010). No entanto, esse número depende da variedade cultivada e do sistema de manejo da fazenda.

A Despenca é uma operação com um bom rendimento e bom custo operacional, mas é necessário um acompanhamento muito eficiente na qualidade, pois ao retirarmos a ‘penca’ errada podemos perder o formato e o padrão de qualidade esperado.

Figura 3C: Raleio de ‘penca ou despenca’ realizado na variedade Scarlotta Seedless® aos 56 dias após a poda. Fotos: Fábio Gomes

Aprenda no vídeo abaixo como fazer o raleio de penca

Qual tempo necessário para ralear um cacho?

Em termos de eficiência de execução, em regiões em que o raleio vem sendo praticado por longo tempo, o rendimento é maior. No VSF, o tempo médio para ralear um cacho de uva varia de 0.2 – 2 minutos (Torres;Pinheiro, 2010). Vale ressaltar que, esse tempo está diretamente associado com a cultivar, ou seja, cultivar que produz cachos compactados (ex: Thompson Seedless), o tempo gasto para finalizar um cacho é muito maior do que uma cultivar de cachos soltos (ex: Sugar Crisp). 

 O tempo gasto também depende do tamanho de bagas. Assim, bagas que estão 11 – 15 mm necessitam de aproximadamente 20% de tempo para fazer a despenca em um cacho (Borges et al., 2015).

Figura 4: Estimativa do tempo gasto para o raleio de bagas da uva ‘BRS Vitória’.

Planejando o raleio de cachos

Após a fertilização ou ‘pegamento’ de frutos ou após seleção de cachos, você deve fazer uma amostragem da área para verificar o número de bagas por cachos. Com esses dados em mão, você deve planejar o raleio de bagas baseado nos critérios na tabela abaixo 1:

Tabela 1: Número de bagas mais utilizado para raleio baseado no peso de baga.

O número de bagas é uma forma de planejar o raleio de bagas. O número de bagas por m2 ou bagas/cm linear também são opções utilizadas como parâmetro na execução do raleio. Esse parâmetro, nº de bagas/mou  bagas/cm linear, vêm sendo utilizados por algumas fazendas no Vale. Com essas metodologias, é possível adaptar a densidade de cachos por planta. Densidade refere-se ao manejo de raleio baseado na características da variedade, mercado/embalagem, mão de obra e manejo da propriedade. Utilizando densidade de cacho, é possível trabalhar com mais cachos curtos (poucas bagas por cacho) na planta, ou reduzir o número de cachos por planta (cachos mais longos e com mais bagas), mas é importante estabelecer um ‘teto limite’ para não sobrecarregar demais as plantas seja com excesso de cachos e/ou bagas.

Aprenda a seguir como realizar o cálculo de densidade de cachos e bagas, para isso vamos utilizar dados ficticios como exemplo: 

Informações necessárias:

  1. Espaçamento da área: 3,5 x 2,5 m
  2. Área de uma planta: 3,5 x 2,5 = 8,75 m²
  3. Peso de baga da variedade: 5 gramas
  4. Produtividade desejada: 25 ton/ha
  5. Número de plantas/hectares(ha): 10.000 m²/ 8,75 m² = 1142 plantas/ha

1. O primeiro passo é encontrar o número de bagas  que atende a produtividade desejada:

25000 kg/ha (produtividade) ÷ 0,005 kg (peso da baga em kg) = 5.000.000 bagas/ha

2. Considerando o espaçamento de 8,75 m² por planta, 1142 plantas/ha; 

Então dividindo as 5.000.000 bagas por 1142 plantas, encontramos que devemos ter 4380 bagas/planta aproximadamente;

3. Em seguida é somente definir a densidade por metro quadrado:

                                 1 planta ————– 4380 bagas

                                 1 planta ————– 8,75 m²

              4380 bagas ÷ 8,75 m² = 500 bagas/m²

Significa que para essa condição do exemplo, ao definir o teto de 500 bagas/m² estaremos projetando a uma produtividade final de 25 ton/ha. Utilizando o exemplo que fizemos, você pode fazer esses mesmos cálculos para determinar o número de cachos/planta que atende a produção desejada, além disso, você pode simular a densidades de cachos por variedades com diferentes pesos de cachos e de bagas.

Essa definição de um teto ou limite é importante, pois como mencionado anteriormente, evita que haja excesso de carga nas plantas e com isso redução da qualidade  final da fruta. Além disso, você pode usar esse parâmetro para verificar se o raleio está adequado, com o número de bagas que realmente é necessário para alcançar boas produções, permitindo inclusive uma melhor fiscalização da qualidade do raleio no campo.

Quando realizar o raleio de bagas?

Dedinho: na semana de 35, bagas com tamanho > 4mm.

Despenca: na semana de 42 dias após a poda, bagas com tamanho de 5 – 7mm

Tesoura: na semana de 42 dias após a poda, bagas com tamanho de 5 – 7mm

Em todas as três opções algumas variáveis podem acelerar ou antecipar essa fase (variedade, vigor, estado nutricional da planta e clima)

Critérios para avaliar a qualidade da atividade

  • Qualificação do trabalhador
  • Histórico da peso de cacho por variedade. Caso não tenha essa informação, veja a tabela 2 como referência.
  • Tamanho de cachos. Cachos pequenos requerem mais tempo para finalizar essa atividade
  • Número de cachos antes e após a atividade

De olho nos resultados de pesquisa: Despenca de bagas na variedade ‘Brs Vitória’ 

Este trabalho foi conduzido pelo mestre em Fitotecnia, Wellington Borges para avaliar o efeito de raleio na variedade ‘BRS Vitória’ enxertada em ‘IAC 766 Campinas’ por duas safras (2015 e 2016) no município de Marialva, Paraná, Brazil . O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, seis tratamentos e com quatro repetições, sendo cada parcela composta por duas videiras. Os tratamentos de despenca foram realizados quando as bagas tinham: 1) 3 – 6, 2) 7 – 10, 3) 11 – 15 4)16 – 18 mm de diâmetro. A despenca  foi realizada conforme o esquema abaixo.

Figura 5: Esquema de raleio desenvolvido por Mashima et at., 2015 e utilizado no trabalho Welington Borges para atividade de despenca. Os traços em vermelhos representam o rachis ou ‘penca’ que foram retiradas do cacho.

Baseado em análises estatísticas os pesquisadores concluíram que o raleio de bagas quando as de ‘BRS Vitória’ têm entre 7 e 18 mm de diâmetro é eficiente para reduzir a compactação do cacho, pois resulta em cachos mais soltos e com melhor qualidade. Além disso, nessa fase o rendimento da atividade é mais alto do que quando as bagas apresentam tamanhos superiores a >15 mm de diâmetro. 

Figura 6: Cachos da uva ‘BRS Vitória’ submetidos a diferentes tratamentos de raleio.

Qual a melhor tipo de raleio para a videira?

Depende! O ideal é você avaliar qual tipo de raleio é mais adequado para a variedade cultivada, levando em consideração o formato dos cachos, o tamanho e peso das bagas, e a disponibilidade de mão de obra. O consultor em viticultura, Fábio Gomes, recomenda o raleio de ‘dedo’ para seus clientes pois esta “é uma operação muito ágil, com alto rendimento e proporciona melhor desenvolvimento do cacho devido à eliminação da concorrência de bagas desde muito cedo”. No entanto, o Fábio ressalta que essa atividade requer bastante cautela na execução, uma vez que a má execução pode comprometer o resultado esperado.

Em variedades em que se tem a opção de realizar as três atividades, recomenda-se realizar o ‘dedinho’ pois essa atividade garante um bom rendimento com baixo custo operacional para o produtor. 

Desponte de cachos

O desponte de cachos é indicado apenas para variedades que naturalmente produzem cachos grandes e soltos. Essa atividade é realizada após a aplicação de giberelina de alongamento de inflorescência quando as bagas estão com 2 – 3 mm de diâmetro, remove-se a uma parte inferior do ráquis de cada cacho. Devemos retirar a parte inferior do cacho pois geralmente essa parte é mais compactada, e as bagas amadurecem mais tarde do que as bagas na parte superior do cacho. O desponte promove o desenvolvimento dos ‘ombros’ do cacho através da eliminação da dominância apical. Assim, o resultado final são cachos menos compactos, mais fáceis de embalar, aumentando o rendimento de embalagem no packhouse. No VSF, os cachos são despontados com 15 – 16 cm, dependo da variedade. No geral, essa atividade é realizada antes do raleio.

Em algumas fazendas na África do Sul, Peru e Chile, produtores utilizam um desponte mais curto em algumas variedades, por exemplo, Sweet Globe, Sweet Jubilee, Sweet Celebration e Red Globe. Assim, elimina-se quase a metade do cacho deixando 5 – 6 ráquis ou ‘pencas’ por cacho.

Figura 7: Esquemama de desponte de cacho proposto por Herrera (2002)

 

Figura 8: Foto da fruta no momento da colheita. Fotos: De Witt Kamfer

Considerações finais:

De modo geral, os três tipos de raleio buscam um melhor padrão de crescimento de bagas, eliminação da concorrência e ganho na qualidade final, além de contribuir de forma muito significante no controle fitossanitário já que promove uma melhor condição para entrada das pulverizações. 

Fun fact: O raleio de cachos é uma atividade “pink”?

Se hoje temos direito a consumir cachos de uvas com alto padrão de qualidade, deveríamos agradecer as inúmeras mulheres que dedicam seu tempo nessa atividade. Curiosamente, na atividade de raleio, “não existem trabalhadores do sexo masculino sob o argumento de que as mulheres são mais criteriosas durante a seleção das bagas” (Santos, 2014). 

Reconhecimento:

Nós do Vittis agradecemos a colaboração do Fábio Gomes (Brs Consultória) e Ugo Rodrigues na elaboração deste artigo. A participação de vocês foram indispensáveis na construção desse belíssimo artigo.

Caso você tenha interesse em desenvolver artigo conosco, mande um email atraves dessa página.

Referências:

Borges, W. S. Descompactação dos cachos da uva sem semente ‘Brs Vitória’. 2015. 47p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014.

Herzog, K., Wind, R., & Töpfer, R. (2015). Impedance of the grape berry cuticle as a novel phenotypic trait to estimate resistance to Botrytis cinerea. Sensors, 15(6), 12498-12512.

Jeandet, P., Bessis, R., & Gautheron, B. (1991). The production of resveratrol (3, 5, 4′-trihydroxystilbene) by grape berries in different developmental stages. American Journal of Enology and Viticulture, 42(1), 41-46.

LEÃO, P.C.S. Cultivo da videira: manejo de cachos e reguladores de crescimento. Versão eletrônica 2010. Disponível em /manejo_cachos.html> Acesso em: 17 ago. 2015.

Mashima, C. H. Descompactação dos cachos por meio de raleio de bagas da uva fina de mesa ‘Black Star’. 2014. 47 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014.

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Os 3 Segredos De Como Colher Uva Com Alta Qualidade https://www.vittis.com.br/2020/06/10/o-segredo-de-como-colher-uva-com-alta-qualidade/ https://www.vittis.com.br/2020/06/10/o-segredo-de-como-colher-uva-com-alta-qualidade/#respond Wed, 10 Jun 2020 02:11:35 +0000 https://dev.vittis.com.br/?p=1308 Assim como você, eu já tive a péssima experiência ao comprar uva no supermercado, e quando provei às uvas, elas estavam ácidas. Como consumidora eu fiquei muito chateada, e com receio de comprar uvas novamente. Muitas pessoas para não passar por essa experiência desagradável, cuidadosamente retiram uma baga de uva sem que ninguém veja e faz uma degustação às escondidas no momento da compra. Mas nem sempre isso é possível! Também não é legal fazer isso no mercado. O ideal seria que o produtor fizesse a colheita no ponto correto de maturação. Mas como eu posso saber qual é o momento ideal de colheita?    Tanto em áreas comerciais quanto em cultivos domésticos os cachos de uva seguem os mesmos processos de maturação, e análises podem serem realizadas de forma a identificar qual é o melhor ponto de colheita de acordo com a época, as condições e a variedade que se cultiva. Esse artigo visa trazer alguns preceitos básicos que irão te ajudar a entender como ocorre internamente o processo de maturação, quais os fatores que estão envolvidos e assim auxiliar na melhor escolha do momento da colheita. O nosso objetivo é te ajudar a oferecer ao seu consumidor uvas com alto padrão de qualidade e garantia de sabor. Você vai entender os 3 principais pontos que devem ser  observados e trabalhados visando manejar o ciclo da cultura para obter uvas saborosas e com ótimo padrão. Vamos começar falando sobre o primeiro desses pontos: o processo de maturação, o que significa exatamente dizer que a uva está madura? Quais as mudanças que ocorrem na planta durante todo esse processo? Porque existem uvas ‘doces’ e ‘ácidas’? Entendendo as transformações que ocorrem na planta até à maturação da fruta, nós podemos iniciar a segunda etapa:  o manejo da maturação visando calendário de colheita, você sabe quais ferramentas utilizar visando interferir no ciclo da cultura para trabalhar a maturação da fruta? Por fim, iremos abordar os fatores que determinam a colheita das uvas e os padrões de colheita considerados referências tanto a nível de mercado interno, quanto externo, de modo a garantir que a uva conserve toda qualidade obtida no campo até a mesa do consumidor final. Segredo nº 1: Fisiologia da maturação A qualidade final das uvas em termos de aparência e sabor, é diretamente associada aos parâmetros de qualidade como a doçura (teor de sólidos solúveis ou concentração de açúcar), concentração dos ácidos e de outras substâncias, tais quais os taninos, que são responsáveis pela adstringência típica de certos alimentos, e que na uva está presente principalmente na casca e nas sementes. Além disso, outro aspecto utilizado para avaliar a maturação das uvas é a coloração, que pode ser negra ou vermelha nas chamadas “uvas de cor” e, geralmente, um amarelo-âmbar nas chamadas “uvas brancas”.  Mas, fisiologicamente falando, como seria possível entender todas essas mudanças que ocorrem durante a maturação? Após o florescimento, tem-se a frutificação, etapa na qual as bagas de uva iniciam seu crescimento e passam posteriormente por uma série de transformações que regem seu desenvolvimento (Figura 1). Vale ressaltar que este não é um processo totalmente uniforme no tempo, assim como a brotação e a floração. O crescimento das bagas pode ser dividido em 3 grandes fases: 1) fase herbácea; 2) fase translúcida ou de mudança de cor; 3) fase de maturação.  Figura 1. Alterações físicas e estruturais durante o desenvolvimento das bagas. Fonte: BORGHEZAN, Marcelo. Formação e maturação da uva e os efeitos sobre os vinhos: Revisão. Ciência e Técnica Vitivinícola, v. 32, n. 2, 2017. Frutificação – Fase Herbácea (I) Durante a fase herbácea, o cacho se comporta como os demais órgãos verdes da planta, ou seja, realiza fotossíntese e respiração através dos estômatos presentes na casca, simultaneamente a baga evolui em peso e volume e seu crescimento é atribuído às intensas divisões celulares, e nesta fase os estímulos hormonais são devido ao balanço entre auxinas, giberelinas e também citocininas, sendo que auxina e a giberelina  têm sua atividade máxima neste momento. Ao final do período herbáceo, grande parte do desenvolvimento das bagas já foi definido, havendo ainda a perda de certa quantidade de água e ligeiro aumento no teor de açúcares para 2%. Frutificação – Fase Translúcida (II) A próxima etapa, fase translúcida, é dada pela diminuição da clorofila em função do aumento do ácido abscísico, etileno e dos brassinosteróides que parecem regular os eventos que geram a degradação dos ácidos orgânicos, acúmulo dos açúcares, metabolismo dos compostos fenólicos e de aromas (FORTEs et al., 2015). Nessa fase há o desenvolvimento de um aspecto translúcido na baga, que é finalizado com a mudança da coloração de acordo com a variedade. Durante esse processo, há uma estagnação do crescimento de bagas pela paralisação da síntese de hormônios. A partir de então, as paredes celulares iniciam o processo de hidrólise dos pectatos que as compõem, para tornarem-se flexíveis, ocasionando o chamado efeito de amolecimento que é dado em função da perda do turgor das paredes celulares do mesocarpo (termo botânico para a região dos frutos conhecida como “polpa”) e ocorre devido ao acúmulo de açúcares e outros solutos vindos via floema, seguido a partir de então de uma série de outras alterações que incluem a expansão do volume das bagas, alterações estruturais da polpa e consequentemente o ganho de massa seca, redução da acidez e o aumento do pH. Vale ressaltar que nesse momento também ocorre o transporte através das membranas celulares de compostos como proteínas,  cátions como Potássio (K+), Sódio (Na+) ou Cálcio (2+), ânions como o fosfato (PO₄³⁻) e também das antocianinas. Frutificação – Fase da maturação (III)   Por fim, é iniciada a terceira fase, a maturação, cujo o tempo de duração vai depender da variedade e das condições ambientais (temperatura, radiação solar) que influenciam no metabolismo da planta. Após finalizada a composição da coloração, a baga retoma seu crescimento, mas desta vez em função da distensão celular gerada pelo acúmulo de substâncias nutritivas e de água. Neste momento, a condição hídrica do solo...

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Assim como você, eu já tive a péssima experiência ao comprar uva no supermercado, e quando provei às uvas, elas estavam ácidas. Como consumidora eu fiquei muito chateada, e com receio de comprar uvas novamente. Muitas pessoas para não passar por essa experiência desagradável, cuidadosamente retiram uma baga de uva sem que ninguém veja e faz uma degustação às escondidas no momento da compra. Mas nem sempre isso é possível! Também não é legal fazer isso no mercado. O ideal seria que o produtor fizesse a colheita no ponto correto de maturação. Mas como eu posso saber qual é o momento ideal de colheita?   

Tanto em áreas comerciais quanto em cultivos domésticos os cachos de uva seguem os mesmos processos de maturação, e análises podem serem realizadas de forma a identificar qual é o melhor ponto de colheita de acordo com a época, as condições e a variedade que se cultiva. Esse artigo visa trazer alguns preceitos básicos que irão te ajudar a entender como ocorre internamente o processo de maturação, quais os fatores que estão envolvidos e assim auxiliar na melhor escolha do momento da colheita. O nosso objetivo é te ajudar a oferecer ao seu consumidor uvas com alto padrão de qualidade e garantia de sabor.

Você vai entender os 3 principais pontos que devem ser  observados e trabalhados visando manejar o ciclo da cultura para obter uvas saborosas e com ótimo padrão. Vamos começar falando sobre o primeiro desses pontos: o processo de maturação, o que significa exatamente dizer que a uva está madura? Quais as mudanças que ocorrem na planta durante todo esse processo? Porque existem uvas ‘doces’ e ‘ácidas’? Entendendo as transformações que ocorrem na planta até à maturação da fruta, nós podemos iniciar a segunda etapa:  o manejo da maturação visando calendário de colheita, você sabe quais ferramentas utilizar visando interferir no ciclo da cultura para trabalhar a maturação da fruta? Por fim, iremos abordar os fatores que determinam a colheita das uvas e os padrões de colheita considerados referências tanto a nível de mercado interno, quanto externo, de modo a garantir que a uva conserve toda qualidade obtida no campo até a mesa do consumidor final.

Segredo nº 1: Fisiologia da maturação

A qualidade final das uvas em termos de aparência e sabor, é diretamente associada aos parâmetros de qualidade como a doçura (teor de sólidos solúveis ou concentração de açúcar), concentração dos ácidos e de outras substâncias, tais quais os taninos, que são responsáveis pela adstringência típica de certos alimentos, e que na uva está presente principalmente na casca e nas sementes. Além disso, outro aspecto utilizado para avaliar a maturação das uvas é a coloração, que pode ser negra ou vermelha nas chamadas “uvas de cor” e, geralmente, um amarelo-âmbar nas chamadas “uvas brancas”.  Mas, fisiologicamente falando, como seria possível entender todas essas mudanças que ocorrem durante a maturação?

Após o florescimento, tem-se a frutificação, etapa na qual as bagas de uva iniciam seu crescimento e passam posteriormente por uma série de transformações que regem seu desenvolvimento (Figura 1). Vale ressaltar que este não é um processo totalmente uniforme no tempo, assim como a brotação e a floração. O crescimento das bagas pode ser dividido em 3 grandes fases: 1) fase herbácea; 2) fase translúcida ou de mudança de cor; 3) fase de maturação. 

Figura 1. Alterações físicas e estruturais durante o desenvolvimento das bagas.

Figura 1. Alterações físicas e estruturais durante o desenvolvimento das bagas. Fonte: BORGHEZAN, Marcelo. Formação e maturação da uva e os efeitos sobre os vinhos: Revisão. Ciência e Técnica Vitivinícola, v. 32, n. 2, 2017.

Frutificação – Fase Herbácea (I)

Durante a fase herbácea, o cacho se comporta como os demais órgãos verdes da planta, ou seja, realiza fotossíntese e respiração através dos estômatos presentes na casca, simultaneamente a baga evolui em peso e volume e seu crescimento é atribuído às intensas divisões celulares, e nesta fase os estímulos hormonais são devido ao balanço entre auxinas, giberelinas e também citocininas, sendo que auxina e a giberelina  têm sua atividade máxima neste momento. Ao final do período herbáceo, grande parte do desenvolvimento das bagas já foi definido, havendo ainda a perda de certa quantidade de água e ligeiro aumento no teor de açúcares para 2%.

Frutificação – Fase Translúcida (II)

A próxima etapa, fase translúcida, é dada pela diminuição da clorofila em função do aumento do ácido abscísico, etileno e dos brassinosteróides que parecem regular os eventos que geram a degradação dos ácidos orgânicos, acúmulo dos açúcares, metabolismo dos compostos fenólicos e de aromas (FORTEs et al., 2015).

Nessa fase há o desenvolvimento de um aspecto translúcido na baga, que é finalizado com a mudança da coloração de acordo com a variedade. Durante esse processo, há uma estagnação do crescimento de bagas pela paralisação da síntese de hormônios. A partir de então, as paredes celulares iniciam o processo de hidrólise dos pectatos que as compõem, para tornarem-se flexíveis, ocasionando o chamado efeito de amolecimento que é dado em função da perda do turgor das paredes celulares do mesocarpo (termo botânico para a região dos frutos conhecida como “polpa”) e ocorre devido ao acúmulo de açúcares e outros solutos vindos via floema, seguido a partir de então de uma série de outras alterações que incluem a expansão do volume das bagas, alterações estruturais da polpa e consequentemente o ganho de massa seca, redução da acidez e o aumento do pH. Vale ressaltar que nesse momento também ocorre o transporte através das membranas celulares de compostos como proteínas,  cátions como Potássio (K+), Sódio (Na+) ou Cálcio (2+), ânions como o fosfato (PO₄³⁻) e também das antocianinas.

Frutificação – Fase da maturação (III)

  Por fim, é iniciada a terceira fase, a maturação, cujo o tempo de duração vai depender da variedade e das condições ambientais (temperatura, radiação solar) que influenciam no metabolismo da planta. Após finalizada a composição da coloração, a baga retoma seu crescimento, mas desta vez em função da distensão celular gerada pelo acúmulo de substâncias nutritivas e de água. Neste momento, a condição hídrica do solo tem papel fundamental, visto que quanto maior for o conteúdo de água disponível (em condição de equilíbrio) maior poderá ser a resposta em crescimento de baga, ou seja, a irrigação tem influência na produção final.

Veraison: quando as uvas mudam de cor

A mudança de coloração ou veraison (termo técnico Francês) é um dos momentos mais importantes do ciclo da videira. Além da mudança de coloração que ocorre em uvas negras e vermelhas, as uvas brancas passam por esse processo, mas não há drástica alteração da cor das bagas. Essa alteração da coloração é dada pela concentração de polifenóis (substâncias naturalmente encontradas nas plantas), nesse caso, dos flavonóides. Nas uvas “brancas” os polifenóis são amarelados e então chamados de flavonas, enquanto nas uvas “de cor” são chamados de antocianinas. Um fator que deve ser levado em consideração é a influência do clima sobre o conteúdo dos polifenóis antocianinas nas uvas, pois é sabido que  excessos de temperaturas e luminosidade são desfavoráveis à síntese desses compostos. Por isso, regiões de produção tropical têm mais dificuldades com uvas de cor, pois muitas vezes, a coloração das bagas é inadequada, afetando a aparência da fruta.

 Nesse estágio de maturação, considerando regiões frias, a planta deixa de produzir energia (fotossíntese) para consumir suas reservas no processo de amadurecimento e desenvolvimento de compostos relacionados ao sabor. Assim, a planta converte ácidos em açúcares até a colheita, esse processo pode ser visualizado no gráfico abaixo, que demonstra as curvas de redução e de acúmulo dos compostos, bem como o desenvolvimento da baga durante o ciclo.

Gráfico da maturação ideal da uva

Gráfico da maturação ideal da uva. Adaptado do trabalho de Nicholas, K. A. (2015).

Durante o evento da maturação, podemos dizer que o acúmulo de açúcares é considerado o fenômeno mais importante, tanto no caso das uvas de mesa quanto nas uvas de vinho. Isso ocorre porque os açúcares dão origem aos álcoois (importantes na vinificação) após o processo de fermentação e também servem de fonte para produção de outros compostos, tais quais os polifenóis. No caso da videira, a glicose e a frutose são os principais açúcares encontrados, sendo que no fruto maduro temos uma maior concentração de frutose e todo o processo é regulado hormonal e osmoticamente durante as fases de crescimento. Já quando se trata da acidez, tem-se que os principais ácidos encontrados nas uvas são o ácido tartárico, málico e cítrico, sendo que os dois primeiros representam 90% da totalidade de ácidos na baga (Figura 3).

Figura 3. Distribuição do ácido tartárico (a) e do ácido málico (b) na baga. Adaptado de: Centésimo Curso Intensivo de Vinificação – 2006 – José Paulo Dias

Como saber que a uva está madura em área comercial?

Em produção comercial, o recomendado é analisar a  fruta semanalmente após o início do amolecimento das bagas visando acompanhar a evolução da maturação dos teores de açúcares. Geralmente, com base nesse acompanhamento é traçada uma curva que contém o teor de sólidos solúveis em função da acidez titulável, que pode ser construída para cada variedade trabalhada. A partir dessa curva, é possível visualizarmos a tendência de evolução e/ou estagnação do °brix e da acidez, que por sua vez auxiliam na decisão da colheita. 

Veja a seguir, na figura 4, um exemplo da construção das curvas para a variedade BRS Vitória.

Figura 4. Curvas de evolução da da acidez (AT), teor de sólidos solúveis totais (SS), e razão entre sólidos solúveis e acidez (SS/AT) durante a maturação das uvas da cultivar BRS Vitória (Embrapa Uva e Vinho, EVT, Jales, SP).

 

Determinando o nível de açúcar ou brix

Na construção das curvas, é possível utilizar refratômetro manual ou digital (Figura 5) para aferição do °Brix, através da análise de bagas coletadas em campo, de forma aleatória. O tamanho inicial da amostra também pode variar conforme região ou produtor, sendo o mais comum  utilizar no mínimo 20 – 30 bagas para formar uma amostra composta na qual você deve coletar as bagas de vários pontos do cachos (base, centro e ápice) e da área.

Determinando o nível de acidez

Já para a determinação da acidez, a metodologia mais comum é a titulação com solução padronizada de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1M, considerando o pH=8,2 como ponto final e o resultado é expresso em em gramas de ácido tartárico por 100 mL de suco (Metodologia do Instituto Adolfo Lutz, 1985).

Relação brix e acidez

A relação conhecida com ratio é obtida através da divisão entre o valor médio de °Brix pelo valor de acidez, obtidos conforme demonstrado anteriormente. Esse parâmetro é comumente utilizado como um índice de maturação indicativo do sabor das frutas,  pois representa o equilíbrio entre o teor de açúcar e a acidez. Essa relação possui tendência de aumentar conforme o avanço da maturação, dado o aumento nos teores de açúcares e a redução dos ácidos.

Na tabela abaixo temos a relação dos parâmetros de colheita (sólidos solúveis, acidez titulável e ratio) para as principais variedades cultivadas na região do Vale do São Francisco.

Tabela 1: Relação dos parâmetros de colheita

VariedadeSolidos Solúveis (°Brix)Acidez Titulável (TA) - g.LRatio (SS:TA)
Brs Isis≥ 17≤ 0.6028:1
Brs Vitória≥ 19 - 20≤ 0.5035 - 40:1
Brs Núbia≥ 16≤ 0.6525:1
Thompson Seedless≥ 17≤ 0.7022 - 25:1
Crimson Seedless≥ 16≤ 0.65 25:1
Sweet Globe≥ 16 - 18≤ 0.5032 - 36:1
Sugar Crisp≥ 16 - 17 ≤ 0.440 - 42,5:1
ARRA 15≥ 17≤ 0.821:1
Sweet Jubilee≥ 18≤ 0.536:1
Benitaka≥16≤ 0.626.6:1
Red Globe≥ 15≤ 0.7520:1
Itália≥ 150.6 - 0.7525 - 20

Como saber que a uva está madura em cultivos de hobby ou lazer?

Se você produz uva como hobby ou lazer existem parâmetros mais práticos que podem auxiliar na identificação do ponto de colheita, sendo o mais comum deles a mudança completa de coloração explicada anteriormente. Outras características comumente utilizadas são o tamanho das bagas (crescimento em comprimento e diâmetro característico da variedade), o amolecimento das bagas e o sabor que neste caso passa a ter um critério pessoal. Em alguns casos, é observado também o “término da baga”, dado em função da coloração interna da polpa totalmente uniforme, visto que quando a maturação não está finalizada é possível observar um halo cristalino no interior da polpa (Figura 6).

Figura 6. Corte vertical e transversal de bagas em fase de maturação; “terminação de baga”.

Mas afinal, o que é sabor?

Aqui, gostaria de fazer um adendo para esclarecer uma dúvida comum quando falamos sobre o sabor dos alimentos. É intrigante porque muitas pessoas confundem os sabores ácidos e amargos,  por isso, apesar de parecer algo simples é importante primeiramente entender que o nosso paladar identifica facilmente os chamados sabores básicos:  doce, salgado, ácido, amargo e umami (gosto de proteína). 

A resposta mais rápida ao sabor ácido é a salivação e por vezes se observa também uma adstringência na lateral da boca. Na presença de altos níveis de acidez, temos o chamado sabor Azedo. Enquanto o sabor doce é tido na via contrária, quando há ausência do ácido. Já o sabor amargo contrapõe o doce, daí o porquê de termos uma baixa tolerância à bebidas e alimentos amargos. Esse sabor, pode ter diferentes origens (alcalóides, alimentos queimados, algo apodrecido) e sua ingestão provoca em nosso corpo o fechamento da glote, visando que o alimento não seja ingerido e grande salivação para ajudar a expulsar o alimento da boca. Uma forma prática de identificar o sabor amargo, é pensar no sabor enquanto você come caju. Lembra da sensação de adstringência na boca? Essa é a principal característica do sabor amargo. Na uva, essa adstringência é presente em algumas variedades que são ricas em taninos, sendo que essa adstringência na fruta é perceptível quando a uva não está madura ou quando essas plantas estão sob condições de estresse.

No caso da videira, quando falamos de sabor, é preciso entender as diferenças existentes a fim de identificar o tipo de uva que se prefere consumir. Existe uma grande variação dos componentes químicos nas bagas de uva, tanto a depender da variedade trabalhada, manejo de cultivo, local de produção, solo e quanto da fase do ciclo a fruta é analisada. Tomando como objetivo a maturação, é de interesse alcançar maiores teores de açúcares (avaliado pelo °brix) e níveis equilibrados de acidez, daí a importância de conhecer o ciclo e as características da variedade para melhor programar a colheita.

 Um modo de exemplificar a composição do sabor na videira é quando comparamos as chamadas uvas de mesa x uvas de vinho. Em termos de sabor, as uvas de vinho são muito mais doces, colhidas com teor de açúcar de 24 a 26°Brix, enquanto as uvas de mesa são colhidas com 16 a 20°Brix. Além disso, a acidez das uvas de mesa costuma ser menor, contribuindo para um melhor sabor. Além do teor de açúcar e acidez, existem outros fatores que influenciam a percepção do sabor da uva, a aparência (cor, tamanho, formato do cacho e baga), e a crocância da fruta.

Segredo nº 2: Manejo da maturação dos cachos em videiras 

A uva madura possui uma alta concentração de açúcares quando comparada com outras frutas, sendo essa concentração diretamente correlacionada com as práticas de manejo (raleio, desbrotas e desponte de ramos, controle de vigor, entre outras) e também com as condições do meio, na qual temos um maior acúmulo dado o controle hídrico, a redução da temperatura, exposição à luz solar e manutenção da sanidade das plantas.

Outro aspecto diretamente relacionado com a qualidade final das uvas é a nutrição, onde é conhecido que deficiências ou excessos podem ocasionar a formação de uvas com baixa composição química e mineral, baixa crocância, ausência de sabor e/ou aroma, curta vida pós-colheita, dentre outras diversas características que são influenciadas pelo adequado manejo nutricional durante o ciclo. 

Como exemplo temos o potássio, um dos macronutrientes mais requeridos pela videira, altamente exportado na colheita, visto que até 50% do total absorvido é acumulado nas bagas. Ligado a reações enzimáticas, o potássio contribui também com a maturação, na síntese de açúcares e na manutenção do turgor celular, além de atuar como um importante transportador de solutos. Dessa forma, reforçamos a importância do manejo nutricional no processo de maturação para obtenção do máximo de qualidade nas áreas de produção.

Atuando mediante práticas de controle cultural, bem como na adubação do parreiral, tem-se ação direta na manutenção da maturação. Essas práticas precisam ser pensadas conforme o perfil e histórico de cada área, visto que não há uma receita pronta que possa ser utilizada universalmente. Análises de solo e foliares são importantes ferramentas utilizadas como base para o manejo de adubação em áreas de produção, bem como a análise das características da área como um todo visando entender quais as necessidades das plantas que precisam melhor serem manejadas. 

Você pode ler mais sobre adubação em videiras conferindo nosso artigo.

Segredo nº 3: Variações nos parâmetros e relação ideal de colheita

Sendo a uva uma fruta utilizada com diversas finalidades é difícil definir parâmetros fixos para caracterizar a colheita, devida a grande variação existente ainda conforme as regiões de cultivo, as diversas variedades trabalhadas e especialmente o perfil do consumidor final. Com base nisso, é importante entender que diferentes índices podem ser considerados referenciais na tomada de decisão da colheita.

Em termos comerciais do cultivo de uvas finas de mesa, é nitidamente conhecida a diferença entre a preferência do consumidor brasileiro, que rege o padrão das uvas colhidas para o chamado mercado interno, em comparação com consumidores americanos e/ou europeus, os quais definem os padrões das uvas para exportação. 

No caso dos brasileiros, há uma preferência pelo sabor mais adocicado, que demanda um teor de sólidos solúveis mínimo de 17°Brix e acidez titulável geralmente abaixo de 0,8 g de ác. tartárico/100 mL. Em comparação com ao perfil de exportação, o qual demanda uvas levemente mais ácidas, com padrão em torno de 17°Brix e 0,9 g de ác. tartárico/100 mL. É válido saber que avaliar corretamente todas as características da fruta para determinar o melhor ponto de colheita, é de fundamental importância para garantir uma boa comercialização da uva, visto que a mesma não se torna mais doce após colhida, devendo portanto, ter padrão na colheita em total coerência com o mercado final.

Além do aspecto da garantia de sabor para uma boa comercialização, a qualidade geral da uva in natura pós-colheita é um fator determinante, e que está também correlacionado com as fases da cadeia de produção. Garantir um bom manejo durante o ciclo, bem como o ponto de colheita observando o grau de maturação fisiológica e o índice de maturação (SST/AT) prolonga o chamado ‘tempo de prateleira’ das uvas comercializadas.

Referência:

Nicholas, K. A. (2015). Will we still enjoy Pinot noir?. Scientific American312(1), 60-67.

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A cada safra existe uma interação entre a planta, o solo, o clima e os cuidados que você deve ter com o seu cultivo, pois todos esses fatores influenciam na qualidade final do produto.   A videira é uma planta perene, lenhosa, caducifólia (perde as folhas) e sarmentosa, provida de órgão de sustentação especializado (gavinhas). O ciclo da videira varia de acordo com a região produtora, podendo variar de 3 a 5 meses meses (região de clima tropical) a 1 ano (região de clima temperado). Em clima temperado a dormência, estágio em que planta deixa de fotossintetizar, ocorre de forma natural. Em regiões de cultivo tropical como o Vale do São Francisco, esse estágio ocorre de forma induzida e monitorada. Iniciando um novo ciclo: A dormência é a fase em que a planta “descansa” e acumula reservas que será utilizada no ciclo seguinte. Então, ao final da dormência, os produtores podam as videiras com o objetivo de preparar a planta para a próxima safra. A poda e a desbrota (retirada do excesso de brotos) são duas das atividades importantes para a produção de uvas de alta qualidade. Na execução da poda, o produtor retira o material da safra anterior, deixando apenas os ramos que serão utilizados na safra seguinte. O número de ramos é definido com base na produtividade esperada, bem como características da variedade.  A brotação ocorre quando as gemas ficam inchadas, e assim os novos brotos aparecem. Nesta fase, o crescimento é lento no início e à medida que a temperatura média aumenta, o crescimento e o alongamento da parte aérea (ramos e folhas) aceleram. Após três ou quatro semanas, começa o período de crescimento mais rápido – onde as brotações podem crescer em média 2.54 centímetros ou mais por dia. Na desbrota, são selecionados  os brotos mais desenvolvidos e que estão bem posicionados na planta, a fim de regular o crescimento vegetativo (brotos e folhas) e a produtividade (número de cachos por planta) para que a planta possa produzir de forma equilibrada e com qualidade.  Conforme os dias esquentam, a floração ocorre e aos poucos ocorre também a frutificação. Nesse momento, a luz solar e a temperatura são importantes para as funções fisiológicas da videira, como a fotossíntese. Mudando a coloração das bagas: Aos poucos os bagas vão crescendo e se desenvolvendo. A “Veraison”, termo Francês, é o momento em que os cachos gradualmente começam a amolecer e mudar da cor verde para vermelhas ou pretas, isso ocorre nas variedades de cor. Nas variedades verdes, os cachos apresenta uma colocarção translúcida. O intervalo entre a poda e a colheita é diferente para cada variedade e região produtiva. Ao contrário de muitas frutas frescas, as uvas devem ser colhidas quando os frutos estão totalmente maduras. Depois da colheita, os frutos não se tornam mais doces, então o período de colheita é crucial para garantir uma uva com bom sabor e qualidade.  Em região tropical, como o Vale do São Francisco (VSF), o comportamento fisiológico da videira é diferente de qualquer outra região do mundo. Em regiões de cultivo tradicional de uva, o ciclo da videira é baseado no clima local, mas no Vale, o produtor é quem determina quando o ciclo da videira começa e termina. Esse controle de ciclo é realizado graças as condições climáticas locais e o manejo adequado da irrigação. Continue lendo esse artigo para entenda com mais detalhes as fases do ciclo de videira independente da região de produção. Dormência A dormência é uma etapa importante do ciclo anual da videira, ocorre quando o crescimento, o desenvolvimento vegetativo param temporariamente e a planta “descansa”. Naturalmente, a dormência  é causada por baixas temperaturas e redução da duração do dia (Fennel et al. 1996). A queda das folhas é uma característica marcante dessa fase. No Vale (VSF) como o clima é favorável para o crescimento vegetativo, não existe a dormência natural e a planta praticamente tende a “trabalhar” o ano todo. Para induzir a planta a entrar em dormência, o produtor aplica um estresse hídrico na planta através da redução da lâmina de irrigação. O objetivo dessa prática é retardar ou “travar” a emissão de novas brotações para que a planta stop o crescimento vegetativo e acumule reservas para o próximo ciclo. Figura 1: Videira em fase de dormência. Foto: De Witt Kamfer Poda A poda é o momento em que os produtores preparam as videiras para a próxima safra. A eficiência na execução dessa atividade é crucial para a produção de uvas de qualidade. No momento da poda, o produtor retira o material da safra anterior, deixando apenas os ramos que serão utilizados na safra seguinte. Em escala comercial, a determinação do número de ramos que serão deixados na área depende da análises de gemas, confira nosso artigo sobre como fazer análises de gema em videira.   Os tipos de podas mais utilizados são: poda curta (esporão 3 – 4 gemas) e poda longa (6 – 8 gemas). Atualmente, produtores que trabalham com duas safras no ano no VSF utilizam dois sistemas de podas mistas: 1)  4 varas por saída, deixando 3 varas com 6 – 8 gemas e 1 esporão com 3 a 4 gemas; 2) 5 varas por saída, deixando 4 varas com 6 – 8 gemas e 1 esporão com 3 a 4 gemas. Esse sistema de poda mista é utilizado com o objetivo de renovar o material para a próxima poda e melhorar a distribuição das varas...

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Nesse artigo, eu vou te ensinar as fases mais importantes da videira para uma produção de uvas de alta qualidade. Inclusive, entender essas fases foi o que me ajudou no início da minha carreira como agrônoma a produzir uvas não só com mais qualidade, mas  Mantendo um bom padrão durante todo o ano.

Neste artigo vou te ensinar sobre as seguintes fases:

Como acontece o ciclo de desenvolvimento em videira?

Todo cacho de uva ou garrafa de vinho que você compra no supermercado tem uma história para contar, e essa história começa lá no parreiral. A cada safra existe uma interação entre a planta, o solo, o clima e os cuidados que você deve ter com o seu cultivo, pois todos esses fatores influenciam na qualidade final do produto.  

A videira é uma planta perene, lenhosa, caducifólia (perde as folhas) e sarmentosa, provida de órgão de sustentação especializado (gavinhas). O ciclo da videira varia de acordo com a região produtora, podendo variar de 3 a 5 meses meses (região de clima tropical) a 1 ano (região de clima temperado). Em clima temperado a dormência, estágio em que planta deixa de fotossintetizar, ocorre de forma natural. Em regiões de cultivo tropical como o Vale do São Francisco, esse estágio ocorre de forma induzida e monitorada.

Iniciando um novo ciclo:

A dormência é a fase em que a planta “descansa” e acumula reservas que será utilizada no ciclo seguinte. Então, ao final da dormência, os produtores podam as videiras com o objetivo de preparar a planta para a próxima safra. A poda e a desbrota (retirada do excesso de brotos) são duas das atividades importantes para a produção de uvas de alta qualidade. Na execução da poda, o produtor retira o material da safra anterior, deixando apenas os ramos que serão utilizados na safra seguinte. O número de ramos é definido com base na produtividade esperada, bem como características da variedade. 

A brotação ocorre quando as gemas ficam inchadas, e assim os novos brotos aparecem. Nesta fase, o crescimento é lento no início e à medida que a temperatura média aumenta, o crescimento e o alongamento da parte aérea (ramos e folhas) aceleram. Após três ou quatro semanas, começa o período de crescimento mais rápido – onde as brotações podem crescer em média 2.54 centímetros ou mais por dia.

Na desbrota, são selecionados  os brotos mais desenvolvidos e que estão bem posicionados na planta, a fim de regular o crescimento vegetativo (brotos e folhas) e a produtividade (número de cachos por planta) para que a planta possa produzir de forma equilibrada e com qualidade. 

Conforme os dias esquentam, a floração ocorre e aos poucos ocorre também a frutificação. Nesse momento, a luz solar e a temperatura são importantes para as funções fisiológicas da videira, como a fotossíntese.

Mudando a coloração das bagas:

Aos poucos os bagas vão crescendo e se desenvolvendo. A “Veraison”, termo Francês, é o momento em que os cachos gradualmente começam a amolecer e mudar da cor verde para vermelhas ou pretas, isso ocorre nas variedades de cor. Nas variedades verdes, os cachos apresenta uma colocarção translúcida. O intervalo entre a poda e a colheita é diferente para cada variedade e região produtiva. Ao contrário de muitas frutas frescas, as uvas devem ser colhidas quando os frutos estão totalmente maduras. Depois da colheita, os frutos não se tornam mais doces, então o período de colheita é crucial para garantir uma uva com bom sabor e qualidade. 

Em região tropical, como o Vale do São Francisco (VSF), o comportamento fisiológico da videira é diferente de qualquer outra região do mundo. Em regiões de cultivo tradicional de uva, o ciclo da videira é baseado no clima local, mas no Vale, o produtor é quem determina quando o ciclo da videira começa e termina. Esse controle de ciclo é realizado graças as condições climáticas locais e o manejo adequado da irrigação.

Continue lendo esse artigo para entenda com mais detalhes as fases do ciclo de videira independente da região de produção.

Dormência

A dormência é uma etapa importante do ciclo anual da videira, ocorre quando o crescimento, o desenvolvimento vegetativo param temporariamente e a planta “descansa”. Naturalmente, a dormência  é causada por baixas temperaturas e redução da duração do dia (Fennel et al. 1996). A queda das folhas é uma característica marcante dessa fase. No Vale (VSF) como o clima é favorável para o crescimento vegetativo, não existe a dormência natural e a planta praticamente tende a “trabalhar” o ano todo. Para induzir a planta a entrar em dormência, o produtor aplica um estresse hídrico na planta através da redução da lâmina de irrigação. O objetivo dessa prática é retardar ou “travar” a emissão de novas brotações para que a planta stop o crescimento vegetativo e acumule reservas para o próximo ciclo.

Figura 1: Videira em fase de dormência. Foto: De Witt Kamfer

Poda

A poda é o momento em que os produtores preparam as videiras para a próxima safra. A eficiência na execução dessa atividade é crucial para a produção de uvas de qualidade. No momento da poda, o produtor retira o material da safra anterior, deixando apenas os ramos que serão utilizados na safra seguinte. Em escala comercial, a determinação do número de ramos que serão deixados na área depende da análises de gemas, confira nosso artigo sobre como fazer análises de gema em videira.  

Os tipos de podas mais utilizados são: poda curta (esporão 3 – 4 gemas) e poda longa (6 – 8 gemas). Atualmente, produtores que trabalham com duas safras no ano no VSF utilizam dois sistemas de podas mistas:

1)  4 varas por saída, deixando 3 varas com 6 – 8 gemas e 1 esporão com 3 a 4 gemas;

2) 5 varas por saída, deixando 4 varas com 6 – 8 gemas e 1 esporão com 3 a 4 gemas.

Esse sistema de poda mista é utilizado com o objetivo de renovar o material para a próxima poda e melhorar a distribuição das varas de produção na planta, evitando a predominância de varas excessivamente longas.

Figure: Videira após poda curta.

A variedade cultivada também influencia no tipo da poda, em variedades de baixa fertilidade o produtor deve fazer uma poda longa (varas com mais de 8 gemas) para aumentar a probabilidade de obtenção de cachos. Nas variedades com cachos pequenos (> 350g), o produtor poder fazer uma poda mista, deixando mais ramos por planta ou varas mais longas, mas mantendo uma boa distribuição dos ramos.

O que fazer para aumentar uniformização de brotação? 

Em regiões de clima tropical, o produtor aplica 2-5% de cianamida hidrogenada (Dormex® – produto comercial) após a poda – ou até 24h após – para auxiliar quebra de dormência e uniformização de brotação na videira. Esse produto é utilizado como suprimento artificial da endodormência das gemas. No entanto, o modo de ação desse produto ainda não está totalmente esclarecido, podendo estar relacionado seus efeitos no sistema respiratório das células e interferência em alguns processos enzimáticos que controlam o repouso das plantas, como, por exemplo, a atividade da enzima catalase (responsável pela decomposição do peróxido de hidrogênio tóxico às células). Vale ressaltar, que quanto menor o intervalo de tempo entre a poda e a aplicação da cianamida hidrogenada, melhor a eficiência do produto e melhores os números de brotos obtidos.

Brotação

É o momento em que as gemas da videira começam a inchar e as folhas verdes começam a aparecer através das escamas. Os primeiros brotos começam a crescer e são nutridos pela energia derivada dos carboidratos armazenados nas raízes, troncos e ramos durante a dormência, e logo após alguns dias, os novos brotos começam o processo de fotossíntese.

Figure 4: Brotação de videira logo após poda.

Desenvolvimento de ramos

O crescimento do ramo é lento no início, mas aos poucos as folhas, os brotos se expandem e os cachos se desenvolvem. À medida que a temperatura média aumenta, o crescimento e o alongamento da parte aérea (folhas e brotos) aceleram. O período de crescimento mais rápido ocorre após duas a quatro semanas da brotação. Na videira, a fotossíntese ocorre assim que há tecido verde nos brotos, no entanto, devido à alta atividade metabólica, não há produção líquida de assimilados até que várias folhas se expandam completamente.

Figure 5: Brotos em desenvolvimento.

Floracão

Floracão

As flores da videira são classificadas como inflorescência (termo botânico). O eixo principal do cacho é chamado de ráquis ( popularmenete conhecido como engaço). O tempo entre a brotação e a floração depende da temperatura da região de produção e da variedade, em zonas temperadas varia de seis a nove semanas, no Vale esse período é mais curto, variando de quatro a cinco semanas.

Quando as condições são favoráveis, as flores geralmente florescem por oito a dez dias, novamente, na região do Vale esse período é reduzido. A videira cultivadas possuem flores hermafroditas oi perfeitas – o que significa que possuem partes masculinas (estames) e femininas (carpelos) em uma mesma flor. A caliptra (ou corolla) é um tecido de proteção para os estames e o carpelos é composto por três a nove pétalas esverdeadas firmemente unidas na ponta. Diferente de outras flores, a abertura de uma flor de uva ocorre com rompimento da caliptra que se desprende na base, em vez de se separar na ponta. Imediatamente após a floração, os grãos de pólen se abrem e liberam o pólen para que ocorra a polinização.

Figura 6:Inflorescência de videira no início de floração.

Frutificação

A fertilização das flores ocorre dois a três dias após a polinização, e quando a flor é fertilizada começa a desenvolver baga para proteger a semente. As variedades comerciais de uva sem sementes ou “apirênicas” são resultadas do processo de estenoespermocarpia, no qual logo após a fertilização, os embriões são abortados e a semente para de se desenvolver,  resultando em frutos sem sementes. Durante a fase de frutificação até a maturação as bagas de uva passam por vários estágios de crescimento.

Figura 7: Fase de fertilização de fruta em videira. Foto: Wikipedia.

Frutificação – Fase Herbácea/Expansão celular  – Fase I

O período inicial de crescimento é muito rápido, devido à divisão celular e aumento celular. As bagas são verdes, duras e aumentam de tamanho rapidamente. Nessa fase as bagas apresentam um teor baixo de açúcar, mas são ricos em ácidos orgânicos. 

Frutificação – Fase estacionária/Fase Translúcida – atraso do crescimento da baga para ínicio de coloração (veraison)  – Fase II

Nesse estágio a taxa geral de crescimento de bagas é reduzida. No início da fase II de crescimento, as bagas atingiram pelo menos metade do tamanho final. A fase de estacionária é menos proeminente nas variedades sem sementes em comparação com as variedades de sementes. 

O estágio de amadurecimento inicia quando as bagas começam a amolecer e mudar de cor, na fase de “veraison”. O amolecimento ocorre devido à desmontagem gradual das paredes celulares do mesocarpo e ao declínio do turgor celular do mesocarpo no final da fase de atraso do crescimento da baga. 

Nas variedades de cor (vermelhas e negras), a mudança de coloração é resultado da presença de pigmentos de antocianinas. Nas uvas brancas, não há mudança de coloração. A cor verde é resultado da presença de clorofilas e carotenóides (ambos diminuindo durante o amadurecimento). Nesta fase, a uva verde fica com uma tonalidade de amarelo pálido ou translúcido

Em variedades de coloração, no início da fase veraison (5-10% de bagas colorida no cachos) o produtor aplica reguladores de crescimento (Etileno ou ácido abscísico) para promover a melhor coloração dos cachos.

Figura 8: Cachos de uva iniciando coloração – veraison.Em variedades de coloração, no início da veraison (5-10% de bagas colorida no cachos) o produtor aplica reguladores de crescimento (Etileno ou ácido abscísico) para promover a melhor coloração dos cachos.

Frutificação – Fase da maturação – Fase III

Durante a fase de amadurecimento, as bagas começam a acumular açúcares, enquanto a acidez diminui. As bagas aumentam de tamanho rapidamente, devido ao enchimento das células. A casca das bagas se tornam translúcidas nas variedades verdes, coloridas nas variedades vermelhas e negras, neste momento o sabor característico da variedade se desenvolve.

O período de maturação é determinado por variedade e pelas condições climáticas do ambiente. 

As mudanças na doçura, acidez e outros componentes começam a desacelerar quando as bagas estão maduras. A taxa de mudança difere de acordo com a variedade. 

Gráfico da maturação ideal da uva

Figura 9: Fases de crescimento de uma baga de uva . Adaptado do trabalho de Nicholas, K. A. (2015).

Figure 10: Fases de desenvolvimento de bagas de uva. Foto: eVineyard

Colheita

A uva é uma fruta não climatérica (não amadure após a colheita), então colher a fruta no nível de maturação adequado é o ponto de sucesso do produtor.

O ponto de colheita depende do teor de açúcar, cor, tamanho e a uniformidade do cacho. O teor de açúcar é medido com auxílio de um a refratômetro durante a fase de maturação. O teor de açúcar na uva é medido em grau brix, assim 1ºbrix corresponde 1 g de açúcar em 100 ml do suco da uva.  

1ºbrix = 1 g de açúcar/100ml de suco de uva 

Figura 11: Verificação do teor de sólidos solúveis ( ºBrix) com auxílio de refratomêtro digital da ATAGO.

Uma vez colhidas, as uvas frescas são facilmente danificadas pelo manuseio brusco, temperaturas quentes, umidade excessiva e organismos causadores de deterioração. Após as colheita, os cachos de uvas são cuidadosamente inspecionados e imediatamente enviados para o packing house onde são embalados e posteriormente acondicionados no frio. Alguns produtores brasileiros fazem a embalagem no campo, mas isso não é uma prática comum no nosso país. Na Califórnia, quase 100% da uva é embalada campo.

Embalagem e comercialização

Logo após a colheita/embalagem, o calor do campo é removido da fruta em instalações de armazenamento a frio. As uvas são armazenadas em temperaturas entre -1ºC a 0ºC . A partir embalagem até chegarem ao seu destino final, as uvas serão mantidas em um ambiente cuidadosamente regulado para garantir que cheguem com boa qualidade. A comercialização pode ser par o mercado local ou exportação. No Vale,  70% da produção é exportada para outros países, os principais destinos consumidores dessas uvas são: Europa, Canadá, Oriente Médio e Estados Unidos. 

Figure 12: Embalagem de uva usado para comercialização do mercado nacional and internacional.

O que ocorre com a videira após a colheita?

Depois que as uvas são colhidas, a videira continua o processo de fotossíntese, criando reservas de carboidratos para armazenar nas raízes, troncos e ramos da videira até que um nível adequado de reservas sejam armazenados. Nesse ponto, a clorofila nas folhas começa a se decompor e as folhas mudam de cor de verde para amarelo. Em clima temperado, quando as temperaturas baixam, as folhas começam a cair dando início ao período de dormência no inverno.

No Vale, esse processo é induzido através de técnicas de manejo para simular um processo natural de indução de dormência na planta. Assim, esse processo ocorre através do controle de irrigação (redução das lâminas aplicadas) e uso de etileno para induzir a senescência na planta. As reservas de carboidratos armazenadas serão usadas no crescimento inicial na safra seguinte.

Figura 13: Videiras após colheita iniciando fase dormência. Foto: De Witt Kamfer

Referência:

Keller, M. (2020). The science of grapevines. Academic press.

Keller, M. (2010). Developmental physiology. The Science of Grapevines: Anatomy and Physiology, 169-225.

 

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Simples Passo A Passo Para Identificar Estresse Em Videiras https://www.vittis.com.br/2018/01/18/simples-passo-passo-para-identificar-estresse-em-videiras/ https://www.vittis.com.br/2018/01/18/simples-passo-passo-para-identificar-estresse-em-videiras/#respond Thu, 18 Jan 2018 03:44:41 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=900 Na maioria das vezes, se você não trabalha com agricultura, provavelmente você não se preocupa como será o clima na semana. Os produtores e profissionais que trabalham com agricultura não observam o clima. Eles o vivem. O clima é o ingrediente mais importante na qualidade e quantidade de seu produto. De fato, o sol, o vento e a chuva são os principais insumos para uma indústria que foi responsável por 23,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos. Fatores que causam foto-oxidação das folhas em videiras (estresse) Em muitas regiões climáticas semiáridas e áridas, onde a uva é amplamente cultivada em escala comercial, estresses abióticos, como salinidade do solo, altas temperaturas, radiação ultravioleta (UV) e escassez de água são os principais fatores que contribuem para a foto-oxidação das folhas de videiras (estresse). O estresse oxidativo causado por radiação ultravioleta, alta temperatura e seca, pode causar desnaturação de proteínas (tanto estruturais quanto funcionais). Este tipo de foto-oxidação pode comprometer o desenvolvimento do parreiral, pois mais de 90% de produtividade de uma área são assegurados pela atividade fotossintética das folhas. Em regiões de clima temperado, apesar das temperaturas serem amenas, as plantas também estão sujeitas ao estresse pois, apesar das chuvas de inverno poderem ter preenchido todo o perfil do solo, durante o verão a videira está sujeita à baixa disponibilidade de água no solo, acompanhada frequentemente por elevado nível de temperatura, radiação ultravioleta e défice de pressão de vapor de água atmosférico. Estas condições podem interferir nos processos fisiológicos, morfológicos, bioquímicos e moleculares da planta. Essas alterações podem comprometer a produtividade e qualidade do parreiral. Além disso, plantas mais debilitadas também são mais sujeitas ao desenvolvimento de doenças. Visando melhorar a condição do seu parreiral, reduzindo o estresse oxidativo das folhas de videiras, o consultor e Eng. Agrônomo Newton Matsumoto, da empresa Rupestris desenvolveu um teste simples que visa monitorar o nível de foto-oxidação em folhas através da condutividade elétrica da solução de amostras com folhas de videiras. Figura 2: Folhas de videiras sem e com sinais de estresse foto-oxidativo Objetivo deste tipo de monitoramento O monitoramento dos níveis de foto-oxidação visa auxiliar na redução do estresse da planta, possibilitando melhor taxa fotossintética da videira. Isso irá resultar para o produtor melhor ganho na produtividade e maior qualidade da fruta. Como fazer o teste e monitoramento Materiais necessários: 20 folhas de videira Um furador de couro nº10 (10mm) Água destilada Condutivímetro com leitor de 200 us/cm (microsiemens/cm) Planilha para arquivar os resultados Passo a passo para fazer o teste Coleta da amostra (folhas) – Você deve coletar as folhas que se encontram opostas ao cacho. No total serão necessárias 20 folhas por área ou parcela em que você deseja realizar o teste. Figura 3 – Coleta da amostra – Folha oposta ao cacho. Limpeza das impureza das folhas – Antes do teste é importante lavar todas as folhas com água corrente visando a retirada de possíveis resíduos na superfície foliar. Após a lavagem, disponha as folhas para secar o excesso de água em condições ambiente. Figura 4 – Limpeza das impureza das folhas Figura 5 – Secagem das folhas para o teste. Corte de círculos para amostra – Separe a amostra de 20 folhas em 4 grupos de 5 folhas cada amostra. Em cada folha você deve retirar 5 círculos de tamanho padrão 10mm, totalizando 25 cortes por cada amostra de 5 folhas. Retire os círculos com auxílio de furador de couro número 10 (10mm). Figura 6 e 7 – Corte das amostras em círculos. Figura 6 e 7 – Corte das amostras em círculos. Imersão da amostra em água destilada – Após o corte da amostra (25 círculos) de cada grupo das 5 folhas, você deve fazer a imersão da amostra em um copo com água destilada (50ml) por um período de 24 horas. Anote o número da amostra e a parcela no copo. Figura 8 – Imersão da amostra em água destilada. Leitura da condutividade elétrica da amostra – Após 24 horas da amostra em imersão, você deve realizar a avaliação de condutividade elétrica com auxílio de um Condutivímetro com leitor de 200 us/cm. Figura 10 – Leitura da condutividade elétrica da amostra. Registro dos resultados – Em uma planilha, você deve anotar os resultados das amostras. Assim, para cada parcela você terá 4 resultados. Para facilitar a leitura você pode fazer a média dos resultados e obter um resultado por parcela. Baixe aqui a planilha do teste de estress foto-oxidativo. Condutividade Elétrica Condutividade elétrica (CE)  é a medida de todos os íons que conduzem eletricidade na solução. Quanto maior for a quantidade de íons presentes na solução água + soluto, mais energia elétrica poderá ser conduzida entre esse íons e, por consequência, maior será a EC. A água destilada não conduz eletricidade, ou seja, CE da solução é neutra. Após 24 da amostra em imersão, os íons que estavam presentes na amostras (círculos) irão migrar para a solução que estava neutra passando a aumentar a CE da solução. Assim, quanto mais íons (eletrólitos) na amostra, maior será a condutividade elétrica, e maior será será a taxa de foto-oxidação na planta. Interpretando os resultados Os parâmetros de foto-oxidações (estresse) poderão ser estabelecidos na própria fazenda. Segundo observações de campo do Eng. Newton Matsumoto, áreas com folhas totalmente verdes apresentaram condutividade elétrica abaixo de 30 us/cm. Quando as folhas iniciavam sinais de descoloração (amarelecimento das folhas), a condutividade elétrica era de 70 us/cm; já em casos mais avançados, onde as folhas apresentavam queimaduras, observou-se condutividade elétrica de 100 us/cm. Baseado nas observações acima, o Eng. Newton adotou o valor de 40 us/cm como deadline (gatilho) para iniciar aplicações de produtos anti-estressantes com a finalidade de baixar o valor de foto-oxidação da planta.  Em áreas com condutividade elétrica de 40 us/cm, não são necessárias aplicações com produtos anti-estressantes. Observações de campo Após a implementação desse teste em sua fazenda, o Eng. Agrônomo Newton Matsumoto constatou alguns fatores: Os sintomas da foto-oxidação, principalmente em variedades sensíveis (Arra 15,...

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Na maioria das vezes, se você não trabalha com agricultura, provavelmente você não se preocupa como será o clima na semana. Os produtores e profissionais que trabalham com agricultura não observam o clima. Eles o vivem. O clima é o ingrediente mais importante na qualidade e quantidade de seu produto.

De fato, o sol, o vento e a chuva são os principais insumos para uma indústria que foi responsável por 23,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos.

Fatores que causam foto-oxidação das folhas em videiras (estresse)

Em muitas regiões climáticas semiáridas e áridas, onde a uva é amplamente cultivada em escala comercial, estresses abióticos, como salinidade do solo, altas temperaturas, radiação ultravioleta (UV) e escassez de água são os principais fatores que contribuem para a foto-oxidação das folhas de videiras (estresse).

O estresse oxidativo causado por radiação ultravioleta, alta temperatura e seca, pode causar desnaturação de proteínas (tanto estruturais quanto funcionais). Este tipo de foto-oxidação pode comprometer o desenvolvimento do parreiral, pois mais de 90% de produtividade de uma área são assegurados pela atividade fotossintética das folhas.

Em regiões de clima temperado, apesar das temperaturas serem amenas, as plantas também estão sujeitas ao estresse pois, apesar das chuvas de inverno poderem ter preenchido todo o perfil do solo, durante o verão a videira está sujeita à baixa disponibilidade de água no solo, acompanhada frequentemente por elevado nível de temperatura, radiação ultravioleta e défice de pressão de vapor de água atmosférico. Estas condições podem interferir nos processos fisiológicos, morfológicos, bioquímicos e moleculares da planta. Essas alterações podem comprometer a produtividade e qualidade do parreiral. Além disso, plantas mais debilitadas também são mais sujeitas ao desenvolvimento de doenças.

Visando melhorar a condição do seu parreiral, reduzindo o estresse oxidativo das folhas de videiras, o consultor e Eng. Agrônomo Newton Matsumoto, da empresa Rupestris desenvolveu um teste simples que visa monitorar o nível de foto-oxidação em folhas através da condutividade elétrica da solução de amostras com folhas de videiras.

Figura 2: Folhas de videiras sem e com sinais de estresse foto-oxidativo

Objetivo deste tipo de monitoramento

O monitoramento dos níveis de foto-oxidação visa auxiliar na redução do estresse da planta, possibilitando melhor taxa fotossintética da videira. Isso irá resultar para o produtor melhor ganho na produtividade e maior qualidade da fruta.

Como fazer o teste e monitoramento

Materiais necessários:

  • 20 folhas de videira
  • Um furador de couro nº10 (10mm)
  • Água destilada
  • Condutivímetro com leitor de 200 us/cm (microsiemens/cm)
  • Planilha para arquivar os resultados

Passo a passo para fazer o teste

  1. Coleta da amostra (folhas) – Você deve coletar as folhas que se encontram opostas ao cacho. No total serão necessárias 20 folhas por área ou parcela em que você deseja realizar o teste.

    Newton Matsumoto

    Figura 3 – Coleta da amostra – Folha oposta ao cacho.

  2. Limpeza das impureza das folhas – Antes do teste é importante lavar todas as folhas com água corrente visando a retirada de possíveis resíduos na superfície foliar. Após a lavagem, disponha as folhas para secar o excesso de água em condições ambiente.

    Figura 4 – Limpeza das impureza das folhas

    Figura 5 – Secagem das folhas para o teste.

  3. Corte de círculos para amostra – Separe a amostra de 20 folhas em 4 grupos de 5 folhas cada amostra. Em cada folha você deve retirar 5 círculos de tamanho padrão 10mm, totalizando 25 cortes por cada amostra de 5 folhas. Retire os círculos com auxílio de furador de couro número 10 (10mm).

    Figura 6 e 7 – Corte das amostras em círculos.

    Figura 6 e 7 – Corte das amostras em círculos.

  4. Imersão da amostra em água destilada – Após o corte da amostra (25 círculos) de cada grupo das 5 folhas, você deve fazer a imersão da amostra em um copo com água destilada (50ml) por um período de 24 horas. Anote o número da amostra e a parcela no copo.

    Figura 8 – Imersão da amostra em água destilada.

  5. Leitura da condutividade elétrica da amostra – Após 24 horas da amostra em imersão, você deve realizar a avaliação de condutividade elétrica com auxílio de um Condutivímetro com leitor de 200 us/cm.

    Figura 10 – Leitura da condutividade elétrica da amostra.

  6. Registro dos resultados – Em uma planilha, você deve anotar os resultados das amostras. Assim, para cada parcela você terá 4 resultados. Para facilitar a leitura você pode fazer a média dos resultados e obter um resultado por parcela.

Baixe aqui a planilha do teste de estress foto-oxidativo.

Condutividade Elétrica

Condutividade elétrica (CE)  é a medida de todos os íons que conduzem eletricidade na solução. Quanto maior for a quantidade de íons presentes na solução água + soluto, mais energia elétrica poderá ser conduzida entre esse íons e, por consequência, maior será a EC.

A água destilada não conduz eletricidade, ou seja, CE da solução é neutra. Após 24 da amostra em imersão, os íons que estavam presentes na amostras (círculos) irão migrar para a solução que estava neutra passando a aumentar a CE da solução. Assim, quanto mais íons (eletrólitos) na amostra, maior será a condutividade elétrica, e maior será será a taxa de foto-oxidação na planta.

Interpretando os resultados

Os parâmetros de foto-oxidações (estresse) poderão ser estabelecidos na própria fazenda. Segundo observações de campo do Eng. Newton Matsumoto, áreas com folhas totalmente verdes apresentaram condutividade elétrica abaixo de 30 us/cm. Quando as folhas iniciavam sinais de descoloração (amarelecimento das folhas), a condutividade elétrica era de 70 us/cm; já em casos mais avançados, onde as folhas apresentavam queimaduras, observou-se condutividade elétrica de 100 us/cm.

Baseado nas observações acima, o Eng. Newton adotou o valor de 40 us/cm como deadline (gatilho) para iniciar aplicações de produtos anti-estressantes com a finalidade de baixar o valor de foto-oxidação da planta.  Em áreas com condutividade elétrica de 40 us/cm, não são necessárias aplicações com produtos anti-estressantes.

Observações de campo

  • Após a implementação desse teste em sua fazenda, o Eng. Agrônomo Newton Matsumoto constatou alguns fatores:
  • Os sintomas da foto-oxidação, principalmente em variedades sensíveis (Arra 15, Itália), iniciam-se após os 70 dias após a poda. Nessa ocasião, foi verificado que níveis de condutividades elétricas se encontravam superiores a 40 us/cm (gráfico abaixo).
  • No segundo semestre do ano devido às altas temperaturas e altos índices de UV  (Índice ultravioleta) na região do Vale do São Francisco, as plantas são mais sujeitas aos efeitos de estresse (gráfico abaixo).
  • Os resultados do uso deste simples sistema de monitoramento, foram confirmados através de testes de prolina na planta. A prolina é aminoácido disponível na planta e está diretamente relacionado ao nível de estresse na planta. Assim, em condições de mais estresse a planta tende a produzir mais prolina.

Medidas para reduzir o estresse em videira

Embora os mecanismos da própria planta possam contribuir para evitar o estresse durante seu ciclo de vida, a tolerância também pode ocorrer no nível celular. Uma das respostas de estresse mais comuns em plantas é a produção excessiva de alguns solutos orgânicos. Esses solutos são geralmente carboidratos, como açúcares, aminoácidos e proteínas que atuam como osmólitos. Prolina é um deles que se sabe que ocorre amplamente em plantas superiores e normalmente se acumula em grandes quantidades em resposta a estresses ambientais.

A nível de campo, algumas práticas podem serem executadas visando a redução do estresse na planta. Por exemplo:

  • Irrigações parceladas durante o dia, pulverizações com algas marinhas e produtos antitranspirantes, e uso de matéria orgânica no solo;
  • Manejo adequado da fertirrigação, visando melhor controle da condutividade elétrica dentro dos níveis ideais para a cultura;
  • Aplicações de fertilizantes ricos em aminoácidos osmoreguladores (prolina, serina e glicina).

Considerações Finais:

O monitoramento do estresse foto-oxidativo vem ajudando a fazenda FAN (Fazenda Nova) nas atividades de campo da empresa. Utilizando esse monitoramento do índice de foto-oxidação, “conseguimos manter a folha sem foto-oxidação até a colheita, garantindo assim maior potencial produtivo na safra atual e na seguinte” afirma Newton Matsumoto (Eng. Agrônomo e proprietário).

Assita o vídeo do agrônomo Newton Matsumoto falando sobre o uso teste em sua empresa.

Você também pode utilizar esse teste em sua área. Caso você tenha alguma dúvida sobre o teste, envie um email para mim.

Eu gostaria de agradecer ao consultor Newton Matsumoto por compartilhar seus conhecimentos e suas experiências com a comunidade do Vittis. Ao Charles Galvão por sua assistência durante toda a produção do artigo.

Agradecimentos:

Eng. Agronômo, Emanuel Almeida

Dr. Celson Pommer

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Guia Completo De Como Plantar Uva Em Casa https://www.vittis.com.br/2017/08/28/guia-completo-de-como-plantar-uva-em-casa/ https://www.vittis.com.br/2017/08/28/guia-completo-de-como-plantar-uva-em-casa/#respond Mon, 28 Aug 2017 00:11:44 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=532 Aprenda como cultivar uvas, e você apreciará o prazer surpreendente de colher uvas frescas fruto de todo seu trabalho e cuidado.  Plantar videira em casa é um hobby que vem crescendo aqui nos Estados Unidos, bem como, no Brasil. No Facebook existe vários grupos de pessoas que são apaixonados por plantar uva e outras frutas em casa. Eu escrevi esse artigo à pedido de meus leitores que tinham dúvidas sobre o assunto. Se você tem alguma dúvida ou sugestão, por favor participe da conversa deixando o seu comentário no final do artigo. Como plantar uva em casa Quando eu era criança, lembro-me da minha avó comprando umas caixinhas de uva com sementes, que não tinha aparência muito atraente como as variedades que temos hoje, mas o sabor marcante daquelas uvas ainda estão presentes em minha memória. Naquele tempo sempre tive curiosidade de como eu poderia plantar as sementes daquelas uvas, e ter minha própria videira, mas como antigamente eu não tinha nenhum acesso à informação como é possível hoje, assim, eu não consegui realizar meu sonho de plantar meu pé de uva em casa. Saber cultivar uvas com sucesso significa selecionar a variedade certa para sua região. Videiras são capazes de  crescer em quase qualquer parte do país, mas você precisa escolher um que se adapte às suas condições locais da sua região. Desde a criação deste blog eu tenho recebido muitos emails de leitores pedindo ajuda sobre como cuidar de suas videiras. Para orientar meus leitores e amigos, eu escrevi esse artigo para te ajudar como plantar e cuidar da sua videira. Nesse artigo, meu amigo e consultor Newton Matsumoto fez uma programação de adubação simples e completa para videiras cultivadas em casa ou em pequena escala. Nesse artigo você irá aprender sobre: A adaptação da videira em vários tipos de climas Conhecendo uma planta de uva Escolhendo a variedade e o porta-enxerto Como fazer mudas de videira Escolha do local para plantio Como plantar sua muda Passo a passo de como plantar videiras em Vasos Sistema de condução da planta (Latada, Espaldeira ou Trellis Y) Irrigação e adubação da muda após plantio Cuidados necessários com sua planta após o plantio Como realizar a poda de formação e produção Outras atividades importantes para o desenvolvimento da planta Cuidados com as pragas e doenças da videira Material necessário para cuidar de sua videira Colheita A adaptação em vários tipos de climas A videira é uma planta rústica, e essa característica permite ampla adaptação em vários tipos de climas. Por exemplo, veja as foto abaixo, na foto 1a abaixo eu estava em um plantio de videira na cidade Victoria, estado de Minnesota – USA, uma área com temperaturas abaixo de zero e com neve durante aproximadamente 3 meses do ano. Já na imagem 1b, eu estava em um plantio comercial das Fazendas Labrunier na cidade de Petrolina-Pernambuco – Brazil, numa área de clima tropical (semiárido nordestino). Image: 1a Image: 1b Como você pode observar nas fotos, a rusticidade da videira permite seu cultivo em vários cenários agro-climáticas, por isso, a presença de carros ou edifícios não será um fator limitante para a sobrevivência da videira em sua casa. Conhecendo uma planta de uva A videira pertence à família Vitaceae, e o gênero Vitis é o único que apresenta importância econômica, social e histórica, onde todas as videiras silvestres ou cultivadas pertencem a este gênero. Estar familiarizado com os termos que são utilizados para identificar as partes da videira irá ajudar você a entender como cuidar melhor da sua videira durante a formação da planta, e especialmente, no momento da poda. A figura abaixo irá te ajudar a aprender os nomes das partes de uma videira. Lembre-se, a videira possui uma área foliar muito maior do que está demonstrado nesta figura. Partes da videira Escolhendo a variedade e o porta-enxerto de uva Variedade: Eu escrevi aqui no blog sobre novas cultivares de uva de mesa para o Vale do São Francisco e quais regiões estão começando a plantá-las. A escolha da variedade é muito importante, tanto para plantação comercial ou plantação em casa, e requer conhecer o clima  da sua região, pois o clima irá determinar quais as variedades que são mais adaptadas para a sua localidade. Existem três tipos gerais de uvas: Americanas, Européias e Muscadines. As uvas americanas crescem melhor em climas quentes e ensolarados, como o clima da Califórnia e o Semiárido nordestino. Uvas européias são comuns na Europa e partes do norte dos EUA, e as uvas Muscadine são comumente encontrados no sul dos EUA. No Brasil, a Muscadine é utilizada apenas em programas de melhoramento genético da videira. Uvas Americanas – Uva de suco Bordô Uvas Européias – Syrah Uvas Muscadine Sementes de uva Muscadine Dentro de cada tipo de videira, há várias espécies para escolher, onde a mesma espécie poderá variar em seus aspectos como cor, textura, tamanho e até mesmo o sabor. Alguns são doces e ideal para a mesa, outros são mais adequados para geléias, sucos e vinhos.  As uvas de vinho geralmente são de espécies européias. As principais variedades cultivadas no Brasil são: Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Tannat, Malbec, Nebbiolo, Carmenére, Sauvignon Blanc, Zinfandel, dentre outras. Já para suco e geléias, as principais variedades cultivadas são: Concord, Bordô, Isabel, Brs Magna, Brs Cora, Violeta e Niágara Branca. As variedade de uva de mesa são da espécie Vitis vinifera, sendo extremamente sensíveis a doenças fúngicas. Como o número de variedades dessa espécie cultivadas no Brasil é elevado, eu preparei uma planilha com importantes informações sobre cada variedade. Clique aqui para baixar uma planilha com todas as principais variedades de uva de mesa que são cultivadas no Brasil e os porta-enxertos mais recomendado. Além dessas variedades listadas, existem outras variedades cultivadas no Brasil que são patenteadas para cultivo, ou seja, você só pode plantar com uma permissão da empresa que desenvolveu ou possui a patente da variedade. Porta-enxerto (cavalo): O uso de porta-enxerto, é realizado através da técnica muito antiga chamada de enxertia. O porta-enxerto nada mais é, que um tipo de videiras que são...

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Aprenda como cultivar uvas, e você apreciará o prazer surpreendente de colher uvas frescas fruto de todo seu trabalho e cuidado. 

Plantar videira em casa é um hobby que vem crescendo aqui nos Estados Unidos, bem como, no Brasil. No Facebook existe vários grupos de pessoas que são apaixonados por plantar uva e outras frutas em casa. Eu escrevi esse artigo à pedido de meus leitores que tinham dúvidas sobre o assunto. Se você tem alguma dúvida ou sugestão, por favor participe da conversa deixando o seu comentário no final do artigo.

Guia completo de como plantar uva em casa

Como plantar uva em casa

Quando eu era criança, lembro-me da minha avó comprando umas caixinhas de uva com sementes, que não tinha aparência muito atraente como as variedades que temos hoje, mas o sabor marcante daquelas uvas ainda estão presentes em minha memória. Naquele tempo sempre tive curiosidade de como eu poderia plantar as sementes daquelas uvas, e ter minha própria videira, mas como antigamente eu não tinha nenhum acesso à informação como é possível hoje, assim, eu não consegui realizar meu sonho de plantar meu pé de uva em casa.

Saber cultivar uvas com sucesso significa selecionar a variedade certa para sua região. Videiras são capazes de  crescer em quase qualquer parte do país, mas você precisa escolher um que se adapte às suas condições locais da sua região.

Desde a criação deste blog eu tenho recebido muitos emails de leitores pedindo ajuda sobre como cuidar de suas videiras. Para orientar meus leitores e amigos, eu escrevi esse artigo para te ajudar como plantar e cuidar da sua videira. Nesse artigo, meu amigo e consultor Newton Matsumoto fez uma programação de adubação simples e completa para videiras cultivadas em casa ou em pequena escala.

Nesse artigo você irá aprender sobre:

  • A adaptação da videira em vários tipos de climas
  • Conhecendo uma planta de uva
  • Escolhendo a variedade e o porta-enxerto
  • Como fazer mudas de videira
  • Escolha do local para plantio
  • Como plantar sua muda
  • Passo a passo de como plantar videiras em Vasos
  • Sistema de condução da planta (Latada, Espaldeira ou Trellis Y)
  • Irrigação e adubação da muda após plantio
  • Cuidados necessários com sua planta após o plantio
  • Como realizar a poda de formação e produção
  • Outras atividades importantes para o desenvolvimento da planta
  • Cuidados com as pragas e doenças da videira
  • Material necessário para cuidar de sua videira
  • Colheita

A adaptação em vários tipos de climas

A videira é uma planta rústica, e essa característica permite ampla adaptação em vários tipos de climas. Por exemplo, veja as foto abaixo, na foto 1a abaixo eu estava em um plantio de videira na cidade Victoria, estado de Minnesota – USA, uma área com temperaturas abaixo de zero e com neve durante aproximadamente 3 meses do ano. Já na imagem 1b, eu estava em um plantio comercial das Fazendas Labrunier na cidade de Petrolina-Pernambuco – Brazil, numa área de clima tropical (semiárido nordestino).

Laise na videira no inverno com neve

Image: 1a

Videira na primavera

Image: 1b

Como você pode observar nas fotos, a rusticidade da videira permite seu cultivo em vários cenários agro-climáticas, por isso, a presença de carros ou edifícios não será um fator limitante para a sobrevivência da videira em sua casa.

Conhecendo uma planta de uva

A videira pertence à família Vitaceae, e o gênero Vitis é o único que apresenta importância econômica, social e histórica, onde todas as videiras silvestres ou cultivadas pertencem a este gênero.

Estar familiarizado com os termos que são utilizados para identificar as partes da videira irá ajudar você a entender como cuidar melhor da sua videira durante a formação da planta, e especialmente, no momento da poda. A figura abaixo irá te ajudar a aprender os nomes das partes de uma videira. Lembre-se, a videira possui uma área foliar muito maior do que está demonstrado nesta figura.

imagem que explica partes da videira

Partes da videira

Escolhendo a variedade e o porta-enxerto de uva

Variedade:

Eu escrevi aqui no blog sobre novas cultivares de uva de mesa para o Vale do São Francisco e quais regiões estão começando a plantá-las. A escolha da variedade é muito importante, tanto para plantação comercial ou plantação em casa, e requer conhecer o clima  da sua região, pois o clima irá determinar quais as variedades que são mais adaptadas para a sua localidade.

Existem três tipos gerais de uvas: Americanas, Européias e Muscadines. As uvas americanas crescem melhor em climas quentes e ensolarados, como o clima da Califórnia e o Semiárido nordestino. Uvas européias são comuns na Europa e partes do norte dos EUA, e as uvas Muscadine são comumente encontrados no sul dos EUA. No Brasil, a Muscadine é utilizada apenas em programas de melhoramento genético da videira.

Uvas Americanas - Uva de suco Bordô

Uvas Americanas – Uva de suco Bordô

Uvas Européias - Syrah

Uvas Européias – Syrah

Uvas Européias - Syrah

Uvas Muscadine

Sementes de uva Muscadine

Sementes de uva Muscadine

Dentro de cada tipo de videira, há várias espécies para escolher, onde a mesma espécie poderá variar em seus aspectos como cor, textura, tamanho e até mesmo o sabor. Alguns são doces e ideal para a mesa, outros são mais adequados para geléias, sucos e vinhos.  As uvas de vinho geralmente são de espécies européias. As principais variedades cultivadas no Brasil são: Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Tannat, Malbec, Nebbiolo, Carmenére, Sauvignon Blanc, Zinfandel, dentre outras.

Já para suco e geléias, as principais variedades cultivadas são: Concord, Bordô, Isabel, Brs Magna, Brs Cora, Violeta e Niágara Branca.

As variedade de uva de mesa são da espécie Vitis vinifera, sendo extremamente sensíveis a doenças fúngicas. Como o número de variedades dessa espécie cultivadas no Brasil é elevado, eu preparei uma planilha com importantes informações sobre cada variedade.

Clique aqui para baixar uma planilha com todas as principais variedades de uva de mesa que são cultivadas no Brasil e os porta-enxertos mais recomendado.

Além dessas variedades listadas, existem outras variedades cultivadas no Brasil que são patenteadas para cultivo, ou seja, você só pode plantar com uma permissão da empresa que desenvolveu ou possui a patente da variedade.

Porta-enxerto (cavalo):

O uso de porta-enxerto, é realizado através da técnica muito antiga chamada de enxertia. O porta-enxerto nada mais é, que um tipo de videiras que são resistente as doenças do solo, geralmente, são espécie que não possuem boas características de fruto para consumo. Já a copa (variedade escolhida), são espécie que apresentam boas qualidade para consumo, seja em forma de vinhos, sucos ou in natura.

O processo de enxertia, envolve a combinação de duas variedades ou espécies diferentes para formar uma planta com novas características (porta-enxerto – parte que fica no solo + variedade copa-parte aérea da planta.

A escolha do porta-enxerto é um fator determinante para a formação de sua planta, o mesmo deve apresentar resistência a filoxera e nematóides, adaptação ao meio ambiente, facilidade de propagação, ter afinidade satisfatória com as cultivares copa, sanidade e desenvolvimento, de acordo com o destino da produção.

Para conhecer as melhores combinações de porta-enxertos e variedades você deve fazer testes, ou buscar informações sobre os porta-enxertos mais utilizados em sua região.

Foto de uma planta completa mostrando as diferentes partes de uma muda enxertada - variedade e o porta-enxerto

Foto de uma planta completa mostrando as diferentes partes de uma muda enxertada – variedade e o porta-enxerto

Para escolher seu porta-enxerto você precisa saber qual é o vigor da variedade que você irá cultivar. Assim, se a variedade apresenta alto vigor, você deve utilizar um porta-enxerto que proporciona redução de vigor. Outro fator importante, você deve conhecer as características do seu solo, como pH, profundidade e textura para decidir qual tipo de porta-enxerto você irá utilizar. Consulte a tabela que eu disponibilizei acima e confira quais são os porta-enxertos mais utilizados para a variedade que você deseja plantar.

Como fazer mudas de videira?

A videira pode ser propagada por via sexual (semente) ou via assexual por meio de estacas ou ramos. A propagação por sementes não é indicada para plantios comerciais, principalmente pelo longo tempo que leva para a formação das plantas e pela variabilidade conferida, sendo um processo usado somente em programas de melhoramento genético.

  • Faça você mesmo sua muda de uva (pé franco – muda sem porta-enxerto)

Siga os passos abaixo para produzir mudas por estacas de videiras sem porta-enxerto ou cavalo:

  1. Selecione ramos lignificados (maduros) com 8 – 12 mm de diâmetro, e que tenha 3 a 4 gemas por estacas (25 – 30 cm de comprimento). Faça um corte na base da estaca próximo a um nó e, na parte de cima, um pouco acima da gema terminal. Retire todas as gemas da região do ramo onde irá ficar dentro do solo no saquinho.
  2. Antes de plantar a estaca no saquinho, deixe as estacas em água por 24 horas.
  3. No plantio, devem-se enterrar 2/3 da estaca, comprimindo o solo em volta da mesma. Logo após, irriga-se e cobre-se a estaca até a altura de sua ponta, para evitar o dessecamento.
  • Porque comprar mudas em viveiros?

As variedades de uva da espécies vinifera são sensíveis às doenças de solo, por isso é ideal que você faça a enxertia da variedade copa que você deseja plantar em um porta-enxerto mais adaptado para sua região. Você pode utilizar o processo que ensinei acima para produzir sua muda de porta-enxerto, e fazer a enxertia com a variedade que você deseja plantar posteriormente em campo. Caso você prefira, também é possível realizar a enxertia de mesa no momento em que estiver produzindo a sua muda. Em um novo artigo irei explicar como você pode realizar a enxertia em videiras.

Eu aconselho você a visitar um viveiro local para encontrar a variedade e o porta-enxerto  que se adapte às suas necessidades e ao ambiente. Selecione plantas que parecem saudáveis e fortes, e sem incidência de doenças ou ataque de insetos. Quando possível, certifique-se de que não está infectada com vírus para garantir que seu crescimento saudável continue.

Escolhendo o local para plantio 

  • Luminosidade

Videiras adoram sol – com necessidade térmica de 6 – 8 horas de luz por dia – a falta de luz pode reduzir a produção e a qualidade de frutos. A videira tem boa adaptação em uma faixa de temperatura 15 e 30º C. A temperatura e a luz influencia na fotossíntese e na produtividade, como também, na duração do ciclo fenológico (dias da poda à colheita). Assim, as regiões tropicais, como o Vale do São Francisco, apresentam um ciclo produtivo menor quando comparado às regiões de clima temperado.

A falta de luz também aumentam as condições favoráveis para doenças causadas por fungos, como, por exemplo, o Míldio. Sendo assim, no momento da escolha do local, é importante selecionar um local ao pleno sol. Se você não tem um ponto em seu quintal que é ensolarado durante todo o dia, encontre um lugar onde sua planta possa, pelo menos, receber o sol da manhã. Procure orientação para otimizar a exposição de plantas para o sol: orientação norte-sul em pequenas áreas ensolaradas, e leste-oeste, onde a insolação é excessivo e pode ser prejudicial para plantas .

  • Profundidade do solo

O ideal é que seu solo seja profundo, solto, bem drenado e livre de ervas daninhas e gramas. Solo que é ligeiramente arenoso ou argiloso com um pH apenas acima de 7 é o melhor.

  • Aeração do local

Outro fator que deve levar em consideração é a circulação de ar, pois uma boa aeração ajuda a evitar fungos que atacam sua videira. Logo, é necessário encontrar uma área longe de árvores ou edifícios que possam bloquear a brisa de soprar em sua videira.

A videira necessita de um período de repouso (dormência) hibernal para acúmulo de reserva e, consequentemente e, boa frutificação na safra seguinte. O repouso é induzido por condições de baixas temperaturas nas regiões de clima subtropical e temperado, e por déficit hídrico associado à utilização de um produto químico em regiões de clima tropical semi-árido.

Posso plantar videiras em Vasos?

Caso em sua casa não tenha quintal ou jardim, você pode plantar videiras em vasos. Para isso, você deve utilizar em vasos com uma capacidade de 50 litros com uma profundidade de pelo menos, 40 cm. No fundo do vaso, adicione algumas pequenas pedras para garantir a drenagem. A composição da terra será ⅓  de composto, ⅓ terra vegetal e ⅓  com areia, fornecendo mais terra e areia, quando necessário, em anos posteriores. É importante fazer uma separação entre potes suficientes para permitir o desenvolvimento adequado de cada planta. O piso onde os vasos serão colocados deverá possuir uma inclinação suficiente para que o excesso de água de irrigação não fique acumulado próximo ao vaso, atuando assim, como uma forma de drenagem.

Foto de videira caseira

Fonte: Business Insider

Sistema de condução da planta – Latada, Espaldeira ou Trellis – Y

A videira necessita de um sistema de condução para garantir um bom desenvolvimento da planta. Esses sistemas adotados podem ser simples, como a espaldeira ou mais sofisticados como o sistema de latada/pérgolas ou Trellis.

Veja abaixo as diferenças entre esses sistemas:

  • Espaldeira – Esse sistema é o mais utilizado para uva de suco ou vinho. As plantas são conduzidas na vertical, em 2 ou 3 fios de arame, que são sustentados por postes de madeira. As vantagens desse sistema são: menor custo de implantação; facilidade em operações, como: remoção de folhas, pulverizações dos cachos; desponta de ramos e melhor aeração. Proporcionando melhor controle e redução de doenças e melhor exposição da fruta a luz solar.

Imagem mostrando como plantar videira

  • Latada ou Pérgola – Esse sistema é muito utilizado para uva de mesa, principalmente em uvas finas. As plantas são conduzidas na horizontal, em arames suspensas a 2 metros do chão. As vantagens desse sistema é que área disponível para o desenvolvimento da planta é maior, o que garante maior produtividade, maior vigor vegetativo, maior aeração na copa, maior produção e facilidade do sistema de adaptar-se em diferentes topografia. A principal desvantagem desse sistema é o alto custo de implantação.
Sistema de latada utilizada em áreas comerciais na região do Vale do São Francisco.

Sistema de latada utilizada em áreas comerciais na região do Vale do São Francisco.

O plantio de videiras em casa muitas vezes são feitos de modo mais sofisticado utilizando sistema pérgola/pergolado ou caramançhão de madeiras. Caso queira trabalhar com o plantio da videira neste tipo de sistema, utilize uma videira por 4.6 – 9.2 m2 de espaço do pérgola/pergolado ou caramançhão por videira.

Pérgola utilizado em jardins ou quintais em áreas urbanas ou rurais.

Pérgola utilizado em jardins ou quintais em áreas urbanas ou rurais.

  • Trellis (Y) – nesse sistema os ramos ficam quase na horizontal e deitam-se naturalmente sobre os arames. Isso proporciona  melhor distribuição dos galhos e das folhas, aumentando a produtividade e facilitando a colheita da uva.
Sistema de Y utilizado em áreas comerciais na região do Vale do São Francisco.

Sistema de Y utilizado em áreas comerciais na região do Vale do São Francisco.

Sistema de Y utilizado em jardins ou quintais em áreas urbanas ou rurais.

Sistema de Y utilizado em jardins ou quintais em áreas urbanas ou rurais.

Se o espaço no qual você deseja plantar suas videiras é grande, você pode montar um mine parreiral, utilizando o sistema de latada ou trellis, para uva de mesa. Já para uva de vinho, você pode trabalhar com um sistema de espaldeira.

Como plantar a sua muda de uva?

Se você irá plantar apenas uma muda, não se preocupe com espaçamento entre plantas, apenas escolha bem o local onde ira plantar sua muda. Entretanto, se você deseja plantar mais mudas em um mesmo local, verifique qual o espaçamento adequado para a cada variedade selecionada. O espaçamento depende de alguns aspectos: topografia do terreno, luminosidade, vigor da cultivar/porta-enxerto, fertilidade do solo e sistema de condução. Não se recomenda distâncias entre fileiras menores que 2 m.

O sistema de espaldeira requer espaçamentos menores do que o sistema em latada. Na tabela abaixo veja os principais espaçamento utilizados para cada tipo de estrutura de sustentação. Para uva de mesa, se você ainda não fez o download com a lista das variedades com seus respectivos espaçamento, você pode baixar  aqui a tabela completa com o espaçamento mais utilizado em variedade.

Tabela de espaçamento mais utilizado para cada sistema de plantio de uva.

Espaçamento mais utilizado para cada sistema de plantio de uva.

Abertura da cova ou berço

A cova ideal para o plantio de videira deve ter uma dimensão de 60cm x 60cm x 60cm. No momento da abertura da cova, você deve separar o solo retirado no momento desta operação. O solo retirado de 0 – 20 cm de profundidade, você irá utilizar para misturar com o composto orgânico.

Depois de abertas as covas, deve-se aplicar uma pequena quantidade de calcário, de 100 a 200 g/cova, dependendo da análise química do solo e do volume de terra da cova. O ideal é essa aplicação seja feito 15-20 antes do plantio da muda.

Os fertilizantes minerais e o composto (50 litros/cova de esterco de curral curtido ou de outro produto similar.) devem serem colocados na cova e misturados com a terra da própria cova (0-20 cm da camada de solo retirada), antes de se fazer o transplantio das mudas.

Fazendo o plantio da muda de uva

Antes do plantio você deve fazer uma irrigação nas plantas, por exemplo, você deve colocar as videiras em um vaso com água por cerca de 5 minutos, ou fazer uma irrigação pesada com um regador.

Para o plantio da muda, você deve posicionar a muda no centro da cova e adicionar o solo com os fertilizantes. Após o plantio, você realizar as irrigações periodicamente,  sempre e avaliando a condição do solo.

Plantio da muda de uva

Após 15 – 20 dias depois do plantio, você deve selecionar apenas um broto terminal para ser conduzido, devendo sempre escolher aquele mais vigoriso, eliminando em seguida os demais.

Cuidando da irrigação e  adubação da muda de uva após plantio

Irrigação:

A água das chuvas não vêm regularmente conforme a necessidade da planta, recomenda-se, se possível, a instalação de sistema de irrigação por gotejamento ou microaspersão; se não for possível, você pode fazer as irrigações manualmente utilizando um regador comum. A videira precisa de no mínimo de 300 litros de água por ano por m2 de superfície. Para isso, você precisa calcular a densidade de sua área, e, consequentemente, calcular a quantidade de água que precisa fornecer, considerando a evaporação do dia anterior, fase fenológica da planta, a precipitação prevista, a insolação e a temperatura.

É melhor regar duas vezes por semana durante o primeiro ano, prestando atenção para possíveis sintomas nas plantas em termos de excesso ou déficit de água. Em meses mais frios, a videira requer menos água do que o resto do ano, já no verão, a planta intensifica  sua necessidade de água.

Imagem de Irrigação linha e gotejo

Adubação:

O manejo de adubação da videira após o plantio envolve duas fases: 1) adubação de crescimento e 2) adubação de produção. A fase de adubação de crescimento inicia logo após os 45 dias de plantio, que constitui-se das aplicações de nitrogênio, fósforo e potássio através de fertilizantes minerais ou orgânico.

A adubação de produção iniciará após a primeira poda de frutificação, no qual deve-se adubar o parreirral a cada ciclo vegetativo (poda), utilizando-se esterco, fósforo, potássio e nitrogênio, de forma equilibrada, sempre respeitando as necessidades da cultura. O ideal é realizar análise de folhas e solo para conhecer e realizar uma adubação balanceada e adequadas para as necessidades de suas videiras.

Caso você não tenha como realizar uma análise de solo ou folha para fazer à adubação das plantas, aqui vai uma sugestão de um programa de adubação.

Esse programa foi desenvolvido pelo Eng. agrônomo consultor de uva, Newton Matsumoto.

Clique aqui para baixar o cronograma completo de adubação.

Cuidados necessários com sua planta de uva após o plantio

Cuidando da muda:

Os cuidados com a formação da planta deverão serem bem planejados e colocados em prática no início da brotação. Após 20 – 40 dias do plantio, você deve eliminar o excesso de ramos e folhas laterais que irão surgir na sua planta.

Quando você olhar para a imagem abaixo, perceberá que assim como na imagem, existirá em sua videira um ramo que está mais forte que os demais. Então, este é o ramo que você deverá conduzir no tutor (madeira de sustentação)  para alcançar o fio do seu parreiral.

Videira pequena

Para que sua planta se desenvolva rápido, não esqueça de eliminar todos os outros ramos de crescimento que competem por nutrientes na videira. Na figura abaixo, você tem um esquema ao lado esquerdo de como você deve realizar essa atividade. No lado direito você pode ver uma imagem de uma planta após a remoção todos os brotos laterais da muda, deixando apenas o broto mais forte, o mais desenvolvido.

Videira pequena

Formação da planta de uva

Após a seleção do broto, você deve conduzir esse ramos mediante sucessivas amarrações junto ao tutor (Fig. B); quando esse broto alcançar a estrutura da latada ou o primeiro fio da espaldeira, você deve despontado (cortados a ponta do ramo) cerca de 10 cm abaixo do arame (Fig. C), para eliminar a dominância apical e estimular a brotação e o desenvolvimento das feminelas (braços ou saídas da planta).

Imagem mostrando como posicionar videira

Esses brotos deverão serem amarrados no sentido da linha de plantio, um para cada lado (Fig. D). Caso eles tenham o vigor suficiente, poderão serem novamente despontados (cortados com 5 – 6 gemas).

Nos sistemas em que se adotar a condução em um braço, o ramo principal não será despontado (cortado), devendo ser conduzido junto ao tutor e quando alcançar o primeiro fio da estrutura será desviado e conduzido no sentido desejado. O mesmo poderá ser despontado (cortado) quando alcançar a videira seguinte.

Posicionamento da videira

 Poda de Formação

A depender da região em que você mora, sua primeira poda poderá ocorrer entre 11 e 15 meses após o plantio de sua muda. A qualidade da primeira poda será importante para a formação da estrutura da copa da planta, bem como, sua futura área produtiva. Então, eu quero te ensinar aqui como você deve realizar essa atividade. A poda de formação consiste em podar os ramos laterais da videira deixando no máximo seis gemas. As plantas fracas devem serem podadas com duas gemas. Nessa fase, você não deve eliminar nenhum braço ou saída.

Videira no primeiro estágio

Imagem de poda

Poda de produção – 2º ano

A poda de produção é feita eliminando os ramos mal localizados ou fracos, com objetivo de deixar a planta com o número de saídas ou braços desejado. Geralmente usa-se um espaçamento de 25 cm entre uma saída e outra. Assim o número de braços irá depender do espaçamento da planta. Portanto, nos 25 cm de cada braço permanecem duas varas  num sentido e uma no sentido oposto. Esse número irá variar de acordo com o número obtido no cálculo de gemas necessários por planta.

Imagem depois da segundo ano

Imagem do segundo ano de poda

Poda de produção – 3º ano

Como a sua planta já está com a estrutura (posição do braços ou saídas) definidas, agora você deve se atentar ao o número de ramos e consequentemente gemas deixados no momento da poda. 

Em cada braço ou saída a depender do espaçamento, você pode deixar em cada braço ou saída 3 – 4 varas com 6 a 7 gemas cada uma e até 6 esporões com duas gemas cada um.  

Foto da videira

Outras atividades importantes para o desenvolvimento da planta  

Tabela de práticas de manejo de copa

Material necessário para cuidar de sua videira

Além de todo o material para o estabelecimento da videira, como vasos de flores, solo, fertilizantes, pesticidas, sistema de irrigação, se for o caso, etc., terá que ter material suficiente para gestão da vinha em si.

As doenças mais comuns que podem afetar a videira são o oídio, míldio, aranha vermelha ou apodrecer. Seria aconselhável ter enxofre, cobre e  outro produto comercial para controle de fungos da videira.

Como o controle de pragas e doenças é um assunto muito amplo, irei publicar um outro artigo sobre esse tema.

Chegou a colheita das uvas!

Após muito trabalho cuidando de sua videira, você irá colher os frutos do seu esforço. A colheita da videira é feita quando a fruta completa seu ciclo de maturação, ou seja, a fruta está docinha. Caso disponha de uma refratômetro (equipamento que verifica o teor de açúcar da uva), a teor recomendado para colheita da uva é de 17 ºBrix. A colheita deve ser feita com cuidado sem amassar ou causar danos na fruta durante essa atividade.

Cacho de uvas

Considerações Finais:

Eu gostaria de agradecer a participação do consultor Newton Matsumoto e Carlos Fac (Cooperativa Agrícola de Juazeiro – CAJ) na elaboração deste artigo.

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Como Identificar Podridões Em Uva De Mesa Na Pré-Colheita De Forma Simples https://www.vittis.com.br/2017/05/22/como-identificar-podridoes-em-uva-de-mesa-na-pre-colheita-de-forma-simples/ https://www.vittis.com.br/2017/05/22/como-identificar-podridoes-em-uva-de-mesa-na-pre-colheita-de-forma-simples/#respond Mon, 22 May 2017 13:08:37 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=666 Se você é um produtor de uva de mesa, agrônomo ou trabalha com viticultura, você sabe o quanto podridões em uvas de mesa, na pré ou pós-colheita, pode causar grandes perda financeira para os produtores, bem como o para o supermercados ou redes atacadistas. No Brasil e em muitos outros países, fungos como Botrytis, Rhizopus, Aspergillus e Penicillium, bem como bactérias e leveduras são os principais responsáveis ​​por incidência de podridões na pré-colheita. Na pós-colheita, a podridão é causada principalmente pelo fungo Botrytis cinerea,  no entanto, existe outros fungos e bactérias que também causam podridões na fruta. A ação desses microrganismos depende da qualidade da fruta no campo, da forma que a fruta embalada e das condições de armazenamento. Visando reduzir os riscos de podridões da uva na pós-colheita, eu juntamente com a especialista em pós-colheita a eng. agrônoma, Escarlett Jelvez, escrevemos esse guia de um teste prático para identificar o nível de podridões na sua área na fase de pré-colheita da fruta.  Esse teste foi desenvolvido e testado pela primeira vez pela empresa Del Monte no Chile. No entanto, o mesmo está sendo adotado em diversas empresas exportadoras de uva de mesa na América do Sul. O objetivo desse teste é identificar os níveis de podridões na área que será colhida, bem como, melhorar desde as aplicações de agroquímicos no campo antes da colheita da uva, até evitar possíveis complicações na chegada da fruta no destino final. O resultado desse teste irá te direcionar na tomada de decisão no momento da venda da fruta. Assim, nas áreas onde o teste identificar maior índice de fungos na fruta, recomenda-se você direcionar essa fruta para um mercado consumidor mais próximo, ou seja, a fruta será vendida mais rápido e a probabilidade de problemas com podridões serão reduzidas. Maior índice de  fungos             mercado comercial mais próximo   Materiais utilizados para fazer o teste: 50 bagas de uvas, sendo estas representatives de acordo com o padrão de baga da área.   Álcool  90% Tesouras de colheita Agua destilada Aspersor de agua Cumbucas ou vasilha transparente Pinça Lamparina Preparando o teste: Coletando as bagas de uva de mesa no campo: O teste deve ser feito 3 – 5 dias antes da colheita. Nesse teste você irá utilizar 50 bagas de uva com pedicelo, a amostra deve ser representando um 1% da área que será colhida. As bagas deverão serem coletadas de forma aleatória na área. A amostra deve ser representativa com a condição da área, ou seja, você deve coletar as bagas com mesmo padrão de tamanho e maturação. O caminhamento na área para coleta das bagas, é recomendado que seja feito em forma de X ou Z, veja o esquema abaixo. Passos para montar o teste: O teste deve ser feito em um local limpo, para isso, você deve aplicar o álcool 90% na superfície (mesa ou bancada) onde você irá trabalhar, como também nos materiais de trabalho (cumbuca ou vasilha  e pinça). 2. Pegue uma cumbuca ou  um vasilha transparente, faça três camadas de papel toalha cobrindo todo o fundo da cumbuca ou vasilha; depois você deve umedecer o papel com água destilada. 3. Com auxílio de uma pinça, você deve pegar as bagas  pelo pedicelo e  colocar dentro da cumbuca (4 bagas por fila). As bagas devem ficar separadas umas  bragas das outras. Repetir o mesmo procedimento com o restante das bagas que serão depositadas em 3 cumbucas, ou mais. O número de bagas por cumbuca irá depender do tamanho da cumbuca. Forma correta de trabalhar com as bagas que serão utilizadas no teste. Como você deve posicionar as bagas na cumbuca ou vasilha. O número de bagas por cumbuca irá depender do tamanho da cumbuca ou vasilha. 4. Coloque a identificação do teste: nome da parcela, numero da cumbuca, a variedade, data, idade, etc… Você pode tirar fotos no primeiro e no último dia do teste para comparar o antes e o depois das bagas no final do teste. Identificação da área/parcela que está sendo avaliada. 5. Após colocar todas as bagas dentro da cumbuca ou vasilha, você deve fechá-las e colocá-las dentro de uma sacola transparente; fechá-la de forma hermética, do jeito que não permita a entrada de ar dentro da sacola, e assim evitar contaminação externa da amostra.   7. Após o fechamento das sacolas com as cumbucas, você deve armazená-las em local limpo, em temperatura ambiente (20 a 25ºC). Não mexer nas amostras até o dia da leitura das amostras, que deve ser feito após o terceiro dia do início do teste. Armazenamento das cumbucas que estão sendo avaliadas. Avaliação do teste Como a avaliação do teste deve ser feito em duas fases, é importante você ter uma planilha para armazenar as informações coletadas nas avaliações. As informações dessa planilha irá te orientar na tomada de decisão no momento da colheita da uva. Para te ajudar a salvar as informações do seu teste, nós já criamos uma planilha e estamos disponibilizando para você, basta você clicar aqui . Primeira avaliação: 3 dias após o início do teste, você deve verificar cada cumbuca e conferir se alguma baga está infectada com podridão, após disso, calcular o porcentagem de infecção. Salve informações coletadas na planilha. % DE  INCIDENCIA: número de bagas afetadas/ nº total de bagas da amostra X 100 Primeira avaliação de podridões b. Segunda avaliação: Deve ser realizado 3 dias depois da primeira avaliação. O procedimento é o mesmo, você deve verificar cada cumbuca e conferir se alguma baga está infectada com podridão, assim, calcular a porcentagem de infecção. Salve informações coletadas na planilha, é muito importante que as amostras já avaliadas sejam descartadas fora do laboratório onde o teste está sendo feito o teste, evitando assim a recontaminação das novas amostras. % DE  INCIDENCIA: número de bagas afetadas/ nº total de bagas da amostra X 100    Segunda avaliação de podridões Como aplicar os resultados para tomada de decisão no momento da colheita Os resultados do seu teste irão te direcionar para qual mercado você irá vender sua fruta. Assim, a...

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Se você é um produtor de uva de mesa, agrônomo ou trabalha com viticultura, você sabe o quanto podridões em uvas de mesa, na pré ou pós-colheita, pode causar grandes perda financeira para os produtores, bem como o para o supermercados ou redes atacadistas. No Brasil e em muitos outros países, fungos como Botrytis, Rhizopus, Aspergillus e Penicillium, bem como bactérias e leveduras são os principais responsáveis ​​por incidência de podridões na pré-colheita. Na pós-colheita, a podridão é causada principalmente pelo fungo Botrytis cinerea,  no entanto, existe outros fungos e bactérias que também causam podridões na fruta. A ação desses microrganismos depende da qualidade da fruta no campo, da forma que a fruta embalada e das condições de armazenamento.

Visando reduzir os riscos de podridões da uva na pós-colheita, eu juntamente com a especialista em pós-colheita a eng. agrônoma, Escarlett Jelvez, escrevemos esse guia de um teste prático para identificar o nível de podridões na sua área na fase de pré-colheita da fruta. 

Esse teste foi desenvolvido e testado pela primeira vez pela empresa Del Monte no Chile. No entanto, o mesmo está sendo adotado em diversas empresas exportadoras de uva de mesa na América do Sul.

O objetivo desse teste é identificar os níveis de podridões na área que será colhida, bem como, melhorar desde as aplicações de agroquímicos no campo antes da colheita da uva, até evitar possíveis complicações na chegada da fruta no destino final.

O resultado desse teste irá te direcionar na tomada de decisão no momento da venda da fruta. Assim, nas áreas onde o teste identificar maior índice de fungos na fruta, recomenda-se você direcionar essa fruta para um mercado consumidor mais próximo, ou seja, a fruta será vendida mais rápido e a probabilidade de problemas com podridões serão reduzidas. Maior índice de  fungos             mercado comercial mais próximo  

Materiais utilizados para fazer o teste:

  • 50 bagas de uvas, sendo estas representatives de acordo com o padrão de baga da área.  
  • Álcool  90%
  • Tesouras de colheita
  • Agua destilada
  • Aspersor de agua
  • Cumbucas ou vasilha transparente
  • Pinça
  • Lamparina

Preparando o teste:

  • Coletando as bagas de uva de mesa no campo:

O teste deve ser feito 3 – 5 dias antes da colheita. Nesse teste você irá utilizar 50 bagas de uva com pedicelo, a amostra deve ser representando um 1% da área que será colhida. As bagas deverão serem coletadas de forma aleatória na área. A amostra deve ser representativa com a condição da área, ou seja, você deve coletar as bagas com mesmo padrão de tamanho e maturação. O caminhamento na área para coleta das bagas, é recomendado que seja feito em forma de X ou Z, veja o esquema abaixo.

Passos para montar o teste:

  1. O teste deve ser feito em um local limpo, para isso, você deve aplicar o álcool 90% na superfície (mesa ou bancada) onde você irá trabalhar, como também nos materiais de trabalho (cumbuca ou vasilha  e pinça).

2. Pegue uma cumbuca ou  um vasilha transparente, faça três camadas de papel toalha cobrindo todo o fundo da cumbuca ou vasilha; depois você deve umedecer o papel com água destilada. 3. Com auxílio de uma pinça, você deve pegar as bagas  pelo pedicelo e  colocar dentro da cumbuca (4 bagas por fila). As bagas devem ficar separadas umas  bragas das outras. Repetir o mesmo procedimento com o restante das bagas que serão depositadas em 3 cumbucas, ou mais. O número de bagas por cumbuca irá depender do tamanho da cumbuca.

Forma correta de trabalhar com as bagas que serão utilizadas no teste.

Como você deve posicionar as bagas na cumbuca ou vasilha. O número de bagas por cumbuca irá depender do tamanho da cumbuca ou vasilha.

4. Coloque a identificação do teste: nome da parcela, numero da cumbuca, a variedade, data, idade, etc… Você pode tirar fotos no primeiro e no último dia do teste para comparar o antes e o depois das bagas no final do teste.

Identificação da área/parcela que está sendo avaliada.

5. Após colocar todas as bagas dentro da cumbuca ou vasilha, você deve fechá-las e colocá-las dentro de uma sacola transparente; fechá-la de forma hermética, do jeito que não permita a entrada de ar dentro da sacola, e assim evitar contaminação externa da amostra.   7. Após o fechamento das sacolas com as cumbucas, você deve armazená-las em local limpo, em temperatura ambiente (20 a 25ºC). Não mexer nas amostras até o dia da leitura das amostras, que deve ser feito após o terceiro dia do início do teste.

Armazenamento das cumbucas que estão sendo avaliadas.

Avaliação do teste

Como a avaliação do teste deve ser feito em duas fases, é importante você ter uma planilha para armazenar as informações coletadas nas avaliações. As informações dessa planilha irá te orientar na tomada de decisão no momento da colheita da uva. Para te ajudar a salvar as informações do seu teste, nós já criamos uma planilha e estamos disponibilizando para você, basta você clicar aqui .

Primeira avaliação: 3 dias após o início do teste, você deve verificar cada cumbuca e conferir se alguma baga está infectada com podridão, após disso, calcular o porcentagem de infecção. Salve informações coletadas na planilha. % DE  INCIDENCIA: número de bagas afetadas/ nº total de bagas da amostra X 100

Primeira avaliação de podridões

b. Segunda avaliação: Deve ser realizado 3 dias depois da primeira avaliação. O procedimento é o mesmo, você deve verificar cada cumbuca e conferir se alguma baga está infectada com podridão, assim, calcular a porcentagem de infecção. Salve informações coletadas na planilha, é muito importante que as amostras já avaliadas sejam descartadas fora do laboratório onde o teste está sendo feito o teste, evitando assim a recontaminação das novas amostras. % DE  INCIDENCIA: número de bagas afetadas/ nº total de bagas da amostra X 100   

Segunda avaliação de podridões

Como aplicar os resultados para tomada de decisão no momento da colheita

Os resultados do seu teste irão te direcionar para qual mercado você irá vender sua fruta. Assim, a área com maior porcentagem de podridões, recomenda-se que a comercialização seja realizada para um mercado mais próximo, ou seja, com menos tempo de transporte e armazenamento da fruta. Outro fator importante, é que o resultado do teste também irá te orientar no tipo de gerador de SO2 você deverá utilizar momento da embalagem, como também, o uso do bottom pad visando aumentar a vida útil da fruta no armazenamento. Além dos benefícios citados acima, o resultado deste teste pode te ajuda a realizar um melhor programação de pulverização para próxima safra buscando a redução de fungos causadores de podridões. 

O nível de incidência de podridões é variável de acordo com a variedade de uva analisada. Veja na tabela abaixo os níveis considerados críticos para cada tipo de variedade. Esses valores de referência foram  e estão sendo utilizados pela Eng. Agrônoma Escarlet nas safras de 2016 e 2017 em Ica, Peru.

Tabela 1: Percentuais críticos por  variedade de uva de mesa utilizados na região de Ica, Peru na safra de 2016/2017.

 Exemplos de podridões mais identificadas neste teste

Podridão Primária e secundária de Botrytis

Levaduras Cladosporium sp. Aspergillus niger Variedade: Red Globe     Variedade: Thompson Seedless Variedade: Sugraone/Festival  

Medidas de controle para podridões:

O controle de podridões depende principalmente das estratégias de manejo que você deve tomar no campo para prevenir problemas futuros na fase de armazenamento da fruta. As medidas de prevenções são adotadas com a utilização de tratos culturais, e/ou em alguns casos com a aplicação de fungicidas. Com objetivo de reduzir podridões na frutas, várias medidas deverão serem adotadas durante a produção e processamento da fruta:

Pre-colheita (Campo):

  • Manejar as plantas visando reduzir áreas com excesso de folhas ou sombreamento;
  • Fazer monitoramento da incidência de doenças como: Míldio e Oídio, durante o período de crescimento da baga, e especialmente, perto da maturação da baga;
  • Aplicações preventivas com fungicidas durante o período de crescimento da bagas, em alguns casos, na fase de pré-colheita;
  • Em casos de aparecimento de podridões ou após períodos de chuvas, você deve fazer um programa de pulverização específico visando reduzir a proliferação de podridão na área. Em alguns casos, os primeiros sinais de podridões é o escorrimento de um líquido na baga.
Tabela 2: Exemplo de um programa de aplicações para controle de podridões em bagas de uva de mesa.

Colheita:

  • Colher a fruta de forma cuidadosa, evitando danos mecânicos na fruta;
  • Fazer limpeza das bagas podres do cacho;
  • No momento da colheita você deve retirar da área todas as bagas com podridões ou o refugo (usa sem qualidade). As uvas de descartadas deverão serem recolhidas em contentores específicos para esta finalidade. No final da colheita do dia, esses contentores devem ser colocados fora do parreiral, e destinado um aterro longe da área de produção ou para compostagem. O resto da colheita (bagas) deve ser retirado da área, pois as bagas deixadas na área ajuda na proliferação de fungos e moscas-das-frutas.

Embalagem da fruta (Packing):

  • Manusear a fruta de forma cuidadosa durante a colheita e embalagem, para minimizar as lesões  na fruta. Isso irá reduzir a chance de aparecimento de podridões na fruta durante o armazenamento;
  • Utilize gerador de SO2, de natureza química ou não química. O uso de SO2 reduzir o aparecimento de podridão, e ajuda a manter a qualidade da fruta.  A utilização de folhas de SO2 (gerador) tornou-se parte integrante do processo de pós-colheita de uva de mesa, mesmo que o armazenamento da fruta seja feito de curto ou médio prazo.

Armazenamento (Câmara fria):

  • Utilizar baixas temperaturas para armazenar a uva. O frio precisa focar em limitar a probabilidade de novas infecções e reduzir a propagação de podridões. Neste esforço, a gestão da temperatura desempenha um papel importante para garantir uma melhor qualidade da fruta.  O nível de frio utilizado irá depender da variedade armazenada.
Tabela 4: Temperatura mais utilizada em câmara fria para armazenamento de uva de mesa.

  • Fazer monitoramento semanal ou quinzenal para verificar incidência de podridões na fruta. O objetivo do monitoramento é ter uma visão da carga microbiana e bacteriológica que tem na fruta, e assim poder fazer correções no transporte, embalagem e destino da fruta. Por fim, minimizar os riscos de podridão na chegada da fruta.
  • É importante ter um registro  do histórico de podridões das parcelas/áreas. Esse registro irá te orientar nas tomadas de decisões no momento da aplicações de agroquímicos, irrigação, fertirrigação e  monitoramento de pragas e doenças.    Assim, você irá ter mais atenção das atividades nas parcelas com mais registros de problemas.

Considerações Finais:

Nos testes em que os resultados indicam níveis de podridões acima de 10%, recomenda-se o monitoramento das frutas na pós-colheita a cada 5 dias. Neste casos, também é recomendo a vender da fruta para um mercado consumidor mais próximo, evitando o transporte e armazenamento prolongado da fruta.

Se você tem mais alguma dúvida sobre podridões em uva de mesa, ou outros assuntos ligados a produção de uva de mesa, por favor entre em contato conosco através da nossa página de contato.

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Como Aumentar O Tamanho Da Baga Da Uva Aplicando Ácido Giberélico https://www.vittis.com.br/2017/02/10/como-aumentar-o-tamanho-da-baga-da-uva-aplicando-acido-giberelico/ https://www.vittis.com.br/2017/02/10/como-aumentar-o-tamanho-da-baga-da-uva-aplicando-acido-giberelico/#respond Fri, 10 Feb 2017 17:28:44 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=535 As uvas sem sementes naturalmente apresentam tamanho de bagas que estão aquém das exigências de mercados brasileiros e internacionais devido ao fato da ausência de semente. Como você sabe, as sementes tem um papel importante na fase de crescimento da baga, pois elas produzem ácido giberélico interna que faz com que a baga cresça naturalmente. Com o objetivo de suprir a exigência do mercado interno e externo, o uso de giberelina ou ácido giberélico (GA3) tornou-se indispensável para a melhoria da qualidade dos cachos, resultando em uma melhor qualidade comercial, consequentemente aumentando a baga da uva. Com um mercado consumidor mais exigente e disposto a pagar por produtos com alta qualidade, a uva sem semente virou a queridinha nas prateleiras das redes de supermercados e hortifruit. Na década passada foi introduzida no mercado como novidade, aos poucos foi se popularizando, até o momento em que se tornou uma exigência para alguns países. Nos Estados Unidos,  as  uvas  apirênicas  já dominaram o mercado, enquanto que na Europa é crescente  a  demanda  por  uvas  sem sementes. Nesse artigo, você irá conhecer os principais pontos importantes na aplicação de giberelina na videira: O que é giberelina ou ácido giberélico? Uso de giberelina na videira Local de atuação de giberelina Formas de aplicações do giberelina no campo: Principais problemas com a aplicação de GA3 em toda a planta Condições que interferem na aplicação de giberelina Uso de bioestimulantes O que é giberelina ou ácido giberélico? A giberelina é considerado um hormônio vegetal e na natureza é encontrado em plantas, fungos e bactérias. Esse hormônio foi descoberto por agricultores japoneses ao observarem que algumas plantas de arroz possuíam um crescimento excessivo, e isso fazia com que elas não suportassem seu próprio peso, causando seu tombamento e morte. Para esse sintoma os agricultores deram o nome de “bakanaê”, que significa “planta boba” ou “muda tolo”, dependendo do estádio (fase) fenológico da planta. Apenas em 1926, um fisiologista japonês demonstrou que o alongamento excessivo de plantas de arroz era causado por uma substância secretada por um fungo do gênero Fusarium. Essa substância foi isolada em 1930 e denominada de giberelina, esse nome ajudou para nomear o estádio sexual do fungo, o qual passou a ser chamado de Gibberella fujikuroi. Atualmente 136 tipos de giberelina já foram identificadas, no entanto, a GA3 é a mais utilizada na vitivinicultura para diversos fins: aborto químico, alongamento de cacho, crescimento de baga e supressão de sementes. O produto comercial utilizado como fonte de giberelina (GA3)  no Brasil é o ProGibb, que contém 10% ou 40% do regulador de crescimento. Junte-se a comunidade do Vittis! Clique aqui para fazer seu cadastro no nosso blog e receber novidades direto no seu inbox. Uso de giberelina na videira A aplicação do ácido giberélico (GA3) na viticultura, tem como principal função aumentar o tamanho das bagas, entretanto, ela também atua na descompactação dos cachos e eliminação de sementes. Quando aplicado cerca de 15 dias após o florescimento podem promover o menor pegamento de flores (raleio químico) e um maior alongamento do cacho (engaço). O raleio químico é importante pois sua prática torna os cachos mais soltos (descompactados) devido ao menor no número de bagas que permanecem no engaço, criando desta forma um ambiente favorável para o crescimento das bagas de uva. Outro ponto positivo dessa prática é a redução de doenças fúngicas, pois não ocorre à formação de um microclima úmido dentro dos cachos de uva, que associado ao calor faz com que doenças se desenvolvam. Além disso, essa descompactação garante que a calda aplicada, de GA3 ou qualquer outro produto, atinja todas as bagas do cacho. Para atuar aumentado o tamanho das bagas, que é o foco principal do artigo, outras aplicações de ácido giberélico são necessárias quando as bagas estiverem entre 3 e 5 mm de diâmetro, dependendo da variedade, na qual atuam promovendo o aumento do seu tamanho e diâmetro, como consequência, um ganho no peso das bagas. Visando o aumento da qualidade das uvas produzidas, alguns viticultures fazem uso de outros hormônios vegetais além da giberelina, tais como: ácido abscísico (ajuda na coloração de videiras), citocininas (crescimento de baga), auxina (regulação do desenvolvimentos das bagas e enraizamento etc..). Efeitos de giberelina em cachos de uva sem semente.  Local de atuação de giberelina Nas plantas, as giberelinas ou ácido giberélico são hormônios produzidos nos tecidos apicais, como em gemas, folhas e entrenós jovens com crescimento ativo. A principal característica da giberelina é seu efeito sobre o alongamento dos internódios em certas espécies de plantas, mas também a sua participação na regulação dos processos de mudança na juvenilidade e determinação do sexo da flor, promoção do pegamento e crescimento do fruto. O efeito da giberelina é variável em função da variedade copa e porta-enxerto, concentração, modo e época de aplicação e das condições ambientais. Veja abaixo um programa de aplicação de GA3 em áreas comerciais no Submédio do São Francisco. Formas de aplicações do ou ácido giberélico no campo: A aplicação dependerá do tamanho da área, acessibilidade e disponibilidade de máquinas agrícolas maiores. Podendo assim, ser utilizado desde equipamentos simples em áreas menores ou intransitáveis às máquinas grandes, como, por exemplo, o pulverizador costal manual, até a utilização de um pulverizador eletrostático ou Arbus 1000 tracionado por trator, para áreas maiores e de fácil acesso. Pulverização localizada – Imersão do cacho Esse tipo de aplicação consiste em imergir o cacho dentro da solução contendo giberelina. Essa prática não é realizada em grande escala porque demanda muita mão-de-obra, tendo em vista que todos os cachos deverão passar pelo mesmo processo de imersão. Em algumas variedades, esse tipo de aplicação aumenta a espessura do engaço, pois, a giberelina terá ação tanto na baga quando engaço. Pulverização localizada – Costal (Manual) A forma de aplicação consiste basicamente em molhar todos os cachos da planta com o produto. Quando utilizado o pulverizador costal, a qualidade da aplicação dependerá totalmente do aplicador, logo, o mesmo deve receber um treinamento prévio básico para que a eficiência da aplicação seja garantida. Imagem 1 – Aplicação localizada utilizando o sistema de...

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As uvas sem sementes naturalmente apresentam tamanho de bagas que estão aquém das exigências de mercados brasileiros e internacionais devido ao fato da ausência de semente. Como você sabe, as sementes tem um papel importante na fase de crescimento da baga, pois elas produzem ácido giberélico interna que faz com que a baga cresça naturalmente. Com o objetivo de suprir a exigência do mercado interno e externo, o uso de giberelina ou ácido giberélico (GA3) tornou-se indispensável para a melhoria da qualidade dos cachos, resultando em uma melhor qualidade comercial, consequentemente aumentando a baga da uva.

Com um mercado consumidor mais exigente e disposto a pagar por produtos com alta qualidade, a uva sem semente virou a queridinha nas prateleiras das redes de supermercados e hortifruit. Na década passada foi introduzida no mercado como novidade, aos poucos foi se popularizando, até o momento em que se tornou uma exigência para alguns países. Nos Estados Unidos,  as  uvas  apirênicas  já dominaram o mercado, enquanto que na Europa é crescente  a  demanda  por  uvas  sem sementes.

Nesse artigo, você irá conhecer os principais pontos importantes na aplicação de giberelina na videira:

  • O que é giberelina ou ácido giberélico?
  • Uso de giberelina na videira
  • Local de atuação de giberelina
  • Formas de aplicações do giberelina no campo:
  • Principais problemas com a aplicação de GA3 em toda a planta
  • Condições que interferem na aplicação de giberelina
  • Uso de bioestimulantes

O que é giberelina ou ácido giberélico?

A giberelina é considerado um hormônio vegetal e na natureza é encontrado em plantas, fungos e bactérias. Esse hormônio foi descoberto por agricultores japoneses ao observarem que algumas plantas de arroz possuíam um crescimento excessivo, e isso fazia com que elas não suportassem seu próprio peso, causando seu tombamento e morte. Para esse sintoma os agricultores deram o nome de “bakanaê”, que significa “planta boba” ou “muda tolo”, dependendo do estádio (fase) fenológico da planta.

Apenas em 1926, um fisiologista japonês demonstrou que o alongamento excessivo de plantas de arroz era causado por uma substância secretada por um fungo do gênero Fusarium. Essa substância foi isolada em 1930 e denominada de giberelina, esse nome ajudou para nomear o estádio sexual do fungo, o qual passou a ser chamado de Gibberella fujikuroi.

Atualmente 136 tipos de giberelina já foram identificadas, no entanto, a GA3 é a mais utilizada na vitivinicultura para diversos fins: aborto químico, alongamento de cacho, crescimento de baga e supressão de sementes. O produto comercial utilizado como fonte de giberelina (GA3)  no Brasil é o ProGibb, que contém 10% ou 40% do regulador de crescimento.

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Uso de giberelina na videira

A aplicação do ácido giberélico (GA3) na viticultura, tem como principal função aumentar o tamanho das bagas, entretanto, ela também atua na descompactação dos cachos e eliminação de sementes. Quando aplicado cerca de 15 dias após o florescimento podem promover o menor pegamento de flores (raleio químico) e um maior alongamento do cacho (engaço).

O raleio químico é importante pois sua prática torna os cachos mais soltos (descompactados) devido ao menor no número de bagas que permanecem no engaço, criando desta forma um ambiente favorável para o crescimento das bagas de uva. Outro ponto positivo dessa prática é a redução de doenças fúngicas, pois não ocorre à formação de um microclima úmido dentro dos cachos de uva, que associado ao calor faz com que doenças se desenvolvam. Além disso, essa descompactação garante que a calda aplicada, de GA3 ou qualquer outro produto, atinja todas as bagas do cacho.

Para atuar aumentado o tamanho das bagas, que é o foco principal do artigo, outras aplicações de ácido giberélico são necessárias quando as bagas estiverem entre 3 e 5 mm de diâmetro, dependendo da variedade, na qual atuam promovendo o aumento do seu tamanho e diâmetro, como consequência, um ganho no peso das bagas.

Visando o aumento da qualidade das uvas produzidas, alguns viticultures fazem uso de outros hormônios vegetais além da giberelina, tais como: ácido abscísico (ajuda na coloração de videiras), citocininas (crescimento de baga), auxina (regulação do desenvolvimentos das bagas e enraizamento etc..).

Screen Shot 2017-02-01 at 7.35.38 PM

Efeitos de giberelina em cachos de uva sem semente.

 Local de atuação de giberelina

Nas plantas, as giberelinas ou ácido giberélico são hormônios produzidos nos tecidos apicais, como em gemas, folhas e entrenós jovens com crescimento ativo. A principal característica da giberelina é seu efeito sobre o alongamento dos internódios em certas espécies de plantas, mas também a sua participação na regulação dos processos de mudança na juvenilidade e determinação do sexo da flor, promoção do pegamento e crescimento do fruto. O efeito da giberelina é variável em função da variedade copa e porta-enxerto, concentração, modo e época de aplicação e das condições ambientais.

Veja abaixo um programa de aplicação de GA3 em áreas comerciais no Submédio do São Francisco.

Formas de aplicações do ou ácido giberélico no campo:

A aplicação dependerá do tamanho da área, acessibilidade e disponibilidade de máquinas agrícolas maiores. Podendo assim, ser utilizado desde equipamentos simples em áreas menores ou intransitáveis às máquinas grandes, como, por exemplo, o pulverizador costal manual, até a utilização de um pulverizador eletrostático ou Arbus 1000 tracionado por trator, para áreas maiores e de fácil acesso.

Pulverização localizada – Imersão do cacho

Esse tipo de aplicação consiste em imergir o cacho dentro da solução contendo giberelina. Essa prática não é realizada em grande escala porque demanda muita mão-de-obra, tendo em vista que todos os cachos deverão passar pelo mesmo processo de imersão. Em algumas variedades, esse tipo de aplicação aumenta a espessura do engaço, pois, a giberelina terá ação tanto na baga quando engaço.

Pulverização localizada – Costal (Manual)

A forma de aplicação consiste basicamente em molhar todos os cachos da planta com o produto. Quando utilizado o pulverizador costal, a qualidade da aplicação dependerá totalmente do aplicador, logo, o mesmo deve receber um treinamento prévio básico para que a eficiência da aplicação seja garantida.

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Imagem 1 – Aplicação localizada utilizando o sistema de pulverização manual.

Pulverização localizada – Mecanizado (Trator)

A aplicação mecanizada de giberelina é realizada de 3 formas: convencional com ventilador, Turbina com “mãozinha” ou eletrostático. Dentre esses três sistema de aplicações, o mais eficiente para giberelina é o pulverizador eletrostático.

Convencional com ventilador:

Na aplicação utilizando o Arbus 1000 (imagem 1 e 2 ), deve-se regular o tamanho da barra para não ocasionar danos mecânicos nos cachos durante a aplicação. Outro ponto importante é a velocidade em que o implemento será tracionado, pois ela dependerá do tipo de bico utilizado e volume de calda. Nesse sistema há uma irregularidade na ventilação, o que irá interferir na qualidade de aplicação.

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Imagem 1 – Aplicação de giberelina utilizando o sistema convencional com ventilação (“barra”) – Arbus 1000

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Imagem 2 – Aplicação de giberelina utilizando o sistema convencional com ventilação (“saia”) – Arbus 1000

Turbina com “mãozinha”

Este é o segundo melhor sistema de aplicação para giberelina, devido a ventilação mais uniforme e que consegue dissipar as goras mais finas nesse sistema.

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Aplicação de giberelina utilizando o sistema Turbina com “mãozinha”

Eletrostático:

O uso do pulverizador eletrostático possui como principal vantagem o aumento da eficiência de aplicação, pois todas as gotas carregadas eletricamente são direcionadas para atingir o alvo, que nesse caso, são as folhas e os cachos. Assim, esse sistema proporciona uma distribuição mais homogênea das gotas em todo o cacho, tanto na parte externa quanto na parte interna e ao considerar as bagas é possível de se despistar gotas em toda a circunferência da baga.

Como as gotas são carregadas eletricamente,  há uma redução do consumo de água por aplicação, por exemplo, numa pulverização convencional utilizando o sistema de ventilação, utiliza-se 700 – 1000 litros de água por aplicação, já com o sistema eletrostático são utilizados 90 litros de água por aplicação. Também devemos lembrar que, nesse sistema reduz a evaporação, possível contaminação do solo, quantidade de água e produto utilizado, sejam reduzidas quando comparado a uma aplicação convencional.

Elestrostático

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Aplicação de giberelina com pulverizador eletrostático.

Novas Tecnologias:

Nos últimos anos, algumas fazendas no Chile vêm optando por um novo equipamento, chamado de Patohormoneador para realizar as aplicações do ácido giberélico diretamente nos cachos de uva de forma individualizada. Seu uso faz com que  as bagas possam aumentar seu tamanho em cerca de 20%. Para o aplicador, a sua utilização facilita o trabalho tendo em vista que não há necessidade de efetuar várias aplicações nos diferentes lados do cacho para que a calda atinja todas as bagas do cacho. Além disso, a concepção do instrumento permite que o excesso da calda contendo giberelina retorne para o tanque da bomba, gerando com isso uma maior economia devido à redução do desperdício.

patohormoneador

Método de Aplicação de giberelina utilizando o equipamento Patohormoneador.

O equipamento e a forma de aplicação podem ser vistos no vídeo logo abaixo.

Aplicação de GA3 no Chile utilizando o Patohormoneador

Principais problemas com a aplicação de GA3 em toda a planta

Quando a pulverização do ácido é realizada em toda a planta, a giberelina faz com que seja promovido o crescimento de todas as partes atingidas, devido a isso, o deslocamento de nutrientes não se concentra apenas nos cachos. Em algumas variedades, quando o ácido giberélico atinge as gemas novas a sua ação pode fazer com que a frutificação seja prejudicada, pois o seu contato com essas gemas inibe a formação de primórdios de inflorescência (futuros cachos) devido a uma baixa na relação citocinina/giberelina endógena. Isso acarreta no aumento do vigor das plantas, como consequência, a planta passa a apresentar desenvolvimento e a maturação dos frutos de maneira desuniforme no próximo ciclo.

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O excesso de giberelina também pode aumentar a espessura da ráquis ou engaço (toda a estrutura herbáceo-lenhosa do cacho). Isso consequentemente, pode aumentar o percentual de degrana (bagas soltas do cacho) em algumas variedades, a exemplo, Thompson Seedless.

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Dano na ráquis do cacho (engaço) causado pelo excesso de giberelina.

Condições que interferem na aplicação de giberelina

  1. Altas temperaturas: não é aconselhada a aplicação de GA3 em temperaturas elevadas devido a perda do produto por evaporação, sendo assim, as aplicações deverão ser realizadas em horas mais frescas do dia.
  2. Ventos fortes: podem acarretar na perda do produto, tendo em vista que ele não atingirá os cachos, dessa forma, o ideal é evitar a aplicação. Entretanto, caso a aplicação não possa ser adiada, deve-se aproximar o bico da bomba ou barra de aplicação o máximo possível dos cachos, sempre evitando danos mecânicos. Vale ressaltar que a direção do vento é um fator importante no momento da aplicação, no qual, o aplicador deve estar no sentido contrário para não entrar em contato com o produto durante a realização do trabalho.
  3. Chuva: deve ser evitado a aplicação quando houver chuva ou orvalho, pois a umidade excessiva pode prejudicar o desempenho do produto. Isso poderá ocorrer devido a redução concentração do produto na área ou até mesmo a retirada do produto causado pela lavagem da chuva.

Além desses fatores ambientais que podem inviabilizar a aplicação, outros cuidados devem ser tomados quando a aplicação é de forma mecanizada. Antes de cada aplicação devemos sempre verificando se o filtro de sucção está limpo, ter certeza de que as mangueiras não estão dobradas ou furadas, que a bomba não apresenta vazamentos e está lubrificada, se os bicos são todos do mesmo modelo e que não estão danificados. Logo, para garantir uma alta eficiência, é de grande importância manutenção e regulagem dos implementos.

Uso de bioestimulantes

Bioestimulantes são uma mistura de hormônios com compostos diferentes, tais como aminoácidos, vitaminas, sais minerais e nutrientes minerais. Por afetarem de alguma forma o desenvolvimento vegetal, são compostos amplamente utilizados na agricultura. Os bioestimulantes mais utilizados atualmente são produtos à base de extratos de algas, que mesmo em baixas concentrações, afetam o desenvolvimento vegetal, aumentam de forma modesta a produção e a tolerância das plantas a estresses bióticos e abióticos.

No Brasil, a utilização de bioestimulantes já vêm sendo bastante explorada nos últimos anos e o seu uso tem demonstrado um aumento quantitativo e qualitativo na produtividade de diversas culturas. A sua aplicação na agricultura moderna teve início em países altamente tecnificados, como, por exemplo, os Estados Unidos, Itália e Espanha.

Segue na tabela abaixo alguns exemplos de Bioestimulantes encontrados no mercado:

Nome comercial Formulação química
Acadian 16% Matéria orgânica, 0.6% C orgânico, 1.01% aminoácidos, carboidratos, N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Cu e Zn.
Actiwave Betaína, ácido algínico, caidrina
Naturamin WSP 8% Aminoácidos, 12.8% N orgânico, 9% Matéria orgânica
Sprint Alga 60% alga marinha, 12% azoto, 8.6% carbamida, 3.4% N orgânico
Stimulate 0.009% citocinina, 0.005% giberelina e 0.005% auxina

Cytoplant-400

100% Extrato natural de algas.

Crop-Set Conjunto de extratos vegetais enriquecidos com minerais complexados por aminoácidos

Alguns estudos encontrados na literatura confirmam os benefícios da aplicação de misturas de ácido giberélico com algum bioestimulantes. Essa prática é bastante realizada no Vale do São Francisco por alguns produtores que visam aumentar a eficiência do GAe ao mesmo tempo melhorar a qualidade do fruto. Algumas dessas misturas poderão ser encontradas no nosso cronograma de aplicação logo abaixo.

Não importa o tamanho do seu parreiral, utilize giberelina nas bagas, e observe o incremento no tamanho de bagas. Mas cuidado! em uvas vermelhas, aplicações de giberelina em altas doses pode afetar a coloração e atrasar a maturação.


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Embrapa Apresenta Novas Cultivares De Uva Para Vale Do São Francisco https://www.vittis.com.br/2016/10/27/embrapa-apresenta-novas-cultivares-de-uva-para-vale-do-sao-francisco/ https://www.vittis.com.br/2016/10/27/embrapa-apresenta-novas-cultivares-de-uva-para-vale-do-sao-francisco/#respond Thu, 27 Oct 2016 03:13:14 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=452 A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estará realizando uma série de dias de campo sobre novas cultivares de uva (BRS Magna, BRS Isis, BRS Núbia, BRS Vitória e as seleções 46 e 47) desenvolvida pelas instituição. Os eventos acontecerão entre os dias 07 à 11 de novembro de 2016 em Petrolina – Pernambuco. Segundo os pesquisadores Patricia Ritschel e João Dimas, o objetivo deste evento é divulgar as novas cultivares da Embrapa, com finalidades diversas (mesa, suco e vinho), para os viticultores do Vale do São Francisco. A realização destes eventos possibilita também a troca de experiências entre os pesquisadores da Embrapa e os viticultores, permitindo a apresentação ou a busca de soluções para alguma dificuldade que os produtores possam ter com alguma cultivar específica, bem como, identificação de novas demandas por parte dos produtores. Vale ressaltar que durante o evento a pesquisadora Patricia Leão estará apresentado dados de alguns trabalhos que ela vem desenvolvendo na região para  caracterizar o comportamento agronômico e a produtividade dessas novas variedades no Vale. Programação As apresentações acontecerão em diversas fazendas. Veja a o endereço dos locais na tabela abaixo: Inscrição A inscrição do evento será realizado no local onde serão feitos os dias de campo para cada variedades. Sinta-se livre para participar do evento e tirar todas suas dúvidas com os pesquisadores e com outros produtores que estarão presente no evento. Não esqueça de convidar seu amigo para participar juntamente com você. Os testes de adaptação das cultivares BRS Vitória, Isis, Núbia e Magna no Vale do São Francisco estão sendo realizado desde 2012. A cultivar Vitória vem se destacando como a variedade com maior área plantada na região. Atualmente estima-se que o Vale dispõe de 250 hectares plantadas com a está cultivar. O maior consumidor desta cultivar é o mercado interno, mas recentemente alguns produtores estão realizando exportações dessa fruta para Europa. Características das variedades que serão apresentadas Na figura abaixo você irá conhecer as variedades de uva de mesa que serão apresentadas pelos pesquisadores durante os dias de campo. Uva para suco Para o mercado de uva de suco será apresentada a cultivar BRS Magna. O mercado de uva de suco no Vale do Francisco ainda é pequeno quando comparado a uva de mesa. A ‘BRS Magna’ é uma cultivar de uva tinta para elaboração de suco, com ampla adaptação climática, sendo recomendada para cultivo em regiões de clima tropical e temperado. Esta cultivar destaca-se pelo sabor típico de V. labrusca, produzindo um suco de cor violácea intensa, com alto conteúdo de açúcares e baixa acidez, com características de aroma e sabor lembrando framboesa. Uva para vinho A Seleção 46′ é uma cultivar de uva branca, com sabor moscatel, boa textura, com resistência à podridão do cacho (Botrytis cinerea) e que normalmente atinge 20.1ºBrix, com produção de 34.5 t/ha. Entretanto, está cultivar apresenta suceptibilidade à podridão ácida. Características Enológicas: Os vinhos produzidos por esta cultivar são límpido, com coloração palha esverdeado, de pouca intensidade, com aroma fino, de vinifera, sem Sem defeitos de amargor ou adstringência e com média persistência de sabor. Químicas: álcool: 12,9%; açúcar redutor: 4,5 g/L; acidez total: 83,8 mEq/L; pH: 3,4 A ‘Seleção 47’ é outra cultivar de uva branca , também com sabor moscatel, mas com tolerância à podridão do cacho (Botrytis cinerea) e resitência à podridão ácida. O teor de açúcar nessa cultivar normalmente atinge 23.6ºBrix, e com uma produtividade mediana de 20-25 t/ha. Características Enológicas: Os vinhos produzidos com esta cultivar são de coloração palha claro, límpido. Aroma frutado intenso, lembrando papaia, cravo-da-índia. Apresenta alevada persistência de sabor. Sem defeitos de amargor ou adstringência. Químicas: álcool: 14,2%; açúcar redutor: 2,3 g/L; acidez total: 106,1 mEq/L; pH: 3,2 Contato para mais informações: Dra. Patricia Ritschel – E-mail: patricia.ritschel@embrapa.br Dr. João Dimas – E-mail: joao.maia@embrapa.br Dra. Patricia Leão – Email: patricia.leao@embrapa.br Homepage_sidebar Cadastre-se para receber noticias sobre uva e a indústria da agronomia direto de sua caixa de email! Seu nome Email: Leave this field empty if you're human:

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Dia de campo Labrunier, Petrolina - PE - BRS Magna, BRS ISIS, BRS Vitória, uva, novas cultivares

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estará realizando uma série de dias de campo sobre novas cultivares de uva (BRS MagnaBRS Isis, BRS Núbia, BRS Vitória e as seleções 46 e 47desenvolvida pelas instituição. Os eventos acontecerão entre os dias 07 à 11 de novembro de 2016 em Petrolina – Pernambuco.

Segundo os pesquisadores Patricia Ritschel e João Dimas, o objetivo deste evento é divulgar as novas cultivares da Embrapa, com finalidades diversas (mesa, suco e vinho), para os viticultores do Vale do São Francisco. A realização destes eventos possibilita também a troca de experiências entre os pesquisadores da Embrapa e os viticultores, permitindo a apresentação ou a busca de soluções para alguma dificuldade que os produtores possam ter com alguma cultivar específica, bem como, identificação de novas demandas por parte dos produtores.

Vale ressaltar que durante o evento a pesquisadora Patricia Leão estará apresentado dados de alguns trabalhos que ela vem desenvolvendo na região para  caracterizar o comportamento agronômico e a produtividade dessas novas variedades no Vale.

Programação

As apresentações acontecerão em diversas fazendas. Veja a o endereço dos locais na tabela abaixo:

agenda-embrapa

Clique aqui para baixar a programação completa do evento da Embrapa em Petrolina, PE.

Inscrição

A inscrição do evento será realizado no local onde serão feitos os dias de campo para cada variedades. Sinta-se livre para participar do evento e tirar todas suas dúvidas com os pesquisadores e com outros produtores que estarão presente no evento. Não esqueça de convidar seu amigo para participar juntamente com você.

Os testes de adaptação das cultivares BRS Vitória, Isis, Núbia e Magna no Vale do São Francisco estão sendo realizado desde 2012.

A cultivar Vitória vem se destacando como a variedade com maior área plantada na região. Atualmente estima-se que o Vale dispõe de 250 hectares plantadas com a está cultivar. O maior consumidor desta cultivar é o mercado interno, mas recentemente alguns produtores estão realizando exportações dessa fruta para Europa.

Características das variedades que serão apresentadas

Na figura abaixo você irá conhecer as variedades de uva de mesa que serão apresentadas pelos pesquisadores durante os dias de campo.

Variedades de uva Infografico - BRS Magna, BRS ISIS, BRS Vitória, uva, novas cultivares

Uva para suco

Para o mercado de uva de suco será apresentada a cultivar BRS Magna. O mercado de uva de suco no Vale do Francisco ainda é pequeno quando comparado a uva de mesa.

A ‘BRS Magna’ é uma cultivar de uva tinta para elaboração de suco, com ampla adaptação climática, sendo recomendada para cultivo em regiões de clima tropical e temperado. Esta cultivar destaca-se pelo sabor típico de V. labrusca, produzindo um suco de cor violácea intensa, com alto conteúdo de açúcares e baixa acidez, com características de aroma e sabor lembrando framboesa.

Uva para vinho

A Seleção 46′ é uma cultivar de uva branca, com sabor moscatel, boa textura, com resistência à podridão do cacho (Botrytis cinerea) e que normalmente atinge 20.1ºBrix, com produção de 34.5 t/ha. Entretanto, está cultivar apresenta suceptibilidade à podridão ácida.

Características Enológicas:

Os vinhos produzidos por esta cultivar são límpido, com coloração palha esverdeado, de pouca intensidade, com aroma fino, de vinifera, sem Sem defeitos de amargor ou adstringência e com média persistência de sabor.

Químicas: álcool: 12,9%; açúcar redutor: 4,5 g/L; acidez total: 83,8 mEq/L; pH: 3,4

A ‘Seleção 47’ é outra cultivar de uva branca , também com sabor moscatel, mas com tolerância à podridão do cacho (Botrytis cinerea) e resitência à podridão ácida. O teor de açúcar nessa cultivar normalmente atinge 23.6ºBrix, e com uma produtividade mediana de 20-25 t/ha.

Características Enológicas:

Os vinhos produzidos com esta cultivar são de coloração palha claro, límpido. Aroma frutado intenso, lembrando papaia, cravo-da-índia. Apresenta alevada persistência de sabor. Sem defeitos de amargor ou adstringência.

Químicas: álcool: 14,2%; açúcar redutor: 2,3 g/L; acidez total: 106,1 mEq/L; pH: 3,2

Contato para mais informações:

Dra. Patricia Ritschel – E-mail: patricia.ritschel@embrapa.br

Dr. João Dimas – E-mail: joao.maia@embrapa.br

Dra. Patricia Leão – Email: patricia.leao@embrapa.br

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A Terra Do Melão Agora Também Produz Uva https://www.vittis.com.br/2016/08/23/terra-do-melao-agora-tambem-produz-uva/ https://www.vittis.com.br/2016/08/23/terra-do-melao-agora-tambem-produz-uva/#respond Tue, 23 Aug 2016 01:45:59 +0000 http://www.vittis.com.br/?p=424 Nos últimos anos a produção de uva de mesa no país vem passando por grandes transformações, tanto na troca de variedades tradicionais por variedades protegidas, como a introdução de inovações tecnológicas voltadas para o setor, como também, plantio de uva em novas regiões. Então, não se espante se se daqui a 5 anos você comprar uva numa rede de supermercado brasileiro, e identificar que as uvas que você está comendo são produzidas no Rio Grande do Norte. Pois é, a produção de uva está avançando para novas regiões com potencial produtivo imenso. Para entender um pouco mais sobre esses experimentos com a produção de uva, eu entrei em contato com um leitor do blog, Dr. Django Jesus Dantas, que é consultor do Sebrae e está desenvolvendo um trabalho de uva excelente na região do Apodi, Rio Grande do Norte. A região do Rio Grande do Norte é conhecido pelo seu espressivo volume de produção de melão no pais, principalmente para exportação. Atualmente, os produtores desta região estão buscando diversificar essa produção com outras culturas, nesse caso a uva. Colheita de uva da Variedade Benitaka na região do Rio Grando do Norte. Pontos fortes da região do Rio Grande do Norte O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor de frutas tropicais irrigadas do Brasil, e o principal produtor e exportador de melão, possuindo uma área com potencial irrigável de 1,2 milhões de hectares, dos quais 90% encontram-se no Polo Assú-Mossoró. Na pauta de exportações do Rio Grande do Norte, a castanha de caju é o segundo produto mais importante, ficando atrás apenas das exportações de melões frescos. Esta cultura teve grande impulso nas três últimas décadas, quando o aquecimento do mercado interno e externo fez surgir agroindústrias de beneficiamento de castanha espalhadas pelo Estado. Atualmente, o setor emprega diretamente 10 mil pessoas na região de forma direta e mais 50 mil postos de trabalho são beneficiados de forma indireta. O melão continua sendo o carro-chefe da produção frutícola do Oeste potiguar, seguido por melancia, mamão e banana. Os frutos são destinados ao consumo interno e a exportação principalmente para países da Comunidade Europeia como: Inglaterra, Holanda, Espanha, entre outros. Porque a região decidiu apostar na cultura da uva para esta região? Baseado na experiência do Vale do São Francisco, onde a cultura da videira irrigada apresenta-se como a atividade agrícola que proporciona a maior geração de empregos no polo Petrolina, PE/Juazeiro, BA, chegando a gerar até cinco empregos por hectare/ano. O Vale do Assú, a região de Mossoró e a Chapada do Apodi decidiu apostar na produção de uvas finas de mesa visando o desenvolvimento econômico e a foramção de novos postos de trabalho da região. A região do Apodi possuem grandes extensões de terras férteis, as condições de umidade relativa baixa e insolação (mais de 300 dias de sol por ano), característica que favorece a produção de uva. Outro fator importante, é que está região possui bom reservatório natural de água no subsolo, e também em reservatórios como as barragens de Assu e Santa Cruz em Apodi. Onde estão sendo realizados os primeiros plantios? Os primeiros experimentos com uva nessa região foi desenvolvido pela Universidade Federal Rural do Semiárido em Mossoró-RN, junto com o apoio financeiro da coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Durante quatro anos (2010 à 21014) foram testados a combinação de 3 cultivares de uvas: Isabel Precoce (uva de suco), Niagara rosada e Itália Melhorada (uva de mesa) com três tipos de porta-enxeto (IAC 766, IAC 572 e IAC 313). O objetivo desses trabalhos era de determinar a melhor combinação copa/porta-enxerto para cada cultivar que mais se adequava para a região. As variedades testadas foram baseadas no seguintes critérios: Isabel Precoce, apresenta tripla aptidão, podendo ser usada para mesa, suco e vinho, além da sua rusticidade na condução, com relação a tolerância a pragas e doenças fazendo com o produtor evite erros, pois ainda está aprendendo a lidar com uma cultura que exige muita técnica para se produzir. As variedades Niagara rosada e Itália Melhorada – apresentam facilidade de manejo e requerem menos mão de obra quando comparadas com as uvas sem sementes. Estas variedades também apresentaram boa aceitação no mercado consumidor brasileiro. Atualmente, vem sendo desenvolvido um projeto de consultoria financiado pelo Sebrae, desde 2014, o Sebraetec, no qual é realizado o trabalho com oito produtores no estado do Rio Grande do Norte, nas cidades de Apodi, Mossoró, Parazinho, Touros e Vera Cruz. A maior área produtiva, é do produtor de Parazinho com 2 ha de Itália Melhorada e Benitaka, seguido de um outro da região de Touros com 1 ha, os demais são produtores com apenas 1/3 de ha. Os produtores junto com o Dr. Dantas estão analisando a possibilidade da produção de uva Isabel orgânica e a nova variedade BRS Vitória, tendo em vista a oportunidade que na região de Apodi não apresenta incidência de doenças fúngicas, como Oídio e Míldo. Artigo Relacionado: Saiba se você deve plantar a variedade BRS Vitória Segundo o Dr. Dantas(esquerdo na foto), o maior desafio desse trabalho não foi as caracteristicas da região, e sim fazer os produtores locais acreditar na viabilidade de plantar uva nesta região. Em agosto espera-se ober a primeira colheita de Itália melhorada, o produtor está bastante animado, e estima-se uma produtividade de 24t/ha e com excelente qualidade da fruta, com teor de açúcar de 19ºBrix. Toda a produção inicialmente será destinado as redes de supermercados e indústria de suco da região. “As expectativas para a produção de uva nessa região são muito boas, haja visto que a primeira colheita das variedades Itália Muscat e Benitaka será em agosto desse ano com um produtor de Parazinho, região do Mato Grande, cuja área são de 2 ha.” — Djando Dantas.

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Nos últimos anos a produção de uva de mesa no país vem passando por grandes transformações, tanto na troca de variedades tradicionais por variedades protegidas, como a introdução de inovações tecnológicas voltadas para o setor, como também, plantio de uva em novas regiões. Então, não se espante se se daqui a 5 anos você comprar uva numa rede de supermercado brasileiro, e identificar que as uvas que você está comendo são produzidas no Rio Grande do Norte. Pois é, a produção de uva está avançando para novas regiões com potencial produtivo imenso.

Para entender um pouco mais sobre esses experimentos com a produção de uva, eu entrei em contato com um leitor do blog, Dr. Django Jesus Dantas, que é consultor do Sebrae e está desenvolvendo um trabalho de uva excelente na região do Apodi, Rio Grande do Norte.

A região do Rio Grande do Norte é conhecido pelo seu espressivo volume de produção de melão no pais, principalmente para exportação. Atualmente, os produtores desta região estão buscando diversificar essa produção com outras culturas, nesse caso a uva.

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Colheita de uva da Variedade Benitaka na região do Rio Grando do Norte.

Pontos fortes da região do Rio Grande do Norte

O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor de frutas tropicais irrigadas do Brasil, e o principal produtor e exportador de melão, possuindo uma área com potencial irrigável de 1,2 milhões de hectares, dos quais 90% encontram-se no Polo Assú-Mossoró.

Na pauta de exportações do Rio Grande do Norte, a castanha de caju é o segundo produto mais importante, ficando atrás apenas das exportações de melões frescos. Esta cultura teve grande impulso nas três últimas décadas, quando o aquecimento do mercado interno e externo fez surgir agroindústrias de beneficiamento de castanha espalhadas pelo Estado.

Atualmente, o setor emprega diretamente 10 mil pessoas na região de forma direta e mais 50 mil postos de trabalho são beneficiados de forma indireta. O melão continua sendo o carro-chefe da produção frutícola do Oeste potiguar, seguido por melancia, mamão e banana. Os frutos são destinados ao consumo interno e a exportação principalmente para países da Comunidade Europeia como: Inglaterra, Holanda, Espanha, entre outros.

Porque a região decidiu apostar na cultura da uva para esta região?

Baseado na experiência do Vale do São Francisco, onde a cultura da videira irrigada apresenta-se como a atividade agrícola que proporciona a maior geração de empregos no polo Petrolina, PE/Juazeiro, BA, chegando a gerar até cinco empregos por hectare/ano. O Vale do Assú, a região de Mossoró e a Chapada do Apodi decidiu apostar na produção de uvas finas de mesa visando o desenvolvimento econômico e a foramção de novos postos de trabalho da região.

A região do Apodi possuem grandes extensões de terras férteis, as condições de umidade relativa baixa e insolação (mais de 300 dias de sol por ano), característica que favorece a produção de uva. Outro fator importante, é que está região possui bom reservatório natural de água no subsolo, e também em reservatórios como as barragens de Assu e Santa Cruz em Apodi.

Onde estão sendo realizados os primeiros plantios?

Os primeiros experimentos com uva nessa região foi desenvolvido pela Universidade Federal Rural do Semiárido em Mossoró-RN, junto com o apoio financeiro da coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Durante quatro anos (2010 à 21014) foram testados a combinação de 3 cultivares de uvas: Isabel Precoce (uva de suco), Niagara rosada e Itália Melhorada (uva de mesa) com três tipos de porta-enxeto (IAC 766, IAC 572 e IAC 313).

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O objetivo desses trabalhos era de determinar a melhor combinação copa/porta-enxerto para cada cultivar que mais se adequava para a região.

As variedades testadas foram baseadas no seguintes critérios:

Isabel Precoce, apresenta tripla aptidão, podendo ser usada para mesa, suco e vinho, além da sua rusticidade na condução, com relação a tolerância a pragas e doenças fazendo com o produtor evite erros, pois ainda está aprendendo a lidar com uma cultura que exige muita técnica para se produzir.

As variedades Niagara rosada e Itália Melhorada – apresentam facilidade de manejo e requerem menos mão de obra quando comparadas com as uvas sem sementes. Estas variedades também apresentaram boa aceitação no mercado consumidor brasileiro.

Área de produção de Itália Melhorada

Atualmente, vem sendo desenvolvido um projeto de consultoria financiado pelo Sebrae, desde 2014, o Sebraetec, no qual é realizado o trabalho com oito produtores no estado do Rio Grande do Norte, nas cidades de Apodi, Mossoró, Parazinho, Touros e Vera Cruz. A maior área produtiva, é do produtor de Parazinho com 2 ha de Itália Melhorada e Benitaka, seguido de um outro da região de Touros com 1 ha, os demais são produtores com apenas 1/3 de ha.

Os produtores junto com o Dr. Dantas estão analisando a possibilidade da produção de uva Isabel orgânica e a nova variedade BRS Vitória, tendo em vista a oportunidade que na região de Apodi não apresenta incidência de doenças fúngicas, como Oídio e Míldo.

Artigo Relacionado: Saiba se você deve plantar a variedade BRS Vitória

Segundo o Dr. Dantas(esquerdo na foto), o maior desafio desse trabalho não foi as caracteristicas da região, e sim fazer os produtores locais acreditar na viabilidade de plantar uva nesta região.

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Em agosto espera-se ober a primeira colheita de Itália melhorada, o produtor está bastante animado, e estima-se uma produtividade de 24t/ha e com excelente qualidade da fruta, com teor de açúcar de 19ºBrix.

Toda a produção inicialmente será destinado as redes de supermercados e indústria de suco da região.

“As expectativas para a produção de uva nessa região são muito boas, haja visto que a primeira colheita das variedades Itália Muscat e Benitaka será em agosto desse ano com um produtor de Parazinho, região do Mato Grande, cuja área são de 2 ha.” — Djando Dantas.

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